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Nos últimos tempos, a expressão ‘mindset global’ vem ganhando espaço no mercado de trabalho, nos cursos de escolas de negócio e afins, e também nas empresas que buscam talentos para seu quadro de funcionários. Mariana Campolina, consultora da ArcelorMittal Brasil e Alumni – ex-aluna e parte de uma rede de serviços com valor agregado – da Fundação Dom Cabral (FDC), explora em uma pesquisa todas as vantagens do mindset global para funcionários e para empresas.
Em sua pesquisa, Mariana descreve o ‘mindset global’ como “um grupo de características das pessoas que possuem uma mentalidade orientada para o mundo”.
“As pessoas com um ‘mindset global’ apurado são caracterizadas por serem articuladas, com alta capacidade de integração de temas distintos e questionadoras do ‘status quo’. Toda a teoria de ‘mindset global’ está vinculada a experiências internacionais, quando, de frente a uma cultura distinta da sua, o indivíduo precisa flexibilizar para se adaptar, integrar e influenciar naquele ambiente que não é o seu natural”, detalha a consultora.
Funcionários têm maior satisfação no trabalho
Segundo Mariana, o mindset global traz inúmeros benefícios, tanto para indivíduos quanto para empresas. Profissionais com altos níveis de mindset global tendem a experimentar maior satisfação no trabalho, uma vez que estão abertos a diferentes culturas e perspectivas, o que enriquece suas experiências profissionais. Esses funcionários também desempenham melhor a diversidade de ideias e abordagens, o que impulsiona a inovação. Quando se tornam expatriados, adaptam-se mais facilmente ao país de destino. Eles também são mais eficazes na criação de redes de relacionamento, o que beneficia tanto suas carreiras quanto suas empresas.
Já as empresas que contam com profissionais com altos níveis de mindset global colhem vantagens. “A inovação floresce em ambientes onde a diversidade de pensamento é valorizada, tornando essas empresas mais inovadoras e capazes de se adaptar às mudanças do mercado”, explica Mariana. As empresas também gerenciam de forma mais eficaz, pois seus profissionais estão mais bem preparados para trabalhar em contextos não tão familiares.
A incorporação da diversidade melhora a tomada de decisões, pois diferentes perspectivas são consideradas. Essas empresas tendem a ter um desempenho geral superior. “O mindset global não apenas enriquece as experiências individuais, mas também impulsiona a competitividade e o sucesso das empresas em um mundo cada vez mais globalizado”, diz Mariana.
‘Mindset global’ também aumenta preparo para operações locais
O mindset global também é uma ferramenta importante para um profissional que atua apenas no contexto nacional, pois a visão global pode enriquecer sua experiência, promovendo maior abertura para ideias diferentes, principalmente aquelas que desafiam o status quo.
A pesquisa demonstra que maiores níveis de mindset global, principalmente nos aspectos mais relacionados a comportamento, irão promover maior colaboração dentro de uma mesma companhia, ainda que seja um relacionamento puramente local. O mindset global também prepara os profissionais para futuras oportunidades de crescimento, incluindo a possibilidade de se envolver em projetos globais ou colaborar com colegas de diferentes origens culturais.
Em última análise, adotar mindset global beneficia tanto o indivíduo quanto a empresa, tornando-os mais adaptáveis, inovadores e eficazes, mesmo em um cenário local.
Viajar é importante, mas não como turista tradicional
Mariana Campolina defende que, para se desenvolver o mindset global, é necessário se envolver e se engajar com temas internacionais. Viajar é importante, mas com um comportamento diferente do turista tradicional.
“É importante ter em mente que quanto mais você entrar na cultura local, mais efetivo será o seu desenvolvimento. É preciso ir aos locais que as pessoas daquele lugar frequentam, conversar com as pessoas, entender os pontos divergentes da nossa cultura e o porquê deles serem diferentes. Em viagens a trabalho, aproveite as reuniões para avaliar todos os aspectos: a pontualidade das pessoas, como se cumprimentam, o que servem, o local onde recebem, como tratam temas sensíveis. Compare como seria uma reunião equivalente no Brasil”, sugere a consultora.
Mariana cita vários exemplos de como as empresas podem estimular o mindset global em seus colaboradores. “As empresas podem apoiá-los para que tenham experiências internacionais. Cursos, treinamentos, ‘job rotation‘, e ‘assignments‘ no exterior são formas de estimular o mindset global dos seus colaboradores. Se a empresa possui relacionamento comercial com estrangeiros, fomentar a proximidade desses parceiros com as equipes pode ser uma excelente iniciativa. Além disso, disponibilizar e fomentar conteúdos internacionais (jornais, revistas, podcasts etc) são formas interessantes de desenvolvimento. O importante é fazer com que as pessoas se envolvam em temas internacionais”, ensina Mariana.
A teoria do Mindset Global, segundo Mansour Javidan e David Bowen (2013), propõe uma classificação de acordo com 9 características.
1. Atributos do capital intelectual:
- Conhecimento do setor de atuação no mundo
- Experiência em estratégias de negócios e de marketing globais
- Saber como avaliar riscos e fazer negócios com outros países
- Conhecimento de potenciais fornecedores internacionais
2. Capacidade analítica:
- Habilidade de compreender conceitos complexos rapidamente
- Capacidades analíticas e de solução de problemas
- Entendimento de ideias abstratas
- Habilidade de sintetizar questões complexas em pontos principais de fácil entendimento
3. Conhecimento cosmopolita:
- Conhecimento cultural
- Conhecimento da geografia, história e personalidades importantes de outros países
- Entendimento da economia e política global
- Conhecimento dos principais acontecimentos de outras partes do mundo
4. Paixão pela diversidade:
- Gosta de explorar outras partes do mundo
- Gosta de conhecer pessoas de outros países
- Tem interesse em morar em outro país
- Gosta de viajar
5. Gosto por aventura:
- Tem interesse por situações desafiantes
- Tem disposição para assumir riscos
- Gosta de testar suas próprias habilidades
- Gosta de lidar com situações imprevisíveis
6. Autoconfiança:
- Enérgico (a)
- Confiante
- Confortável em situações desconfortáveis
- É flexível e tem “jogo de cintura”
7. Empatia intercultural
- Habilidade de trabalhar com pessoas de outras partes do mundo
- Consegue entender expressões não-verbais de pessoas de outras culturas
- Tem habilidade de se conectar emocionalmente com pessoas de outras culturas
- Consegue engajar pessoas de outars partes do mundo para trabalharem juntas
8. Impacto interpessoal
- Experiência de negociar contratos/parcerias com outras culturas
- Fortes redes de relacionamento com profissionais/influenciadores de outros países
- Reputação como líder
9. Comunicabilidade
- Facilidade de iniciar uma conversa com estranhos
- Habilidade de integrar perspectivas diferentes
- Habilidade de escutar atentamente o que os outros têm a dizer
- Boa vontade para colaborar
