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“ESG não é favor, é estratégia de negócios”, diz VP da B3

B3 usa abordagem econômica para vencer resistências e estimular empresas listadas na Bolsa a investir em iniciativas para meio ambiente, sociedade e governança

esg e investimento Ana Buchaim (Foto: Reprodução/LinkedIn)
por Redação julho 19, 2023
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A bolsa de valores B3 está implementando uma série de ações para estimular as empresas listadas a investir em ESG. E a principal delas foi criar uma abordagem baseada no interesse econômico das empresas e nas vantagens que elas podem obter a partir de iniciativas ligadas ao universo de meio ambiente, social e governança. “ESG não é favor, não é favorzinho, não é ajudinha. ESG é estratégia de negócios”, diz Ana Buchaim, vice-presidente da B3, para ilustrar como a bolsa passou a tratar o tema com suas empresas listadas e, assim, reduzir a resistência aos investimentos no universo ESG. 

Ana Buchaim foi entrevistada por Rodrigo Terra, representante da Fundação Dom Cabral (FDC) e da Fast Company Brasil, na série de podcasts ‘ESG na sala do Conselho’. Numa interpretação livre do que Ana conta sobre o relacionamento com as empresas da B3, poderia-se dizer que o segredo de levar o tema ESG às corporações é deixar as questões ideológicas de lado e tocar onde dói no bolso.  

“Mudamos o tom professoral que há em torno do conceito ESG e seus benefícios para o planeta e passamos a mostrar o quanto o ESG é importante para os negócios, para os clientes e investidores e, aí sim, o quanto é importante para a sociedade como um todo. Isso foi fundamental para que as empresas se engajassem”, explicou Ana. 

“O que dói nas empresas é a remuneração”

A executiva acrescentou que, partindo da premissa de que “o que dói mais nas empresas é a remuneração”, a B3 e seu Conselho passaram a atrair o interesse das organizações para o ESG e desenvolver uma série de iniciativas em torno do tema. 

“Acreditamos que investir em ESG é uma estratégia de negócios. Ter boas práticas ambientais, sociais e de governança ajuda a mitigar o risco das empresas e cria mais oportunidade de negócios, mas essa não era uma prática de todos”, afirmou Ana. 

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© – Shutterstock

A B3 decidiu então por em prática uma série de iniciativas para mostrar que investimentos ESG atraem investidores, pois a sociedade vem evoluindo em torno desse contexto. A primeira iniciativa foi fazer um grande check-up com as empresas listadas sobre como estavam seus investimentos em ESG. “Aí, nosso “colesterol saiu alto no exame!” Nossas taxas de diversidade não eram 100% boas, os fatores ambientais podiam ser melhorados e os índices de governança precisavam aumentar”, revelou a executiva. 

Projeto ESG Workspace e novo Índice

A partir desse check-up, a B3 passou a atuar como indutora das empresas a investir em iniciativas ESG, e a resposta tem sido boa. Uma iniciativa recente é o projeto ESG Workspace, para o qual já há um piloto. Ele levanta e analisa todos os investimentos em ESG das empresas, sejam eles dados públicos ou não. Isso ajuda a saber como as companhias estão se comportando e também a levantar tendências de investimento.

Também está sendo desenvolvido um Índice de Diversidade e Inclusão, para aferir o envolvimento das empresas com essas ações. “Estamos conseguindo progressos. Das 100 empresas a quem pedimos os dados, 70 já nos enviaram. O Índice vai permitir um amadurecimento do mercado como um todo, em relação a esses temas. É uma forma de prestar contas à sociedade”, afirmou a vice-presidente da B3.

Cursos de educação financeira

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Foto: Freepik

A própria bolsa de valores passou a desenvolver ações ligadas a temas como Inclusão e Equidade e Educação Financeira. Dentro de uma Agenda ESG, foi criada a B3 Social, com aporte de R$ 50 milhões anuais e voltada, por exemplo, para a educação financeira de pessoas físicas e jurídicas. “Hoje, 70 milhões de brasileiros estão negativados, com o nome no Serasa. Promovemos cursos de educação financeira sobre como lidar com o dinheiro e também sobre como investir”, disse Ana.

Na área de Inclusão e Equidade, a B3 vem desenvolvendo uma iniciativa diferente na seleção de candidatos a emprego. Os gestores de RH recebem os currículos com dados omitidos, como gênero, idade, nome da universidade frequentada e bairro onde moram os candidatos. Isto porque esses dados favorecem, geralmente o candidato homem, branco, de classe média ou classe média alta. Os gestores acabam tendo em mãos apenas a experiência dos candidatos.

O resultado do programa, segundo Ana, é que em 70% dos casos, as contratações foram de candidatos diversos, mostrando que ESG precisa ser aplicado, de fato e que, também de fato, faz diferença nos negócios e na sociedade.




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