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Estudo divulgado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e publicado no site MIT NEWS revela que os constantes incêndios florestais em países do Sudeste da Ásia estão afetando psicologicamente os habitantes da região e, curiosamente, acentuando a mudança de humor nas segundas-feiras. Quando o fim de semana termina e a semana de trabalho começa, grande parte das pessoas se mostra desanimada. “Elas ficam ansiosas ou tristes quando têm de ir trabalhar na segunda-feira”, diz um dos coautores do levantamento, Rui Du.
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O estudo, “Transboundary Vegetation Fire Smoke and Expressed Sentiment: Evidence from Twitter,” (Fumaça de incêndio em vegetação transfronteiriça e sentimento expresso: evidências do Twitter), foi publicado online no Journal of Environmental Economics and Management. Além de Rui Du, professor assistente de Economia na Universidade de Oklahoma, o artigo é assinado por Siqi Zheng, professor do Departamento de Estudos Urbanos da MIT; Ajkel Mino, do Departamento de Ciência de Dados e Engenharia do Conhecimento na Maastricht University; e Jianghao Wang, do Instituto de Ciências Geográficas e Recursos Naturais na Chinese Academy of Sciences.
A investigação baseia-se na análise dos acontecimentos de 2019 no Sudeste Asiático, quando uma série de incêndios florestais na Indonésia, aparentemente relacionados com alterações climáticas e o desmatamento para a indústria do óleo de palma, produziram uma enorme quantidade de neblina na região. Os problemas de qualidade do ar afetaram sete países: Brunei, a própria Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietnã.
Em grande parte provocados por queimadas causadas pela indústria do óleo de palma – ou azeite de dendê –, os incêndios afetam o meio ambiente e geram fumaça, que prejudica a qualidade do ar para a respiração. O estudo mostra, também, que os incêndios mudam o humor de quem vive nos países desta região do planeta.
“Os incêndios geram um impacto negativo substancial no bem-estar subjetivo das pessoas. Este é um grande efeito”, diz Siqi Zheng.
Pesquisa baseia-se no X (ex-Twitter)
Para conduzir o estudo, os professores produziram uma análise em larga escala das postagens de 2019 no X (ex-Twitter) para obter uma amostra do sentimento público. A pesquisa envolveu 1.270.927 de tweets de 378.300 usuários.
A análise concluiu que a exposição diária aos níveis de fumaça de incêndios florestais durante a semana na região produz uma mudança grande no sentimento geral.
Além disso, o estudo também revelou que as pessoas que vivem perto das fronteiras internacionais têm mais probabilidade de se perturbar quando a fumaça vem de um país vizinho. Quando condições semelhantes surgem no seu próprio país, a reação é mais discreta.
“No Sudeste Asiático, este é realmente um grande problema, pois são muitos países pequenos agrupados”, observa Zheng.
Conflitos na região
O ano de 2019 foi um dos piores no Sudeste Asiático em relação aos incêndios florestais, quando a fumaça gerada na Indonésia afetou muito Cingapura e Malásia, conforme analisa matéria no site da Deutsche Welle. A poluição gerou doenças respiratórias, fechamento de escolas e provocou atritos diplomáticos entre governos da região.
Em geral, perto fim do ano, grandes partes do Sudeste Asiático sofrem com a poluição do ar, cuja causa são os incêndios florestais contínuos na Indonésia, especialmente na ilha de Sumatra e em Kalimantan, a parte indonésia da ilha de Bornéu. Agricultores são acusados de iniciar queimadas, a maioria delas ilegais, para obter novas áreas de cultivo, especialmente para o óleo de palma.