A consultoria Gartner apontou que 70% das empresas em todo o mundo têm, em algum momento, metas e indicadores-chave de desempenho (KPIs) inúteis. Os dados são de uma pesquisa realizada globalmente com 3 mil executivos. Com isso, é provável que muitos profissionais estejam sendo desnecessariamente pressionados em seus ambientes de trabalho.

Para Lísia Prado, sócia da House of Feelings e comentarista da HSM Management, o fato apontado pela Gartner indica que a busca de performance sem sentido tem vários efeitos colaterais, inclusive para a saúde mental dos colaboradores.

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Em um artigo recente, a especialista argumenta que uma corrida sem rumo em direção a alvos, muitas vezes nebulosos, pode estar dominando a busca por desempenho nas empresas. Ela acrescenta que o tema não é recente e foi abordado pelo consultor David Graeber no livro Bullshit Jobs, publicado há uma década.

Metas inúteis causam desmotivação

O perfil das ocupações inúteis, na avaliação de Graeber, é o de serem altamente demandantes de tempo e de recursos, mas sem clareza sobre propósito ou significado real. Nessa lista estão, ainda, as metas sem ligação clara com os planos das empresas e que acabam funcionando como “fardos desnecessários”.

Um dado importante listado por Lísia na pesquisa do Gartner é que 35% das empresas pesquisadas têm metas que não estão alinhadas com os objetivos estratégicos. E um quinto delas teria KPIs difíceis ou impossíveis de atingir, piorando ainda mais o cenário. Nos dois casos, ela avalia que a situação inadequada funciona como uma âncora, pesando no trabalho dos colaboradores e no desempenho das empresas.

O problema, na prática, é que metas inúteis impedem a identificação de um propósito, levando à desmotivação e à redução do engajamento dos profissionais. E como não são alcançáveis, criam um ambiente nocivo de pressão. O desinteresse gerado nesse cenário também prejudica as relações interpessoais e a colaboração nas empresas, segundo Lísia.