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Inovações têm 4 elementos-chave, mostra pesquisa

Relatório elaborado pela Accenture Brasil, MID e FDC, aponta a importância do avanço tecnológico para crescimento e sobrevivência das empresas, diante de um mundo em constante mudança

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por Redação outubro 9, 2023
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A inovação pode florescer de diferentes formas, mas existem elementos-chave que impulsionam ideias a se tornarem inovações transformacionais. A Accenture analisou inovações digitais no Brasil e identificou quatro elementos que estão impulsionando as mudanças em organizações brasileiras.

Mas, antes disso, você sabe o que são inovações transformacionais? Formalmente, o conceito refere-se a algo que se encontra na “interseção entre o entendimento das novas tecnologias e a sua aplicação, em novos modos, para capturar oportunidades inexploradas e atender demandas cruciais do seu negócio ou indústria”.

Na prática, a inovação transformacional é o que sustenta o avanço tecnológico e todo o esforço e criatividade das empresas para encontrar novos caminhos e vencer as dificuldades de uma economia marcada por disrupções frequentes, que demandam esforços constantes para se adaptar, e também se reinventar, com maior velocidade.

O relatório “Inovações Transformacionais”, que apresenta um panorama completo deste cenário, nasce de um esforço conjunto de várias instituições. Em Davos 2023, a Accenture lançou seu estudo global sobre Inovação Tecnológica visando ajudar empresas a refletirem se estão preparadas para criar inovações transformacionais.

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Na mesma linha, a Accenture no Brasil uniu-se ao Movimento Inovação Digital (MID) e à Fundação Dom Cabral (FDC) para avaliação de casos de inovação digital. A iniciativa, chamada Prêmio Inovativos, realizada pelo Grupo Innovation Experience, estuda cases nacionais e compartilha as boas práticas como inspirações para o mercado.

O relatório reúne o conhecimento do estudo global sobre Inovação Tecnológica, adaptado à realidade do mercado no Brasil, incluindo casos e conclusões da primeira edição do Prêmio Inovativos.

A importância de um core digital sólido

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De acordo com o relatório, tecnologias como cloud e Inteligência Artificial (IA), e inovações como o metaverso, formam a base de um core digital sólido, que se torna uma fonte de vantagem competitiva em uma época de incertezas e oportunidades sem precedentes, na qual a reinvenção precisa ser contínua. Com isso, toda organização pode produzir inovações transformacionais.

Os executivos navegam, hoje, em um ambiente de negócios complexo e dinâmico. Efeitos remanescentes da pandemia, desafios de supply chain, inflação e escassez de energia, dentre outros aspectos, representam uma mudança profunda no modo como o mundo opera.

O Global Disruption Index da Accenture (Índice de Disrupção Global), um indicador que engloba disrupções de ordem econômica, social, geopolítica, climática, de consumo e tecnológica, mostra que os níveis de disrupção cresceram 200% entre 2017 e 2022. Em comparação, o índice subiu apenas 4% entre 2011 e 2016.

Pandemia acelerou tecnologias para inovações

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A pandemia gerou um aumento acelerado no ritmo de adoção tecnológica. Esta foi a realidade para a maioria das empresas, conforme identificado pela pesquisa Total Enterprise Reinvention, que identificou que mais de 95% das empresas no Brasil continuam expandindo suas estruturas de TI. Três em cada quatro empresas delas planejam aumentar os níveis de investimento em Inteligência Artificial (74%) e cerca de metade planeja aumentar o desenvolvimento do seu core digital em áreas como Segurança (50%), Dados (46%), Redes de Comunicação (42%) e Cloud (40%) no próximo ano.

O relatório indaga se “será que as inovações transformacionais são um caso de sorte ou será que as empresas podem se planejar para construir esses casos de sucesso?” O documento sustenta que as empresas podem construir suas inovações transformacionais. Para compreender como isso ocorre, os executivos devem primeiro entender o que faz uma inovação se transformar em uma oportunidade. O relatório defende que as inovações transformacionais se destacam por apresentarem uma de três características fundamentais: produtos, serviços e experiências totalmente novos; compressão do tempo para captura de valor; e redução do custo de desenvolvimento.

