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Nem hard, nem soft: o que importa são as real skills

Futurista defende o novo conceito, que envolve habilidades múltiplas e coexistentes, sem separação entre o técnico e o criativo


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por Redação setembro 14, 2023
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Um novo conceito, o ‘real skills‘, é considerado uma tendência para o futuro profissional. A ideia reúne as características das hard e das soft skills e, em uma visão não-binária, exige do profissional o desenvolvimento de habilidades nas quais não há mais separação entre o técnico e o criativo, o emocional e o racional.

A futurista e professora convidada da Fundação Dom Cabral, Sabina Deweik, aborda o tema em artigo publicado na Época Negócios, no qual aponta que as habilidades híbridas são a chave para o sucesso  do profissional do futuro. Segundo ela, o mercado de trabalho vem sendo regido por uma ótica binária: as soft skills, reunindo as habilidades sócio-emocionais, e as hard skills, representando as habilidades técnicas.

Segundo a professora, essa lógica foi desafiada pelo guru do Marketing Seth Godin, que, a partir de uma visão mais sistêmica, introduziu o conceito das real skills, ou “competências verdadeiras ou reais”, agregando as habilidades das soft e das hard skills.  

Visão maniqueísta

A futurista explica, em artigo, que os conceitos de soft e hard incomodavam Godin.  Para ele, o fato de  soft representar “habilidades macias” e hard significar “habilidades duras”, minimiza a importância das qualidades comportamentais como um todo e reforça uma visão maniqueísta das competências dos profissionais. A professora concorda com o raciocínio e afirma que “ao dividir as habilidades nesse binômio, caímos no paradigma da máquina: software e hardware, reforçando uma visão reducionista da complexidade atitudinal, vocacional e técnica”. 

Na opinião de Sabina, o novo conceito de real skills se adequa ao atual contexto mundial que está demandando juntar essas duas frentes para sermos mais compatíveis com as necessidades das empresas. “Este é o século da diversidade, das novas tecnologias, da consciência, da proteção do planeta, da colaboração e da inteligência artificial. Temos uma demanda por relações humanizadas, por pensamento estratégico, por comunicação, liderança, adaptabilidade e senso de urgência. Precisamos de um olhar integral, híbrido e coexistente. Estamos em um cenário onde não há mais uma separação entre o técnico e o criativo, o emocional e o racional”, defende.

O conceito de real skills se adequa aos novos tempos e aos tempos que estão por vir. O artigo de Sabina Deweik cita o relatório “O Futuro do Trabalho 2023”, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, com o apoio da Fundação Dom Cabral, que diz que 23% das ocupações no mercado de trabalho devem se modificar até 2027. Há, neste período, a expectativa de criação de 69 milhões de empregos, liderados principalmente pela transição verde e pela transformação tecnológica. Mas, neste mesmo período, 83 milhões de postos poderão ser eliminados, o que corresponde a uma redução de 2% dos empregos atuais.

Novas habilidades em destaque

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No presente, resquícios da pandemia, demissões silenciosas, trocas de empregos, novas gerações, tudo mudou. Habilidades que costumavam ser priorizadas pelo mercado de trabalho deixaram de ser atraentes, outras surgiram no lugar. Enquanto isso, profissionais vêm se mobilizando para permanecerem relevantes em um futuro que já está acontecendo.

Para Godin, é preciso ter uma liderança que estimule o desenvolvimento da criatividade e a superação dos desafios de maneira coletiva, promovendo o trabalho em equipe em um ambiente saudável. Para isto, o autor lista cinco categorias de real skills:

Autocontrole – Refere-se ao autogerenciamento do trabalho. Envolve a proatividade, a capacidade de adaptação, a motivação para superar desafios, a colaboração, a habilidade para orientação por propósito e um pensamento estratégico de longo prazo. 

Produtividade – Envolve as competências relacionadas à facilidade de uso de ferramentas tecnológicas e automatizadas, bem como a aplicação das habilidades em prol do aprendizado e de entregas eficientes da equipe. O profissional deve se perguntar se é habilidoso com as ferramentas que tem à disposição, e se consegue usar seus insights para promover avanços. 

Sabedoria – Mobiliza a criatividade, o pensamento crítico e o senso artístico, mas também abrange uma visão empática e humana. Usa a habilidade diplomática nos relacionamentos com a equipe, parceiros e com os clientes. 

Percepção – Com as variações no cenário global e uma nova visão levantada pelo Mundo BANI (Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível), a capacidade de enxergar o futuro e perceber as novas tendências com um pensamento estratégico é uma competência importante.

Influência – Diz respeito às habilidades de persuasão e influência, no sentido de emitir uma comunicação transparente e promover o engajamento entre os colegas de equipe. Ter carisma é apenas uma forma dessa habilidade.

A autora argumenta que, com esse resumo, fica mais fácil entender que os profissionais dotados de real skills são “híbridos, analíticos, flexíveis, empáticos, estratégicos e compassivos.” “Os profissionais têm um olhar aberto para a inovação e para as transformações que estamos vivenciando”, acrescenta, destacando que o ser humano “é complexo e não linear”. “Portanto, suas habilidades não podem ser binárias”.

Para a professora, as real skills são a chave para desenvolvermos equipes mais eficientes, humanas e com mais sentido e resultado. Afinal, como dito por Seth Godin e reproduzido no artigo, “nosso trabalho é nos conectarmos com pessoas, para interagirmos com elas de maneira que as deixemos melhores do que como as encontramos”. 




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