A realidade dos profissionais transgêneros mostra que 69% deles ocupam cargos operacionais nas empresas onde atuam. Além da limitação na carreira, são pessoas que recebem 26% a menos do que seus pares cis. O recorte negativo é resultado, entre outras coisas, do baixo acesso aos estudos: 68% têm apenas o ensino médio ou fundamental completo, contra a média de 45% entre os cisgêneros.

De forma geral, apenas três entre dez transgêneros fogem do perfil com educação restrita e empregabilidade sem um aceno de ascensão profissional. Os dados são da empresa de recrutamento e seleção Vagas, e foram baseados em pouco mais do que 44,5 mil currículos de pessoas trans, a maioria mulheres trans (54%), de um universo de mais de 25 milhões de currículos.

Desigualdades surgem no ensino básico

A pesquisa também confirma que as discrepâncias no mercado de trabalho espelham as desigualdades sociais que atingem os transgêneros, conforme reportagem do jornal Valor. As disparidades que envolvem o ensino continuam em termos de acesso a níveis hierárquicos mais altos e às faixas salariais maiores, na avaliação de Renan Batistela, especialista em diversidade, equidade e inclusão no Vagas.

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Os dados mostram ainda que os currículos dos transgêneros focam (70%) em vagas para cargos como auxiliar, operacional ou técnico. A média entre os profissionais cis é de 55%. As métricas citadas comprovam a transfobia, mas podem ser o começo de um novo endereçamento da questão: para os especialistas não basta abrir a oportunidade de emprego, mas, também, é necessário criar condições de trabalho para quem é diverso.

Entre as iniciativas de inclusão está o letramento dos demais profissionais cis que vão receber os colaboradores em programas de diversidade e inclusão. Para Renan, muitas corporações não estão preparadas ainda para receber trans em posições de liderança. Entre as possíveis estratégicas para mudar esse quadro estaria a contratação inclusiva também para posições de C-level, priorizando o público LGBTQIAP+.

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