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Semana de 4 Dias: Pode isso, Arnaldo?

Professor da FDC pontua prós e contras da semana de 4 dias de trabalho

semana de 4 dias Paulo Almeida
por Paulo Almeida 7 de outubro, 2022
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Sessenta e três por cento (63%) das empresas acharam mais fácil atrair e reter talentos com uma semana de quatro dias, segundo um White Paper da ONG 4 Day Week Global: plataforma para pessoas que estão interessadas em apoiar a ideia da semana de 4 dias de trabalho como parte do futuro do trabalho. Este é um primeiro sinal.

semana de 4 dias
© – Shutterstock

Em junho de 2022, mais de 3,3 mil funcionários, em 70 empresas do Reino Unido, começaram a trabalhar quatro dias por semana, sem redução de salário. O projeto piloto terá duração de seis meses e é baseado no modelo 100-80-100 – ou seja: pagar a totalidade do salário em troca de 80% do tempo de trabalho, mas mantendo o compromisso dos colaboradores de manter 100% de produtividade. Nesse estudo, também supervisionado pela ONG 4 Day Week Global, 34% das empresas afirmam que a sua produtividade aumentou, e 86% falaram que é extremamente provável ou provável que mantenham a semana de 4 dias. Esse é um segundo sinal.

Segundo os dados mais recentes do Fórum Econômico Mundial, as iniciativas se multiplicam em países como a Bélgica, onde os funcionários ganharam recentemente o direito de escolher se vão trabalhar quatro ou cinco dias por semana sem perda de salário. 

Na Islândia, um país que realizou teste da semana de 4 dias de trabalho entre 2015 e 2019, foi descoberto que o bem-estar de 2,5 mil trabalhadores aumentou em termos de saúde e equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Já na Nova Zelândia, todos os 81 funcionários do escritório da Unilever estão participando de um teste de um ano com a semana de 4 dias de trabalho e pagamento integral. Se o experimento for bem-sucedido, a empresa considerará estendê-lo para outros países.

Claro que será necessário um novo axioma para lidar com um potencial final da semana de trabalho das 9h às 17h, cinco dias da semana. Em um mundo acelerado por este “novo normal”, BANI (frágil, ansioso, não linear, incompreensível) e VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) – em que um dia de trabalho por vezes se parece com uma semana inteira de esforço laboral – uma semana de trabalho mais curta pode levar a menos desgaste, tornando a equipe mais feliz e mais focada em suas funções. 

Além disso, e ainda segundo o Fórum Econômico Mundial em seus mais recentes Relatórios, a semana de 4 dias tem outras vantagens, como oferecer aos funcionários potenciais e existentes um padrão de trabalho flexível, que ajudará a atrair e reter talentos. 

Também existem algumas desvantagens potenciais, considerando que esse modelo não é adequado para todos os setores: alguns exigem uma presença sete dias por semana, o que pode tornar impraticável uma semana de trabalho curta. Em algumas áreas, como o de saúde – que demandam que os funcionários trabalhem em turnos longos – pode haver aumento de custos, com as empresas tendo de pagar horas extras. O mesmo vale para outros serviços de emergência, redes de transporte público e logística. 

Mas a semana de 4 dias se soma a uma tempestade perfeita, dado este momento em que observamos as tendências positivas de atenção para a saúde mental, para a necessidade de as empresas terem um propósito e do trabalho ter um significado e um impacto mais global no mundo. Como sempre fala o Antonio Batista, presidente executivo da FDC,  serão, justamente, as empresas que adotarem essas práticas mais sustentáveis, modernas, e de humanização do trabalho e dos trabalhadores, que terão um futuro.

Então, pode isso, Arnaldo? Ao que esses sinais indicam: sim, pode!

* Paulo Almeida é professor de Liderança e Pessoas da Fundação Dom Cabral




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