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Os ecossistemas de negócio e seu impacto nas médias empresas

Nas próximas décadas, 70% do crescimento da produção econômica global será criado pelos ecossistemas, e as PMEs têm um papel relevante nesse contexto

ecossistemas de negocio © - Shutterstock

Por

Heitor Coutinho

Centro de Inteligência em Médias Empresas da FDC

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O atual ambiente turbulento em que o mundo dos negócios pertence exige das empresas maior competitividade e atenção às demandas dos clientes, que anseiam por crescente entrega de valor. Mercados dinâmicos e em constante evolução também requerem organizações que se adaptem de forma ágil. Os ecossistemas são a melhor resposta que as empresas podem dar a esses desafios, pois são flexíveis e apresentam diferenciais estratégicos, que as empresas, sozinhas, não conseguem ofertar. 

Um ecossistema de negócio é um conjunto dinâmico de atores econômicos independentes, que criam produtos e serviços que, juntos, constituem uma solução coerente e de valor para o mercado. Em vantagem competitiva, não é mais o grande que engole o pequeno, mas sim o mais ágil passa na frente dos lentos. 

As pequenas e médias empresas são, naturalmente, ágeis por serem menos complexas. E quando se unem na forma de um ecossistema, ganham complementaridade e escala para crescer e se destacarem pela competição colaborativa. 

Ao considerar todos os ciclos e avanços das organizações ao longo do tempo, é possível afirmar que as médias empresas estarão em seu melhor momento, repletas de oportunidades a serem exploradas. Se escolherem evoluir comprometidas com a aprendizagem e colaboração em rede, haverá um novo mundo para ser descoberto.   

O potencial dos ecossistemas de negócio

Desde 2015, mais de 300 startups de ecossistema alcançaram o status de unicórnio e a metade das empresas do S&P Global 100 já estão envolvidas em um ou mais ecossistemas. Nas próximas décadas, 70% do crescimento da produção econômica global será criado pelos ecossistemas, e as pequenas e médias empresas (PMEs) têm um papel relevante nesse contexto, dado o seu potencial de contribuição e representatividade no desenvolvimento econômico dos países. 

As PMEs representam 99% das empresas da União Europeia, segundo o Eurostat, e mais de 50% do PIB do continente.  Em muitos países, a ascensão dos ecossistemas tem sido rápida e expressiva. Na Finlândia, há centenas de ecossistemas de PMEs. Eles estão presentes em setores como saúde, entretenimento, construção, finanças, mercado de imóveis, logística, mobilidade, ensino, transporte e transversalmente muitos deles. Na Alemanha, as médias empresas também têm sido as protagonistas nesse contexto.  

O setor financeiro, atento às formações dessa nova modalidade de estrutura de valor, tem se destacado como criador e orquestrador de ecossistemas de médias empresas, viabilizando recursos para que essas organizações possam fazer sua transformação digital com maior celeridade. 

Os bancos estão em posição mais favorável que organizações de outros setores para desenvolver ecossistemas de médias empresas. Eles possuem informações valiosas sobre clientes e têm mobilizado recursos e serviços para oferecer jornadas diferenciadas para vários setores. 

O BBVA, o Starling Bank, o Stark Bank e o ICICI Bank, da Índia, são exemplos de instituições financeiras que provêm plataformas combináveis e que têm tido sucesso. Eles disponibilizam ERPs (sistema de gerenciamento empresarial), marketplaces, sistemas de BI (business intelligence), consultoria e amplos mecanismos de integração ao viabilizar a colaboração entre empresas para crescerem por transações comerciais e/ou para a oferta de soluções conjuntas no mercado. 

Benefícios dos ecossistemas de negócio

ecossistemas de negocio
© – Shutterstock

Há diferentes formas de se apropriar dos resultados que um ecossistema poderá proporcionar aos seus integrantes. Em cada situação, as vantagens e desvantagens devem ser observadas de maneira particular. 

Uma média empresa pode entrar para um ou mais ecossistemas existentes como contribuinte, entregando e capturando valor. Uma organização que fornece sistemas de gerenciamento remoto da qualidade e temperatura do ar, por exemplo, pode ingressar em um ecossistema de casas inteligentes e ser parte da solução integral. Ela também pode comercializar os seus dispositivos em ecossistemas transacionais (marketplaces). 

Outra possibilidade é criar um ecossistema em parceria com outras empresas de mesmo porte, dividindo responsabilidades. Uma terceira opção é se responsabilizar pelo desenvolvimento de um ecossistema e ser o orquestrador dele, incentivando empresas a serem contribuintes da solução. Vale ressaltar que nem toda empresa tem capacidade de ser orquestradora, porque geralmente os investimentos e riscos associados costumam ser elevados.

Destaques

Em qualquer opção, contudo, são muitos os benefícios advindos da sinergia, maior oferta de valor ao mercado e vantagem estratégica superior. Alguns desses benefícios suprem muitas das necessidades que as médias empresas têm enfrentado para o seu desenvolvimento sustentado. Os que se destacam são:

  • Maior acesso a capital de terceiros;
  • Poder de inovação pelo desenvolvimento de novas categorias de produtos, serviços e modelos de negócio;
  • Aceleração do crescimento com melhoria de resultados;
  • Agilidade na transformação digital;
  • Aumento da flexibilidade e proatividade na gestão de mudanças;

A disrupção está na colaboração

Os ecossistemas de negócio, portanto, têm o potencial de ser a maior disrupção num futuro próximo. Mas nem tudo são flores. 

A aventura ecossistêmica tem riscos associados e é preciso ter clareza sobre as motivações para pertencer a essa configuração em rede e o que especificamente a empresa pretende alcançar. O processo de transformação em direção a propostas de valor integradas depende de adaptação mútua, nova mentalidade estratégica e engajamento. 

Com os ecossistemas de negócio, é possível gerar muito mais valor do que qualquer empresa por si, além de ser essencial para a longevidade das organizações em mercados turbulentos. Certamente, o futuro do mundo dos negócios não mais estará na autoproteção competitiva, mas sim na colaboração de alto valor. 

Heitor Coutinho (Foto: Divulgação)

* Heitor Coutinho, Centro de Inteligência em Médias Empresas da FDC




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