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“Fervimento global” define momento atual da crise climática 

Termo foi cunhado pelo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, em julho, e já está se popularizando

fervimento global Foto: Freepik
por Redação agosto 15, 2023
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Um novo termo ganha tração na crise climática que ameaça o mundo: “fervimento global”. Cunhado pelo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, a expressão reflete os recordes de temperatura vividos em várias partes do mundo. 

Os dados são reais, segundo reportagem do jornal Correio Braziliense, que apontou que julho passado poderá passar na história como o mais quente desde 1940. As informações têm como base o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, e a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Fervimento global na terra e no mar

O aquecimento acontece em terra e no mar, uma vez que as medições da superfície marinha também confirmam a fase de aquecimento. Os desdobramentos em terra, por sua vez, incluem ondas de calor nos quatro cantos do mundo, da América do Norte, com incêndios nas florestas do Canadá, até na Grécia. A Universidade de Leipzig também divulgou estudo ressaltando um verão cruel para as regiões citadas e também para a África. 

Apesar do alerta, a avaliação de Guterres não é uma unanimidade. Piers Forster, professor de física climática na Universidade de Leeds, na Inglaterra, e presidente do Comitê de Mudanças Climáticas da Grã-Bretanha, tem um ponto de vista diferente. Para ele, parte do que o secretário geral da ONU está dizendo começa a se afastar das evidências científicas subjacentes e, em última análise, isso começa a perder credibilidade com o tempo. “Isso apenas dessensibiliza a todos nós”, argumenta o cientista. 

Em entrevista ao jornal Washington Post, ele lembra que as mudanças são “extremas, mas estão exatamente de acordo com nossas previsões”. E completa: “Isso é o que dissemos às pessoas que aconteceria há 20 anos e está acontecendo”. 

Já o professor Heiko Spitzeck, da área de sustentabilidade e gerente do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral (FDC), tem um ponto de vista mais próximo ao de Guterres e viveu o calor de julho na Europa, onde passou um ano de intercâmbio de pesquisa. 

Fervimento Global e a onda de calor na Europa

fervimento global
© – Shutterstock

“O fervimento tem várias consequências, segundo ele, começando com o impacto direto na saúde. No verão de 2022, a Europa registrou mais que 60 mil mortos por causa do calor, sobretudo afetando pessoas mais velhas e com problemas cardíacas”, explica. Segundo o pesquisador, para combater essa ameaça várias cidades estão pensando em criar espaços públicos com sombras, garantindo o acesso a água e à plantações urbanas que reduzem a sensação térmica. 

Outro ponto destacado por Heiko é o impacto econômico. E ele dá como exemplo a gigante alemã Basf, que depende do fornecimento via o rio Reno para suas atividades industriais. Em função do nível baixo do rio, a empresa apresentou, em maio último, um barco especialmente feito para navegar em águas mais rasas para garantir a entrega de matérias primas.

“O impacto mais significante é mental. As pessoas estão sentindo na pele o que significa o aquecimento global e quais impactos o fenômeno traz para a vida cotidiana”, continua. “De todos temas ESG, o aquecimento global é o tema mais importante na Europa e isso vai ter consequências globais, sobretudo para empresas brasileiras que exportam para a União Europeia”, finaliza Heiko.




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