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As vantagens do ‘workcation’, modalidade que concilia trabalho e férias

Novo formato, que permite o trabalho em escritórios da empresa em diversas partes do mundo, está sendo adotado por grupos como Google, Citigroup e American Express

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por Redação setembro 19, 2023
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Você já imaginou conciliar trabalho e férias em um formato que agrada tanto os empregadores quanto os clientes, além de a si mesmo ou a própria família? Pois bem, muitas empresas começaram a adotar o chamado ‘workcation’, uma mistura de work (trabalho) e vacations (férias), em inglês, em um potencial substituto do home office.

A nova modalidade pode envolver o trabalho em escritórios da empresa diferentes do local original do funcionário ou, ainda, trazer o conceito de semanas de “trabalho em qualquer lugar“. Neste caso, o funcionário pode trabalhar em uma casa de praia ou de campo, desde que bem equipada para as tarefas necessárias.

A ideia é permitir o trabalho em um local associado a férias, contribuindo para um upgrade na saúde mental dos funcionários, integrando um menu expandido de opções de trabalho pós-Covid. Na melhor das hipóteses, uma “workcation” pode aumentar a produtividade e a criatividade dos funcionários, ao oferecer um pouco do relaxamento das férias no dia a dia.

De acordo com matéria do Financial Times, publicada pela Folha de São Paulo, a escritora Philippa Brackfield, de Londres, costuma trabalhar ao lado do marido em sua casa de campo, em Devon. “Ele diz que, quando está trabalhando aqui, sente como se estivesse de férias, porque pode ir à praia na hora do almoço, ir ao pub às 18h…”, disse ela. O trabalho em meio à natureza – conhecido como “escritório verde” – é uma tendência parecida que, segundo seus defensores argumentam, pode estimular a criatividade.

Demanda é forte

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A tendência é tão nova que os dados ainda são escassos. Mas, uma série de depoimentos de funcionários e políticas corporativas mostram que a demanda é forte. Em uma pesquisa recente da YouGov, 53% dos americanos que podem trabalhar remotamente disseram estar interessados em trabalhar dessa forma nos próximos 12 meses, com maior interesse entre os jovens de 18 a 34 anos. Tanto americanos quanto britânicos apontaram a Itália como seu destino preferido.

No ano passado, o banco americano Citigroup permitiu que os funcionários trabalhassem remotamente nas duas últimas semanas de agosto e dezembro. A American Express introduziu quatro semanas por ano de “trabalho em qualquer lugar”. O executivo-chefe da Alphabet e do Google, Sundar Pichai, escreveu à equipe em 2021: “Os ‘googlers’ poderão trabalhar temporariamente em um local diferente de seu escritório principal durante até quatro semanas por ano (com a aprovação do gerente)”. O objetivo era “dar a todos maior flexibilidade nas viagens de verão e férias”, disse ele.

Um exemplo de ‘workcation’ é o caso de Dalia Hamiyeh, executiva de comunicação da Publicis, de Lausanne, na Suíça, que passará uma semana do verão europeu trabalhando remotamente na terra natal de sua família, o Líbano. Em 2022, o grupo de mídia francês começou a permitir que funcionários trabalhem durante até seis semanas por ano em qualquer um dos mais de cem países onde possui escritórios. “A maioria de nós usa esse tempo no verão”, disse Hamiyeh.

Ela dará sequência à semana de trabalho com 15 dias de férias. Seus primos vindos de Singapura também farão trabalho remoto, e Hamiyeh pretende passar o café da manhã, o almoço e as noites com a família. “Sempre recebo comentários da minha avó de que trabalho demais, mesmo sendo apenas das 8h às 18h”, disse ela. “Mas eles entendem. E são muito gratos. O fato de podermos voltar, mesmo que por algumas semanas, é melhor que nada.”

Empresas assumem questões regulatórias

Qualquer empresa que ofereça essas políticas de trabalho precisa lidar com questões regulatórias: responsabilidades fiscais se um funcionário exceder um determinado tempo em um local, por exemplo, regras de imigração, seguro e protocolos de segurança corporativa.

Muitas empresas veem as “workcations” como uma vantagem pós-pandêmica gratuita que podem oferecer aos funcionários em um mercado de trabalho restrito. Muitas vezes, a opção surge de negociações tensas com os funcionários sobre o futuro dos escritórios. Normalmente, enquanto os profissionais querem mais trabalho remoto, os chefes buscam maior presença no escritório.

Algumas empresas acreditam que as semanas de “trabalho em qualquer lugar” podem aumentar a produtividade. Richard Beech é cofundador da Electroheads, marca de comércio eletrônico de bicicletas e scooters com sede em Londres. Há cerca de um ano, ele escapou para uma casa no litoral na Cornualha (sudoeste da Inglaterra) para lançar o site da empresa, o que conseguiu fazer enquanto também velejava todos os dias.

“Foi uma semana de muito sucesso, em minha perspectiva”, afirmou. “Fiquei surpreso com os benefícios para minha saúde mental”, acrescentou.  Trabalhando num local tranquilo longe do escritório, explicou Beech, “seu ritmo de raciocínio diminui, mas sua produtividade aumenta”.

A Cornualha tem menos distrações que Londres. Até tomar um café lá é menos estressante, observou. Isso permite períodos mais longos de trabalho concentrado, o que é especialmente útil para grandes projetos.

Surge um novo mercado

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Mas há um entrave às ‘workcations’: locais inadequados para o trabalho. Uma boa casa de férias ou hotel não é necessariamente um bom lugar para trabalhar. Para resolver esse problema, várias empresas entraram no mercado de destinos de ‘workcation’.

Aled Maclean-Jones é cofundador da Ashore, plataforma que permite às empresas a reserva de estadias curtas para funcionários em casas de férias britânicas adequadas para o trabalho. Para se qualificarem para a plataforma, as residências devem instalar um espaço de trabalho aprovado pela Ashore e terem excelente WiFi.




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