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Empresas ampliam metas de internacionalização

Pesquisa da FDC mostra que 68,9% das entrevistadas planejam entrar em novos mercados nos próximos dois anos e 64,4% programam expansão onde já atuam

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por Redação setembro 30, 2023
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Empresas brasileiras vivenciam um movimento de internacionalização de seus negócios. Em sua 16ª edição, a pesquisa Trajetórias FDC de Internacionalização das Empresas Brasileiras revelou que, das 237 companhias ouvidas, 68,9% planejam entrar em novos mercados nos próximos dois anos. E 64,4% programam sua expansão nos mercados em que já atuam. O que sustenta a abertura destes caminhos são aspectos como novas possibilidades de atuação comercial no exterior, crescimento do e-commerce, consolidação de alianças e parcerias, oferta de produtos inovadores e maior reconhecimento da marca.

A pesquisa mostrou que as empresas estão mais bem-estruturadas para trilhar avanços no exterior: 68,5% delas têm capacidade de produção e entrega de produtos e serviços para atender às demandas previsíveis do mercado internacional, sendo que metade dessas organizações também consegue responder rapidamente a eventuais oscilações de demanda.

Para mais da metade das empresas, a internacionalização foi uma decisão estratégica, como parte de um plano de crescimento global no longo prazo. Os objetivos são ambiciosos: 33,9% das organizações entrevistadas visam alcançar mais do que 30,1% do faturamento proveniente de negócios internacionais nos próximos dois anos. Para 50,9%, a internacionalização é uma visão compartilhada por todos os acionistas, executivos e colaboradores.

Maioria das entrevistadas está nas regiões Sul e Sudeste

Realizada pelo Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral, a pesquisa conta com patrocínio da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), instituição que promove produtos e serviços brasileiros no exterior e atrai investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. As empresas escolhidas são de setores diversos e têm variados portes, das grandes às startups. Mais da metade delas possui matriz na região Sudeste, sendo quase 40% no estado de São Paulo. A região Sul ocupa o segundo lugar, com 40% das organizações.

A pesquisa mostrou que quase 80% das instituições pesquisadas começaram a se internacionalizar após os anos 2000. A virada de século foi um marco na consolidação da era da tecnologia e, consequentemente, um aprofundamento nos meios de comunicação, transporte e informação, elementos-chave para a internacionalização.

O gráfico a seguir mostra as modalidades de internacionalização utilizadas pelas empresas para atuar no exterior. Importante explicar que cada uma delas pode responder por mais de uma modalidade, e por isso a soma dos percentuais supera 100%.

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Exportação é a principal modalidade de atuação internacional

A maioria das empresas da amostra atua no exterior principalmente na modalidade exportação. Além disso, a presença virtual se estabelece entre as cinco primeiras opções mais escolhidas para a internacionalização.

O contexto atual, marcado pela transformação digital e por diversas formas de atuação no mercado internacional, levou o estudo a compreender que o conceito de empresa internacionalizada precisa evoluir.

Ser uma empresa internacionalizada, hoje, envolve uma variedade de formas de inserção e interação com o mundo, desde as mais tradicionais, como manter subsidiárias, até modalidades que não envolvem investimento massivo no exterior, mas que proporcionam a inserção das empresas no mundo. É o caso das franquias ou licenciamento de marcas/produtos, da atuação em redes de parcerias e da presença virtual, por meio de aplicativos ou de plataformas digitais. As tecnologias de comunicação e o trabalho remoto, impulsionados pela pandemia, também permitiram uma melhor gestão de equipes multilocalizadas.

Para melhor compreensão da pesquisa, os índices utilizados são baseados no Modelo FDC de Criação de Valor Internacional, que é composto por seis dimensões: Objetivos de Internacionalização (OI); Proposta de Valor (PV); Modelo de Negócios (MN); Modelo Organizacional (MO); Talentos e Liderança (TL); e Gestão de Stakeholders (GS). Cada uma delas possui indicadores que são analisados em uma escala de 1 a 5, mostrando o estágio e maturidade da empresa no processo de internacionalização, sendo:

  1. foco no mercado doméstico;
  2. consciência dos benefícios/intenção de se internacionalizar;
  3. internacionalização pontual;
  4. internacionalização profissional;
  5. player global.

Ranking geral de criação de valor internacional

A partir dos indicadores, são elaborados vários rankings, de acordo com a categoria estabelecida. Apresentamos abaixo os 20 primeiros colocados no Ranking Geral de Criação de Valor Internacional.