Os 4 elementos-chave das inovações

1. Core digital sólido

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O primeiro elemento identificado é a habilidade de alavancar um core digital sólido para criar inovação. Cerca de 80% dos casos de sucesso avaliados utilizaram ao menos um elemento do core digital sólido (cloud, dados, Inteligência Artificial, segurança e plataformas) como um pilar de inovação, sendo que 40% deles se concentraram fortemente em aplicações de IA. Isso reforça a conclusão da pesquisa “A arte da maturidade em Inteligência Artificial”, que já havia identificado que integrar IA às estratégias da empresa para alcançar melhor desempenho é mais positivo no Brasil do que em âmbito global: 30% contra 12% globalmente.

Como exemplo do potencial de geração de valor do core digital, o relatório observa o caso do site dr.consulta, que desenvolveu um algoritmo que otimiza a escala de trabalho de cada funcionário em sua rede de centros médicos. De acordo com Dionísio Carmignan, diretor de Produtos, BI e Data Science da empresa, o desafio da plataforma skaIAI é prever, com precisão, as necessidades de cada função de serviços: recepção, coleta de exames, pré-consultas, assistentes de internação e pós-consultas.

O algoritmo trouxe otimização à equipe de assistência e enfermagem, reduzindo custos e aumentando a qualidade do atendimento, além de reduzir o tempo de espera dos pacientes nas unidades em 11% e melhorar em 1,1 ponto percentual o EBITDA, no primeiro ano da implementação do projeto.

Já no segmento industrial, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) criou o #AdvancedCBA – um sistema avançado de processos que usa Inteligência Artificial, Digital Twin, Data Analytics e Machine Learning – para automatizar mais de 650 painéis de controles utilizados para acompanhamento de processos e obtenção de insights para apoiar vendas e outras equipes. Isso representa uma automação de mais de 35 mil variáveis.

Segundo Fernando Varella, diretor de Negócios Transformados, Inovação e Transformação Digital da CBA, “A Inovação é um pilar estratégico para a CBA”. “Por isso, para a CBA, inovar com sustentabilidade é tão fundamental quanto produzir alumínio. Foi com este pensamento que desenvolvemos uma jornada robusta de Inovação e Transformação Digital para potencializar e sustentar nossos objetivos em curto, médio e longo prazo”, acrescentou o dirigente.

2 . Organização sem fronteiras e centrada no cliente

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O segundo elemento identificado pelo trabalho é o modo como as empresas que tiveram sucesso em suas inovações transformacionais lidam com as pessoas, compreendendo cuidadosamente o seu cliente – visão externa – e conectando-os com a sua organização – visão interna. Este é um esforço colaborativo que exige empenho. O relatório identificou que, em média, as organizações envolveram mais de cinco áreas no desenvolvimento de seus projetos, o que demonstra um caráter multidisciplinar das equipes.

Um exemplo de organização sem fronteiras é o programa de inovação da Novartis, Biome, que cocriou soluções em conexão com startups, parceiros de sistemas de saúde, big techs e software houses. O estudo mostrou que, após uma nova terapia ser incorporada ao sistema de saúde, demora cerca de 15 anos para que ela se torne uma prática amplamente adotada pelo setor. Além disso, a terapia só alcança 10% dos pacientes que poderiam se beneficiar do tratamento. Ou seja, a integração com o ecossistema é essencial para reduzir este tempo de chegada ao mercado e alcance das inovações ao público.

Entre os projetos desenvolvidos, a parceria com a EpHealth é alvo de destaque. Por exemplo, com o objetivo de aumentar a conscientização sobre o câncer de mama, o aplicativo da organização para Agentes Comunitárias de Saúde, juntamente com ações de engajamento via e-mail e mídias sociais, alcançou em apenas 30 dias mais de 1 milhão de mulheres e 9 mil agentes de saúde em 390 cidades no país.

