De um lado, o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e exigente em relação às competências necessárias para o trabalhador. De outro, crescem absurdamente os números de demissões voluntárias no Brasil, especialmente entre os profissionais mais graduados. Com base nos dados do Ministério do Trabalho e Emprego, ocorreram mais de 7 milhões de demissões voluntárias entre setembro de 2022 e setembro de 2023, o que desperta um sinal de alerta nas empresas e suas áreas de Recursos Humanos, para evitar que essa tendência continue avançando.

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Os números mais recentes do Ministério do Trabalho e Emprego são precedidos por períodos nos quais a tendência de demissão voluntária já era elevada. Matéria publicada no site Terra ,em novembro de 2023, revela que, com base em um levantamento feito pela LCA Consultores, em fevereiro de 2022, mais de 560 mil pessoas decidiram abandonar seus trabalhos, o que representa uma média de nada mais, nada menos que 29.488 desligamentos por dia útil. 

O que motiva as saídas

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Especialistas apontam quatro grandes motivos para essa onda de pedidos de demissão:

  • cultura tóxica das companhias;
  • insegurança dentro da organização;
  • excesso de pressão;
  • falta de reconhecimento profissional.

“The Great Resignation”

Na avaliação de um estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), publicado em matéria no site da CNN Brasil, o país sente os efeitos de um fenômeno mundial batizado como “The Great Resignation”, ou “A Grande Renúncia”, com mudanças nas relações de trabalho, aceleradas pela pandemia e pela transformação digital nas empresas.

Para o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, há uma mudança em curso. “A preferência por novas modalidades de trabalho, a globalização do mercado de trabalho – com a possibilidade de profissionais brasileiros atuarem em empresas estrangeiras sem sair do país – e um desejo crescente por maior equilíbrio entre trabalho e a qualidade de vida acentuam as mudanças e podem levar ao desligamento dos profissionais”, avalia.

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Os números analisados pelo estudo da Firjan, baseados em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Previdência, apontam que houve 2,9 milhões de demissões voluntárias entre janeiro e maio de 2022, modalidade que representou nada menos que 33,4% de todos os desligamentos. Ou seja, um em cada três rompimentos aconteceu por iniciativa do funcionário.

Profissionais com nível superior são os que mais pedem demissão

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Mas, quem são os profissionais que mais pedem demissão no Brasil? O estudo da Firjan mostra que os trabalhadores com mais anos de estudo apresentam níveis de demissão mais altos. De todos os desligamentos envolvendo pessoas com nível superior – de graduados a doutores –, 48,2% foram voluntários. Já no grupo com ensino fundamental incompleto, os pedidos de demissão voluntária corresponderam a 25,4%.

Ainda de acordo com o estudo da Firjan, as profissões ligadas à Tecnologia da Informação lideram as demissões voluntárias, em seis funções: Engenheiro de Aplicativos em Computação; Analista de Desenvolvimento de Sistemas; Administrador em Segurança da Informação; Programador de Sistema de Informação; Engenheiro de Sistemas Operacionais em Computação; e Gerente de Projetos de Tecnologia.