Stefanini
Empresas Artecola
WEG A.S.
Fastdezine
Fitesa
CZM Indústria de Equipamentos S.A.
Grupo Serpa
Gerdau
Bhars Exportação de Alimentos Ltda
10ºSabó
11ºMarcopolo S.A.
12ºSzinkrónia Serviços Ltda (detentora da Caipora)
13ºBello Alimentos Ltda
14ºVale S.A.
15ºBanco Bradesco S.A.
16ºInterunion Comércio Intl. Ltda
17ºExpor Manequins Displays e Acessórios Ltda
18ºSuzano
19ºBanco do Brasil S.A.
20ºGauss Indústria e Comércio Ltda

EUA são o principal destino das operações

Os países mais escolhidos pelas empresas, como destino para suas operações internacionais, se encontram no continente americano, com predomínio dos EUA, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile, como mostra tabela abaixo, referente à modalidade exportação.

  EUA43,8%
  Argentina43,3%
  Paraguai41,8%
  Uruguai40,7%
  Chile40,2%
  Bolívia33,0%
  Colômbia31,4%
  Peru28,9%
  Equador24,7%
  México23,7%
  Costa Rica19,1%
  África do Sul17,5%
  Reino Unido17,0%
  Canadá16,5%
  Panamá16,5%

Destaques do diagnóstico de criação de ialor Internacional

A pesquisa aponta que, em geral, as empresas brasileiras estão bem desenvolvidas em termos de proposta de valor. Por exemplo, quando se trata de precificação internacional, elas consideram diferentes fatores (custo de produção, demanda, tributos, investimentos em marketing, valores praticados pela concorrência e variação cambial) para a composição de seu preço. Por outro lado, suas marcas ainda são pouco conhecidas no exterior e, para 73,9% das organizações pesquisadas, o market share no mercado internacional ainda é baixo.

  • 46,7% das empresas possuem parte da comunicação em dois ou mais idiomas e traduzem demais materiais mediante necessidade.
  • 36,5% desenham seus produtos para o mercado brasileiro, fazendo adaptações pontuais para os outros países.

Modelo Organizacional

O Modelo Organizacional das empresas está pouco preparado para apoiar a expansão internacional. Grande parte delas (51,2%) não possui departamento de internacionalização ou estrutura exclusiva dedicada às operações internacionais.

  • 56% das empresas não conduzem atividades de P&D ou aquelas que contemplam exclusivamente o mercado doméstico.
  • Para 52,8%, as decisões estratégicas relacionadas à atuação internacional são tomadas exclusivamente pela matriz e informadas às estruturas internacionais.

Talentos e Liderança

As empresas contam com profissionais dedicados à internacionalização, mas investem pouco em sua capacitação para lidar com as complexidades do ambiente global.

  • Em 61,4% das empresas, apenas os profissionais da área de negócios internacionais e alguns de outros setores estão preparados para as operações internacionais.
  • A maior parte das empresas (78,2%) possui menos de 10% de seus funcionários no exterior.
  • Apenas 11,8% dizem que a maioria dos profissionais domina a língua inglesa ou o idioma necessário à internacionalização.

Gestão de stakeholders

Essa é a dimensão menos desenvolvida do Diagnóstico de Criação de Valor Internacional. A maioria das empresas (84,8%) não publica relatório de sustentabilidade ou, quando faz a publicação, é somente em português.

  • 68,9% das empresas ainda não têm práticas ESG ou as adotam apenas no mercado doméstico.
  • 67,9% não têm conhecimento sobre organizações ou entidades empresariais/acadêmicas/civis nos países em que atuam.
  • 52,2% não se relacionam com stakeholders internos (acionistas e investidores, parceiros, funcionários, clientes, fornecedores) e 72,5% não se relacionam com stakeholders externos de forma estruturada nos países em que atuam.

Empresas fazem balanço positivo de sua atuação

A maioria das empresas afirmou que seus resultados melhoraram nos últimos dois anos, sendo que, no Brasil, essa melhora foi ligeiramente maior no que no exterior: 57,9% contra 54,6%. Já em relação a investimentos, 56,9% das empresas aumentaram seus aportes no Brasil, enquanto 45,1% aumentaram investimentos no exterior.

Os gráficos a seguir mostram a percepção das empresas em relação aos resultados no Brasil e no exterior nos últimos dois anos, assim como seus investimentos domésticos e internacionais.

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