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Além da Governança no ESG – Integrando Risco e Conformidade para a Sustentabilidade

Enquanto o ESG garante que as organizações operem de forma sustentável e responsável, o GRC fornece a estrutura e as diretrizes necessárias

grc Foto: Freepik

Por

Dalton Sardenberg

Professor de governança corporativa da Fundação Dom Cabral

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O acrônimo ESG (environment, social and governance) vem sendo amplamente repetido como mantra por aqueles que defendem que as organizações assumam um papel de protagonismo frente aos desafios ambientais e sociais contemporâneos. De fato, o início de julho de 2023 foi a semana mais quente já registrada para o planeta, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o que traz “impactos potencialmente devastadores nos ecossistemas e no meio ambiente”.

No campo social, é frustrante verificar que, segundo o recente “Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2023: edição especial rumo a um plano de resgate para as pessoas e o planeta”, a fome no mundo está retornando ao patamar que não era visto desde 2005. Tal relatório estima que, mantido o ritmo atual, haverá 575 milhões de seres humanos vivendo na pobreza extrema em 2030.

O fracasso dos governos em encontrar soluções multilaterais para tais problemas globais acaba por distribuir as responsabilidades com organizações não governamentais (ONGs) e empresas. De fato, a polarização crescente, o nacionalismo, a corrupção e a falta de vontade política estão contribuindo para uma abordagem mais estreita e isolacionista por parte dos atores políticos. Tem-se adotado políticas que priorizam as necessidades e interesses locais em detrimento de soluções que abordem desafios globais, como se não habitássemos um único planeta.

Empresários e executivos, seja por consciência ou aumento de pressão dos stakeholders, abraçam gradativamente a agenda ambiental e social. Pesquisa realizada em 2021 pela FDC, XP Inc. e Grant Thornton, indicou que as três principais motivações para incorporar o ESG nas empresas listadas brasileiras são evitar riscos reputacionais, exigência dos acionistas e dos conselhos de administração, e demanda dos clientes.

Ocorre que a mesma pesquisa indica que, apesar de 75% das empresas considerarem o ESG como prioridade, apenas 14% levam em conta esses aspectos na tomada de decisão.

Há que se reconhecer que o “G” de governança é um pilar essencial do ESG, já que, entre outros papéis, refere-se ao grau de delegação que os acionistas concedem aos seus administradores na busca da promoção do equilíbrio de interesses entre os diversos stakeholders. Uma governança eficaz envolve a definição e a implementação de políticas, procedimentos e estruturas de tomada de decisão que garantam a responsabilidade e a transparência nas operações da empresa.

Da mesma forma que não há como dissociar o ES do G, não há como deixar de reconhecer a conexão deste com o RC (risco e compliance). Enquanto o ESG se concentra em garantir que as organizações operem de forma sustentável e responsável, considerando os impactos ambientais, sociais e de governança, a gestão de risco e compliance fornecem a estrutura e as diretrizes necessárias para implementar e gerenciar efetivamente essas práticas.

O gerenciamento de riscos é um aspecto crucial para o ESG, ao identificar elementos associados às questões ambientais, sociais e de governança que impactem a organização, endereçando medidas proativas para mitigar esses riscos e maximizar os benefícios.

Também o compliance é um elemento essencial ao se referir à adesão às exigências relacionadas à sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e práticas de governança responsável. Uma estrutura de gestão de risco e compliance (GRC) robusta ajuda a garantir que as organizações cumpram as obrigações legais e regulatórias relacionadas ao ESG, ao mesmo tempo em que promovem uma cultura de ética e de integridade.

Em resumo, a gestão de risco e compliance são a base para uma boa condução do ESG porque fornece a estrutura necessária para implementar e gerenciar as práticas relacionadas ao meio ambiente, à sociedade e à governança de forma eficaz. Por meio de uma governança adequada, gerenciamento de riscos eficiente e compliance sólido, as organizações podem integrar e sustentar os princípios do ESG em suas operações, promovendo a sustentabilidade e a responsabilidade em todas as áreas de atuação.

grc
Dalton Sardenberg (Foto: FDC)

* Dalton Sardenberg é professor de governança corporativa da Fundação Dom Cabral




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