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Funcionário bumerangue: uma alternativa à escassez de talentos

Pesquisa revela que 71% dos trabalhadores no Brasil estão abertos a voltar a um empregador anterior e 90% dos empregadores consideram a recontratação

funcionário bumerangue © - Shutterstock
por Redação novembro 21, 2023
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Você consideraria voltar a uma empresa onde já trabalhou? Muitos podem encarar essa possibilidade com preconceito, acreditando que está regredindo na carreira, por exemplo. Mas uma pesquisa da empresa de recrutamento Robert Walters descobriu que 71% dos trabalhadores no Brasil estão abertos a voltar a um empregador anterior. Ainda mais surpreendente, o levantamento mostra que mais de 90% dos empregadores estão dispostos a considerar a recontratação. Esse profissional que retorna pode ser apelidado como “funcionário bumerangue“.

Em seu detalhamento, a pesquisa revela que 76% dos empregadores entrevistados disseram que considerariam deixar bons ex-funcionários retornarem. Outros 20% aceitariam, mas mostraram alguma hesitação, enquanto 3% disseram que não gostariam de recontratar ex-funcionários de jeito nenhum.

Há escassez de talentos em muitas empresas

Mas, por que considerar o retorno de ex-funcionários? Segundo a Robert Walters, há escassez de talentos em muitos locais de trabalho e o ex-empregado já domina os processos de produção da empresa. Toby Fowlston, CEO da empresa, disse que os funcionários bumerangue devem “empolgar os líderes” em meio à escassez de candidatos em todo o mundo. Outro benefício de contratar um funcionário bumerangue é que ele já sabe como se locomover pela organização.

“Este é um talento que pode chegar preparado – eles já foram introduzidos no negócio, estarão familiarizados com os processos e têm um interesse anterior na marca. Além disso, eles têm todas as qualidades que podem levar anos para serem incutidas em um novo funcionário”, defendeu Fowlston.

É elevado o número de potenciais funcionários bumerangue

© – Shutterstock

Por parte dos trabalhadores, a pesquisa revela um elevado nível – 71% – de profissionais abertos à recontratação. No detalhamento dos resultados, 25% considerariam voltar se o empregador anterior oferecesse uma remuneração melhor e 23% se houvesse mudança na liderança ou na estrutura da equipe.

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Para quem considera que “passado é passado”, é surpreendente que a maioria dos profissionais entrevistados – 78% – tenha revelado que permanece em contato com um gestor anterior. Desse grupo de potenciais funcionários bumerangue, 25% afirmaram que o contato permanece porque querem continuar abertos para futuras possibilidades de emprego.

Ainda sobre o universo do funcionário bumerangue, a pesquisa mostrou que, nos últimos dois anos, 27% dos profissionais ouvidos já entraram em contato com um empregador anterior sobre oportunidades de emprego, enquanto outros 20% disseram que planejam fazê-lo.

Como reintegrar um funcionário bumerangue?

O relatório da Robert Walters destaca que, embora o funcionário bumerangue retorne à empresa mais preparado e familiarizado com os processos, é preciso haver algumas etapas de reintegração ao trabalho, criando uma espécie de “onboarding personalizado”.

“Uma coisa fundamental para os empregadores é gerenciar o retorno dos profissionais entre os trabalhadores existentes – em particular se alguém estiver retornando em uma posição mais sênior do que quando saiu”, alertou Fowlston.

Para evitar quebras de expectativa e ciúmes do atual quadro de empregados em relação a funcionários que retornaram à empresa com remuneração e posição melhor na carreira, os empregadores são aconselhados a garantir ao quadro funcional que ser recontratado não é a única maneira de progredir no local de trabalho.

“É preciso encontrar um equilíbrio e os empregadores devem avaliar se estão fazendo tudo o que podem para abrir linhas de oportunidade dentro de uma organização, ou arriscam-se a enviar uma mensagem de que um caminho para a promoção é seguir a rota do bumerangue”, destacou Fowlston.

Inquietação com traços semelhantes à Grande Demissão

© – Shutterstock

O universo de funcionários bumerangue descoberto pela Robert Walters no Brasil está sendo revelado depois que a chamada Grande Demissão, ou The Great Resignation, movimento verificado nos EUA durante a pandemia da Covid-19, afetou o mercado de trabalho norte-americano com muitos pedidos de demissão, com funcionários fugindo de seus empregos em busca de melhores remunerações e benefícios. A pesquisa da Robert Walters não relaciona a movimentação bumerangue ao tema, mas o fato de, no caso do Brasil, tantos funcionários estarem abertos a retornar às antigas empresas mostra traços de alguma inquietação com seus empregos atuais e busca de novas oportunidades.

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Segundo matéria da revista Forbes, muitos dizem que o movimento The Great Resignation já  está acabando. No entanto, a inquietação continua, segundo a reportagem, que destaca que há perspectivas de que 70% dos trabalhadores nos EUA planejam deixar seus empregos em 2023.

A matéria da Forbes aposta no crescimento do movimento The Great Reskilling, tendência que implica maior aprendizado e treinamento dos empregados e também de seus chefes. O reskilling vem sendo considerado um grande aliado do aperfeiçoamento do trabalho de pessoas que retornam a empresas onde já atuaram.




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