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Médias empresas de comércio quase ficaram sem lucro em 2022

Radar de Mercado das Médias Empresas 2023 traz uma detalhada análise do desempenho das empresas desse setor entre 2021 e 2022

médias empresas de comércio © - Shutterstock
por Redação outubro 27, 2023
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O aumento dos custos operacionais, a maior concorrência, com queda de preços nas vendas, e a volatilidade nos preços das matérias-primas estão entre os três fatores que influenciaram na redução de 8,4% na receita líquida das médias empresas brasileiras em 2022. A comparação com 2021 também mostra retração quando o assunto é o EBITDA: redução de 14,1% em relação ao ano anterior. 

Os resultados de lucro líquido são ainda mais acentuados e indicam uma queda de 14,93%. Nesse último caso, as razões para a retração acentuada envolvem o impacto financeiro dos juros e despesas financeiras. A saber: a taxa básica Selic aumentou de 9,25% para 13,75% entre 2021-22. 

Queda das médias empresas de comércio

© – Shutterstock

O desempenho dos vários setores não foi igual no biênio. É o que mostram as margens de EBTDA e líquida nos setores da indústria, do comércio e de serviços. Esse último, por exemplo, apresentou as maiores margens EBITDA, seguido pela indústria, enquanto o comércio teve as margens mais baixas. De forma simplificada teria havido uma melhoria na eficiência operacional das empresas de serviço e redução expressiva no comércio, além de uma queda menor, na indústria. 

Os dados acima fazem parte do Radar de Mercado das Médias Empresas 2023, um detalhado estudo realizado pelo Centro de Inteligência para Médias Empresas Fundação Dom Cabral (FDC). O relatório envolveu a avaliação de quase 7 mil empresas classificadas nessa categoria, praticamente triplicando a base de dados de análises anteriores da FDC. O estudo focou-se no desempenho econômico-financeiro dessas organizações no biênio 2021-22. 

Para Mauro Oliveira, gerente de Médias Empresas da FDC e um dos três autores do documento, 2022 foi o ano de retorno à normalidade, com o “fim oficial” da pandemia de Covid-19, mas também acumulou os resultados atípicos dos dois anos anteriores. Ele pontua o ano passado como de grande assimetria entre as empresas, tanto em relação ao porte, como também em termos de faturamento, EBITDA e lucro líquido, esses três últimos fatores bastante detalhados no estudo. 

Eduardo Menicucci, professor associado da FDC, também autor do documento, ressaltou a queda percentualmente não pequena do faturamento das médias empresas, em um encontro online sobre a divulgação dos resultados. Para ele, o resultado no biênio 2021-22 teve como causas o esgotamento das cadeias de produção e de consumo e do esgotamento do crédito, além de uma dificuldade geral de renda. 

“A receita de qualquer empresa de qualquer setor, tamanho, porte ou tempo de existência, será sempre fruto do preço vezes a quantidade. Houve uma queda de receita, mas não temos acesso à informação para saber se ela se deu por redução de preço – a redução da inflação sinaliza para isso em vários setores – ou uma redução do volume da quantidade”, argumenta. “Ou ainda pela combinação de uma redução de preço e de volume”, complementa. 

Diferenças regionais

A margem líquida bastante reduzida do comércio no período foi apontada pelo professor e deixou esse setor quase sem lucro no biênio. A margem EBITDA também foi impressionante, com uma redução de pouco mais de dois terços – 67% – entre 2021 e 2022.

Menicucci destacou ainda outros dois resultados do relatório a respeito do ano de 2022: o EBITDA médio das médias empresas (22%) e o lucro líquido médio (8%). “Essas informações são inéditas e nós estamos divulgando para que as médias empresas tenham esses parâmetros gerais de referência”, argumentou.

Uma das novidades do estudo de 2023, com dados consolidados de 2021-22, é a concentração e o desempenho das médias empresas por região. O relatório da FDC aponta que o Sudeste não só concentra o maior número desse tipo de empresa, como também mostrou um aumento na margem EBITDA, diferente da segunda região mais concentradora – Sul – onde a margem foi menor.

Já o Nordeste, aumentou substancialmente sua margem EBITDA, mas não foi eficiente na margem líquida, com redução de 1 ponto percentual. O Centro-Oeste e Norte, são respectivamente, as quarta e quinta regiões com maior presença de médias empresas. 

A amostra do estudo incluiu 6.917 médias empresas, selecionadas por meio da plataforma EMIS. Os dados foram estatisticamente ponderados para representar a população nessa classe e em função da distribuição por setor e por região do Brasil. Além dos dois professores citados acima, Plínio Monteiro, professor convidado da FDC e doutor em marketing estratégico e análise de dados, também integrou a equipe que elaborou a pesquisa e o relatório.




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