Depois do fenômeno do quiet quitting, no qual funcionários passam a trabalhar somente o mínimo possível para não serem demitidos, as empresas estão fazendo uma espécie de resposta: o quiet firing, ou, demissão silenciosa. Se no primeiro caso são os funcionários que tomam a iniciativa de pisar no freio, no segundo são as empresas que adotam medidas como suspensão de feedbacks, congelamento de promoções, entre outras ações para fazer com que o funcionário se sinta desvalorizado e peça para sair.
Segundo reportagem publicada na Isto É Dinheiro, a Chief Happiness Office e diretora da Reconnect, Renata Rivetti, explica que as duas situações não são boas para nenhum dos lados. “Ambos os movimentos são ruins. Essa resposta ao quiet quitting é muito negativa, pois cria um ambiente sem humanidade, sem empatia, e pode destruir a cultura de uma empresa. Essas relações podem fazer a empresa não conseguir inovar e criar. É um passo atrás”, argumenta.
Já uma publicação do site Sim Carreira pontua que o conceito de demissão silenciosa por parte do empregador é baseado na criação de um ambiente de trabalho insuportável para o colaborador, para que ele solicite o desligamento.
Algumas ações utilizadas nesse processo são:
- Deixar de praticar o feedback
- Descuido com o aprendizado e evolução do colaborador
- Diminuição ou sobrecarga de tarefas
- Atribuição de tarefas muito abaixo ou complexas para o cargo
- Isolamento social no ambiente de trabalho
- Exaustão física ou mental
- Exclusão de promoção
- Falta de reconhecimento do profissional
Independente do estilo de liderança praticado, se o gestor está agindo de forma consciente ou inconsciente ao assumir uma postura e realizar ações para encorajar o colaborador a se desligar, está praticando o quiet firing. Entre três fatores que levam ao quiet firing estão uma liderança imatura, metas de turnover e custos rescisórios.
Impactos negativos do quiet firing
- Resultados abaixo do esperado
- Falta de motivação e engajamento
- Clima interno prejudicado
- Ambiente sem humanidade
- Falta de empatia
- Comunicação ineficaz
- Cultura organizacional enfraquecida.
Quite firing pode ser considerado assédio?
No caso do quiet firing, o especialista em direito do trabalho pela Universidade de São Paulo (USP) e sócio do Ambiel Advogados, Carlos Eduardo Ambiel, diz que a legislação brasileira não permite ações nesse sentido por parte do empregador e que o trabalhador pode recorrer à Justiça.
Já no caso do assédio moral em ambiente de trabalho, Ambiel afirma que apesar dos casos mais comuns serem aqueles onde o chefe humilha o subalterno na frente dos colegas, nada impede que ações como o quiet firing sejam tratadas como tal pela Justiça.