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Fundos anti-ESG avançam na contramão do mercado

Investimentos neste tipo de papel chegaram a US$ 2,1 bilhões em 2023, mas ainda estão longe de competir com os fundos atrelados a iniciativas ESG

fundos anti-esg © - Shutterstock
por Redação julho 25, 2023
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Na contramão da tendência do mercado, que vem ampliando investimentos em iniciativas ESG, os chamados fundos anti-ESG têm tempo de vida recente, mas vêm ganhando força nas bolsas de valores. Segundo reportagem publicada no Bloomberg Law, investimentos nesses fundos chegarão a US$ 2,1 bilhões em 2023.

Em uma onda conservadora, empresas voltadas a combater o mercado de fundos ESG começaram a lançar seus próprios fundos, prometendo aos investidores voltar a uma época em que o interesse dos acionistas – e não “valores” – era o fator número 1. O número de fundos e o montante que flui para eles está aumentando em um ritmo constante, de acordo com um relatório da empresa de análise financeira Morningstar.

Mas esses fundos anti-ESG, embora venham crescendo em popularidade, ainda estão muito longe de competir com fundos ESG administrados por mega gestores de ativos, comoa BlackRock e a Vanguard. E alguns analistas preveem que é improvável que eles os alcancem.

“Eu não contestaria que o número aumentou. Há uma reação anti-ESG. Há um movimento”, disse Witold Henisz, diretor do corpo docente da Iniciativa ESG da Universidade da Pensilvânia, à reportagem da Bloomberg Law. “Mas esses fundos são ‘troco de bolso’ em comparação aos fundos ESG”, argumenta Henisz. 

Heiko Hosomi Spitzeck, diretor do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, conforme a sua mais recente coluna publicada na revista Exame, compartilha da visão de Henisz. “Independentemente do tamanho dos investimentos em ESG ou Anti-ESG vejo a mesma dinâmica que na lei de Newton. Com cada mudança tem uma reação. As empresas, e em particular os CEOs, não podem fugir de tomar posições, seja em favor ou contra de mudanças climáticas, de direitos LGBTQIAPN+, ou de inclusão social”, escreveu ele.

Tendência dos fundos anti-ESG está em nicho

A Morningstar identificou 27 fundos que considera ter uma agenda anti-ESG, definida a partir de seus materiais de marketing e prospectos, segundo Alyssa Stankiewicz, diretora Associada de Pesquisa em Sustentabilidade da Morningstar. A empresa analisou o desempenho, o marketing e o propósito dos fundos e mostra que a tendência permanecerá em um nicho. 

O tamanho combinado dos fundos anti-ESG aumentou para US$ 2,1 bilhões, mas ainda é uma pequena fração do mercado de fundos ESG de quase US$ 270 bilhões, comparou Stankiewicz.

Os fundos anti-ESG costumam invester em setores que os fundos ESG excluem propositalmente. Uma categoria de fundos “anti-ESG” investe quase 25% de seu portfólio na indústria de “armas controversas”, por exemplo. Diferente das armas convencionais, as armas controversas “têm um impacto desproporcional e indiscriminado nas populações civis”, classificou o relatório.

Influência da guerra da Ucrânia

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Com surgimento ainda tímido no início dos anos 2000, os fundos anti-ESG só começaram a crescer recentemente. No ano passado, as pressões sobre o setor de energia, devido ao conflito na Ucrânia, levaram alguns fundos a se concentrarem no setor de energia.

Os defensores dos fundos anti-ESG, por sua vez, dizem que não há nenhum esforço “anti-ESG” explícito de sua parte. Seus fundos – e modelo de negócios -, eles defendem, visam devolver o foco das empresas ao capitalismo puro. Ou seja: tudo o que não aumenta o valor das empresas para os acionistas deve ser podado.

O conceito é chamado de “primazia do acionista”, em vez de “primazia das partes interessadas”, que passou a orientar as decisões ESG das empresas, segundo Matt Cole, CEO da Strive Asset Management. A empresa administra oito Exchange Traded Funds ETFs, sete dos quais foram incluídos no relatório da Morningstar. 

Fundos anti-ESG tiveram bom desempenho

Todos os fundos anti-ESG identificados pela Morningstar ganharam força com alguns investidores. E alguns tiveram um bom desempenho, como o mais popular deles, o ‘God Bless America ETF’. “Este cresceu para US$ 35 milhões e está superando o S&P 500 em 7%”, disse Eric Balchunas, analista de ETF da Bloomberg Intelligence.

Mas a demanda por alguns fundos diminuiu rapidamente. O ETF ‘ESG Orphans’, de capital restrito, foi lançado em maio de 2022 e arrecadou cerca de US$ 870.000 a cada trimestre desde então. Mas entrou com pedido de liquidação no início deste mês. “[Enfim] Eles nunca vão competir com o BlackRock e o Vanguard”, sentenciou Balchunas.




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