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Pandemia deixou mulheres mais ambiciosas

Trabalho híbrido ou remoto favoreceu a flexibilidade, especialmente entre as mulheres que têm filhos

mulheres ambiciosas © - Shutterstock
por Redação novembro 3, 2023
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As mulheres se tornaram mais exigentes e mais ambiciosas após a pandemia de Covid-19, segundo a Women in the Workplace, pesquisa anual da Lean In, organização que trabalha pela equidade de gênero, em parceria com a McKinsey & Company. Do grupo feminino entrevistado, 81% manifestaram o desejo de serem promovidas neste ano. Isto representa um aumento em relação à pesquisa de 2019, quando apenas 70% disseram o mesmo. Tanto as mulheres negras quanto as mais jovens são especialmente ambiciosas, pois mais de 90% delas esperam crescer profissionalmente no próximo ano.

Esta é a 9ª edição do relatório Women in the Workplace, que ouviu mais de 27 mil profissionais, de 270 empresas. A adoção de modelos de trabalho híbrido e remoto durante e após a pandemia pode ser a razão das crescentes expectativas de mulheres ambiciosas. A pesquisa mostrou que uma em cada cinco mulheres afirmou que a flexibilidade é fundamental para evitar que reduzam a jornada de trabalho ou abandonem o emprego. Mães com filhos pequenos valorizam excepcionalmente a flexibilidade. Sem esse benefício, 57% das mulheres com filhos afirmam que teriam que reduzir a jornada ou pedir demissão.

Mulheres ambiciosas e preocupação com a aparência

© – Shutterstock

Além de mais tempo para cuidar dos filhos, mais da metade das mulheres entrevistadas apontaram a redução da pressão com a aparência como um benefício do trabalho remoto. Uma pesquisa do veículo norte-americano Today descobriu que as mulheres gastam aproximadamente 55 minutos todos os dias se arrumando. Ter uma hora extra por dia para se concentrar no trabalho ou desenvolver qualquer outra atividade em vez de se preocupar com a aparência, portanto, é vantajoso para a carreira de qualquer pessoa, diz reportagem da Forbes sobre a pesquisa.

Se, de um lado surgem as mulheres ambiciosas, de outro, velhos obstáculos ainda são relevantes no trabalho feminino. O principal deles está nos primeiros degraus da hierarquia corporativa: a promoção feminina para uma primeira posição de liderança ou gerência.

Homens conseguem mais promoções no início da carreira

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Os homens têm maior probabilidade de serem promovidos em cargos de nível inicial de carreira para posições de gestão. Esse desequilíbrio é um fenômeno que tem sido a barreira mais significativa relacionada a gênero nos nove anos desde o início do relatório da McKinsey.

O relatório mostra ainda que, neste ano, a cada 100 homens promovidos para um primeiro cargo de gerência, apenas 87 mulheres receberam uma promoção semelhante. E para as mulheres negras, a diferença é ainda maior: apenas 73 foram promovidas e o número ficou abaixo, inclusive, das 82 do ano passado.

A desigualdade no início da carreira também ajuda a explicar por que menos mulheres, e especialmente mulheres negras, chegam a níveis superiores de liderança.

Os pesquisadores descobriram que as mulheres, ambiciosas ou não, enfrentam as chamadas microagressões – comentários ou ações que insultam, mas de forma mais sutil do que a discriminação explícita – em um grau maior que os homens. Isto, segundo eles, tem um impacto significativo no bem-estar.

Efeitos das microagressões

As microagressões podem, em casos mais sérios, impactar a produtividade no trabalho. “As mulheres que sofrem microagressões têm menos chance de se sentirem psicologicamente seguras no contexto profissional, o que torna mais difícil assumir riscos, propor novas ideias ou levantar preocupações”, dizem os pesquisadores. Com o tempo, esse cenário pode levar ao esgotamento. Estudos na área da medicina indicam que microagressões também estão associadas a problemas de saúde, como depressão e pressão alta.

Para criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e reduzir a probabilidade dessas violências, o relatório Women in The Workplace recomenda promover o conhecimento dos funcionários sobre essa discriminação. As empresas devem criar uma cultura que incentive as pessoas a reagir quando testemunharem um comportamento desrespeitoso. “Embora estas conversas possam ser difíceis, muitas vezes conduzem a uma aprendizagem e crescimento valiosos”, diz o estudo da McKinsey.

Em outro aspecto, em relação às promoções em início de carreira, a pesquisa recomenda que as empresas analisem quem está sendo indicado para as gerências e, também, que tenham promoções por critérios de raça e gênero. Esse monitoramento permite que as companhias identifiquem desigualdades e trabalhem para resolvê-las.




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