Durante a pandemia da Covid-19, os diretores de RH das empresas acabaram assumindo uma nova posição. Diante de tantos desafios para manutenção dos negócios e continuidade do trabalho dos funcionários em segurança, estes profissionais passaram a trabalhar com olhar mais atento à medicina, a fim de decidirem as ações de enfrentamento da pandemia pela organização. Quem trabalha, onde e em que horário, quem usa máscara e como montar um comitê de crise foram apenas algumas das atribulações que passaram a ser vividas pelo profissional que atua no setor de recursos humanos.
Este papel inesperado de liderança e capacidade de articulação impôs aos diretores de RH uma série de desafios de uma agenda não planejada. E agora, mesmo com a pandemia sob controle, esses profissionais ainda mantêm o protagonismo. Afinal, empresas no Brasil e no mundo precisaram criar uma política de home office obrigatório. Transitar para um modelo integral de trabalho remoto de maneira repentina exigiu imensa flexibilidade, agilidade e eficiência.
O home office, que em alguns casos migrou para um modelo de trabalho híbrido, trouxe muitos obstáculos e desafios para os profissionais de RH, que hoje ainda têm de gerenciar os impactos que a pandemia causou nos colaboradores. É inegável que o período de pandemia trouxe uma transformação não apenas para o setor corporativo, mas também para todas as relações atuais.
No “novo normal”, quem evoluiu tem mais chances de sucesso
Transitar para um modelo integral de trabalho remoto de maneira repentina exigiu imensa flexibilidade, agilidade e eficiência. Uma pesquisa realizada pelo PwC mostra que, ao enfrentar uma crise, 19% das empresas terminam piores, 36% se mantêm na mesma posição e 42% conseguem sair bem sucedidas. O levantamento é anterior à pandemia e ainda não foi mensurado em que posição estão as empresas hoje, mas, sem dúvida o papel do diretor de RH tem sido fundamental para se alcançar a terceira alternativa.
“O período de pandemia abriu a porta de um mundo novo para o profissional de RH”, disse Marco Dalpozzo, professor convidado da Fundação Dom Cabral e coordenador técnico do programa RH Triple A (Autonomia, Antecipação e Adaptação), que tem como objetivo acompanhar – ou antecipar – todos os novos movimentos globais de gestão de pessoas.
Em dois anos, segundo ele, acelerou-se o que não tinha andado em 40. “Surgiu um mundo novo. Um mundo digital, global, de conversão ao ESG e à sustentabilidade. E agora? Como estamos? Quem somos depois disso tudo? O que podemos e queremos construir, regenerar, preservar, inovar nas organizações?”, questiona.
Em sua avaliação, para transformar os desafios atuais em aprendizado e crescimento, é imprescindível que os profissionais de RH estudem o mercado e novas tendências, como as transformações digitais, mas, principalmente, cuidem do maior ativo das empresas: as pessoas. “Está cada vez mais claro que o ato de cuidar de pessoas é fundamental para o futuro do negócio, primeiro porque as organizações são feitas de pessoas e, segundo, porque somente as pessoas conseguirão concretizar as transformações necessárias daqui pra frente”, alerta.