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Mulheres negras ainda ficam em desvantagem em processos seletivos

Pesquisa mostra que mulheres pretas e pardas ainda sofrem racismo em processos seletivos, embora a diversidade tenha crescido 33% em 2022

mulheres negras diversidade © - Shutterstock
por Redação maio 17, 2023
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Quase metade das profissionais negras já sofreu algum tipo de preconceito durante entrevistas de emprego. É o que mostra uma pesquisa da plataforma de empregos Infojobs, divulgada pela Exame, que ouviu 301 profissionais autodeclaradas pretas e pardas e apontou que 49,5% delas afirmam ter enfrentado racismo em processos seletivos. Já 58,8% dizem ter sofrido preconceito em outras situações no mercado de trabalho.

“As respostas são alarmantes e colocam em evidência que é fundamental avançarmos no combate aos preconceitos”, disse Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, à reportagem da Exame. Para tanto, segundo ela, é preciso investir mais na capacitação dos profissionais de RH, além de criar políticas igualitárias que tornem as empresas mais inclusivas e diversas.

O peso do desemprego

A pesquisa ainda mostrou que, em decorrência dos preconceitos enfrentados no mercado de trabalho, as mulheres negras e pardas são as mais atingidas pelo desemprego. 71,4% das entrevistadas afirmaram não estarem empregadas no momento.

Dentre as mulheres que responderam à pesquisa, 83% consideram ter chances desiguais. Para 59,1%, a questão racial influencia diretamente na hora de conseguir um emprego.

O cenário pode ser ainda pior quando há uma junção entre o racismo e o machismo. Uma pesquisa anterior, também realizada pela Infojobs, mostrou que 52,1% das mulheres foram demitidas no último ano. Proporcionalmente a cada grupo, 61,1% das mulheres pretas perderam seus empregos. Já as pardas responderam por 57,1% das pessoas que relataram a demissão, contra 47,6% das mulheres brancas.

Para 27,7% das mulheres que responderam à pesquisa, conquistar uma oportunidade é o maior desafio. No caso das que têm uma colocação profissional, o reconhecimento e crescimento profissional são considerados desiguais para 26,3% das entrevistadas. Além disso, o machismo presente na cultura das empresas também foi citado como uma barreira por 20,7%.

Espaço para a diversidade aumenta

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© – Shutterstock

Apesar das conclusões negativas do levantamento da Infojobs, o mercado de trabalho como um todo tem oferecido mais oportunidades para vagas com foco em diversidade.

De acordo com levantamento do site de empregos Vagas.com, também publicado na Exame, oportunidades voltadas para mulheres, negros, pessoas com deficiência e LGBTQIA+ passaram de 19.825 em 2021 para 26.409 posições em 2022, o que representa um salto de 33,2%.

“Esse avanço pode significar uma maior maturidade por parte das empresas, buscando serem mais estratégicas, já que muito tem se falado sobre organizações mais diversas performando melhor”, afirmou Renan Batistela, especialista em Diversidade e Inclusão na Vagas.com, à Exame.

Iniciativas para além do marketing

O engajamento com a diversidade é muito importante, mas Batistela argumenta que é preciso que as contratações façam parte de uma cultura inclusiva dentro das organizações – ou seja, não basta contratar e cumprir metas de diversidade, a forma de pensar das empresas, de seus colaboradores e de seus gestores precisa mudar.

Para Batistela, é preciso saber conduzir alguns processos verdadeiramente inclusivos. Em sua avaliação, as empresas têm que entender que, muito mais do que preencher uma posição, é preciso integrar as pessoas e entender os obstáculos que cada grupo enfrenta.

Além disso, o especialista ressalta que, durante o processo de divulgação de vagas e seleção de profissionais, a comunicação deve ser clara, no sentido de promover a inclusão. Segundo ele, uma dica interessante é que a pessoa que se candidata à vaga seja entrevistada, em alguma das etapas do processo seletivo, por um profissional da empresa que integre o mesmo grupo diverso. Assim, quem se candidata terá representação.

No caso de pessoas com algum tipo de deficiência que se candidatam às vagas de trabalho, as empresas precisam ter atenção à acessibilidade, de forma que o candidato possa participar das entrevistas – e se contratado, conseguir desempenhar suas funções – sem barreiras físicas ou de comunicação.




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