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Países que tratam mal as mulheres são mais pobres e instáveis, mostra pesquisa

Luciana Garbin, editora do Estadão e professora da FAAP, destaca que onde não há igualdade de gênero, existe tendência maior de instabilidades políticas e pobreza

tratam mal as mulheres © - Shutterstock
por Redação abril 23, 2024
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Existe uma relação entre sociedades que tratam mal as mulheres com questões como pobreza e instabilidade. Ou seja, em países mais estáveis e menos pobres, as mulheres são tratadas de forma melhor. Essa avaliação está embasada em um levantamento feito em 176 países que, inclusive, gerou o livro The First Political Order: How Sex Shapes Governance and National Security Worldwide, de autoria de três pesquisadoras: Valerie Hudson, da Texas A & M University, e Donna Lee Bowen e Perpetua Lynne Nielsen, da Brigham Young University.

De acordo com Luciana Garbin, editora do Estadão e professora da FAAP, o trio de especialistas testou a relação entre instabilidade política e o que chamam de “síndrome patrilinear/fraternal”. Tal síndrome pode ser resumida em uma combinação de fatores, como tratamento desigual de mulheres nos direitos de família e propriedade, casamento precoce de meninas, casamento patrilocal (em que a esposa muda para a casa da família do marido), poligamia, preferência por filhos homens e violência contra mulheres e meninas, por exemplo.

A lista acima está no artigo da jornalista, publicado no próprio Estadão, e mostra que, inclusive, existe uma distorção dessa síndrome: em algumas sociedades, por exemplo, o estupro não seria visto como um crime contra a mulher, mas contra a propriedade dos homens.

Luciana destaca, ainda, a característica das sociedades patrilineares, nas quais a linhagem passa de pai para filho. Da mesma forma, acontece com os bens e as propriedades. Esse círculo cria uma ordem social construída sobre grupos de parentesco masculinos, o que significa, entre outras coisas, que os líderes são sempre homens. Para a mulher, fica o papel de procriação e de obediência ao pai, marido e irmãos.

Quanto pior o cenário para mulheres, mais instável a nação

Como foi um levantamento estruturado, as pesquisadoras atribuíram uma escala de 0 a 16 para medir a síndrome patrilinear/fraternal. Quanto maior a pontuação, pior é o cenário para as mulheres e mais instável e pobre é a nação avaliada. O Iraque, por exemplo, alcançou 15 pontos, fazendo companhia – neste mesmo nível – a países como Iêmen, Afeganistão e Nigéria. Nem sempre são países pobres, como é o caso da Arábia Saudita e Qatar. Na outra ponta, aparecem Austrália, Suécia e Suíça, com menor pontuação e maior equidade de gênero.

Além da pontuação, elas estabeleceram algumas relações que mostram que os países que compartilham a síndrome patrilinear/fraternal têm 2,13 vezes mais chance de ser um estado frágil e 3,53 de ter um governo mais autocrático, menos eficaz e mais corrupto. Também podem ter 1,5 vez mais chanche de ter um PIB per capita baixo e 1,55 mais uma baixa qualidade ambiental, entre outros dados que apontam a baixa qualidade de vida.




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