Os clientes estão mais conscientes do seu poder de escolha e por isso demandam mais. As pessoas querem ser ouvidas e as empresas que estiverem prontas para entender e ouvir os clientes colherão os frutos. Em quase 90% das organizações que indicaram um aumento nos índices de satisfação do cliente, havia ao menos um método de engajamento envolvido no desenvolvimento da inovação, sendo a validação de protótipo com clientes e o mapeamento da jornada os tipos de engajamentos mais citados.

3. Cultura de colaboração para crescimento local

O terceiro elemento que o relatório identifica é a criação de uma cultura de crescimento local, principalmente por meio do fortalecimento de associações e parcerias, para que o ecossistema de inovação brasileiro se desenvolva colaborativamente e para que os cidadãos usufruam coletivamente de inovações transformacionais.

Um exemplo desta construção foi a fundação do Movimento de Inovação Digital (MID), iniciado em 2015 por um grupo de empreendedores que visava promover o desenvolvimento do setor, defender uma nova legislação com menos burocracia e buscar maior competitividade.

Reprodução: Movimento Inovação Digital

O MID possui, hoje, mais de 150 empresas associadas, que conseguem atingir cerca de 20% da força de trabalho brasileira com o uso de alguma das suas soluções, e já contribuiu para o desenho de novas leis, tal como a autoria intelectual da legislação que autorizou a telemedicina para HealthTechs.

Outra associação com história de sucesso é a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Devido à pandemia, os estabelecimentos associados foram obrigados a migrar praticamente toda a sua operação para a entrega via delivery. Por meio da plataforma “Open Delivery”, foi possível integrar o e-commerce de alimentos e bebidas, simplificando processos e melhorando a eficiência. Mais de 10.000 estabelecimentos comerciais, softwares de gestão e logística, marketplaces e outros segmentos de comércio eletrônico foram conectados para uma operação integrada.

4. Propósito sócio-ambiental

O estudo observou o potencial transformacional de inovações com propósito para enfrentar as dificuldades existentes da população brasileira no cenário macroeconômico. Da amostra avaliada, o impacto ESG foi o mais citado na primeira edição do Prêmio Inovativos. Entre os casos que apresentaram resultados neste pilar, 80% mencionaram elementos de impacto social, como a ampliação de empreendedorismo, empregabilidade e crescimento econômico.

O relatório cita o exemplo da startup Nearbee, que criou uma plataforma que conecta socorristas voluntários ao sistema de primeiros socorros, a fim de reduzir o tempo de chegada do atendimento. No Brasil, em algumas regiões, ambulâncias podem levar mais de 40 minutos para chegar ao local de socorro. A plataforma Divoem (Digital Voluntário Emergencista) pode ser implementada com governos municipais (SAMU), estaduais (bombeiros) ou outras instituições para prestar os primeiros socorros.

Reprodução: Site Inovativos

Neste processo, a Nearbee ajuda tanto no treinamento do centro de regulação quanto no destinado aos voluntários emergencistas. A startup estima uma redução de até 80% no tempo de chegada dos socorristas ao atendimento.

Outra iniciativa para inspirar as empresas nesta jornada é buscar oportunidades em diferentes mercados, tal como na economia informal. O “Data Favela” estimou que R$ 180 bilhões são transacionados nas favelas do Brasil anualmente. Se todos os habitantes das favelas formassem um único estado, este seria o 4º maior em número de pessoas no país. A economia informal é uma enorme oportunidade a ser integrada ao sistema e empresas têm as ferramentas para resgatar este potencial.

Para o hoje e para o futuro, diz o relatório, as organizações também devem reforçar sua visão de responsabilidade corporativa e os cuidados com o meio ambiente.

Com a sustentabilidade no topo da agenda, as empresas devem repensar seu propósito. Ações que são apenas “greenwashing” levam as empresas para um falso estado de companhia responsável – enquanto medidas que incorporam práticas de geração de valor compartilhado e sustentabilidade ao seu core business criam valor 360º, segundo o estudo.




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