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Empresário defende desemprego para valorização do patrão

Tim Gurner afirmou que desemprego deveria subir 40%-50% para que trabalhadores voltassem a valorizar patrões, mas pediu desculpas após repercussão negativa

desemprego Tim Gurner (Foto: Reprodução/Australian Financial Review)
por Redação outubro 3, 2023
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Um empresário australiano do setor imobiliário chocou o mundo ao afirmar que é preciso aumentar o desemprego para os funcionários voltarem a valorizar os patrões.

Tim Gurner, fundador do Gurner Group, disse, durante a cúpula financeira Financial Review Property Summit, em Sydney, em setembro, que “o desemprego precisa aumentar em 40% a 50% para lembrar as pessoas que elas trabalham para o empregador e não o contrário”.

“Precisamos ver a dor na economia”, afirmou o empresário, ao defender o desemprego, em vídeo que viralizou na Internet, atraindo mais de 24 milhões de visualizações até o dia 14 de setembro, segundo veiculado pelo site G1.

CEO disse que trabalhadores se tornaram “arrogantes” após pandemia

Ao defender o desemprego, Tim Gurner declarou que os trabalhadores se tornaram “muito arrogantes” após a pandemia da Covid-19 e, por isso, houve um enorme problema de produtividade.

“Houve uma transformação sistemática de comportamento, em que os funcionários sentem que o empregador tem muita sorte em tê-los, e não o contrário. É uma dinâmica que precisa mudar”, defendeu.

A fala provocou reação negativa na Austrália e em outros países, o que levou o empresário a pedir desculpas, em post publicado no LinkedIn. Segundo o G1, após a repercussão, Gurner disse que lamentava “profundamente” os comentários, que classificou como “errados”. Também afirmou que suas observações sobre desemprego foram “profundamente insensíveis aos funcionários, tradições e famílias em toda a Austrália, que são afetados por pressões do custo de vida e pela perda de empregos”.

Empresário disse que lamentava suas declarações sobre desemprego

Ao pedir desculpas, Gurner acrescentou que compreende que a perda de um emprego “tem um impacto profundo” nos trabalhadores e suas famílias. “Lamento sinceramente que as minhas palavras não tenham transmitido empatia por aqueles que se encontram nessa situação”, afirmou. “Há claramente conversas importantes neste ambiente de inflação elevada, pressões sobre os preços da habitação e dos aluguéis devido à falta de oferta e outras questões de custo de vida”, acrescentou.

Embora alguns membros da indústria e líderes empresariais tenham concordado com os comentários de Gurner sobre desemprego, políticos locais e de outros países, como a legisladora norte-americana Alexandria Ocasio-Cortez, apontaram uma discrepância crescente entre os salários dos executivos e dos empregados, de acordo com a Reuters.

Segundo o G1, anteriormente, o milionário havia ganho destaques na mídia ao sugerir que os jovens não podem pagar uma casa porque gastam muito em torradas com abacate.

Parlamentar compara Gurner a “supervilão de desenho animado”

O Estadão noticiou que os comentários de Tim Gurner sobre desemprego causaram repúdio, como o do parlamentar australiano Jerome Laxale, que descreveu as declarações do empresário no X (antigo Twitter) como sendo “comentários que você associaria a um supervilão de desenho animado, não ao CEO de uma empresa em 2023″.

Ainda segundo o jornal, o legislador liberal australiano Keith Wolahan disse que o desemprego “significaria pessoas nas ruas e dependentes de bancos de alimentos”.

Nos EUA, muitos trabalhadores deixaram o mercado de trabalho no que foi chamado de “A Grande Renúncia”, mas já retornaram para as atividades profissionais, aliviando a escassez de mão de obra. Segundo uma análise do Washington Post, o mercado de trabalho recuperou 75% dos 4 milhões de trabalhadores que abandonaram os empregos devido a uma série de razões, incluindo problemas de saúde e morte.




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