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“Economia da solidão” entra no foco de mercados

Pesquisa da Gallup e da Meta mostra que 24% da população é solitária; Indústrias de tecnologia, alimentos e entretenimento miram esse público

economia da solidao © - Shutterstock
por Redação março 6, 2024
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Não se sabe quantos dos entrevistados são solitários por opção ou por condições impostas pela vida, mas pesquisa realizada pelo Instituto Gallup e a Meta – dona de WhatsApp, Facebook e Instagram – revelou que 24% da população mundial se declara muito ou razoavelmente sozinhos. Esse novo cenário, de tanta gente sozinha no mundo, está despertando o interesse e investimentos, por exemplo, da indústria de tecnologia, alimentação, entretenimento e serviços. É a chamada economia da solidão.

Os dados da pesquisa são impressionantes. Considerando o total de pessoas entrevistadas, os 24% correspondem a um em cada quatro entrevistados – ou um quarto – se revelando solitários. A pesquisa foi realizada em 142 países, o que representa cerca de 1 bilhão de pessoas. O número pode ser ainda maior porque a China não foi pesquisada. O percentual de solidão é o mesmo para homens e mulheres. No Brasil, 15% dos entrevistados afirmaram ser sozinhos.

Solidão ou solitude?

O levantamento não abordou quantos dos entrevistados se sentem felizes ou não por serem muito ou razoavelmente solitários, nem quantos vivem em condição de solidão – que pode ser o sentimento de se sentir sozinho – ou de solitude, sentimento de estar só e conseguir aproveitar a própria companhia, não se sentindo sozinho de fato. Sozinhos por opção ou não, esse público cresce na mira da economia. Para especialistas, a chamada “economia da solidão” vai crescer ainda mais, segundo matéria publicada na  Folha de S.Paulo.

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“É uma área de estudos muito incipiente ainda. É algo bem recente. Mas o que vemos são serviços voltados para a área de tecnologia, que entendem a questão do indivíduo”, diz Silvye Massaini, professora de finanças da ESPM no curso de administração.

Economia da solidão: solitários consomem menos

© – Shutterstock

Os solitários, segundo estudos, também consumiriam menos do que quem costuma viver em grupo.

“Estudos relatam que quem costuma sair sem companhia economiza mais dinheiro e tem mais facilidade para tomar decisões de consumo. Em grupos, há a tendência a consumir mais, porque há pressão social. Todo mundo pediu mais uma bebida, então você tem de pedir também”, diz Annaysa Salvador Muniz Kamiya, especialista em comportamento do consumidor e professora de pesquisa de mercado e estatística aplicada da ESPM. “No supermercado, a pessoa que está sozinha se dá ao luxo de consumir coisas que não consumiria em grupo por causa do custo. E as empresas perceberam isso e lançam embalagens mais compactas”, acrescenta.

Produtos e serviços oferecidos

Não é só a indústria dos supermercados que percebeu essa tendência. Empresas de diversas áreas em todo o mundo também criam produtos os serviços para os solitários, conforme listamos abaixo.

  • No Reino Unido, o serviço Open Table, de reservas de mesas em restaurantes, registrou aumento de 160% nos pedidos para mesas individuais na última década.
  • O Uber incluiu a opção, em diferentes países, inclusive no Brasil, de viajar em silêncio, com o motorista alertado para não puxar conversa, o que está na categoria Comfort.
  • Para quem se sente sozinho, aparelhos para a casa como Alexa e Siri são capazes de manter conversas superficiais, responder perguntas e dar “bom dia”.
  • No Japão o serviço “rent a girlfriend” (alugue uma namorada) se tornou popular. Por US$ 40 a hora (cerca de R$ 200), o contratante tem a companhia, que não envolve relação sexual.
  • Sites como o cuddlist.com disponibilizam sessões de abraços por 60 minutos. O preço é de US$ 60 (cerca de R$ 300).
  • A pandemia da Covid-19 aumentou em mais de 300% a procura pelo Lovot, um robô que faz o papel de bicho de estimação, mantém a temperatura próxima a do ser humano e pede abraços.
  • Plataformas como a VRChat projetam ambientes de realidade virtual com imersão do usuário e avatares customizados.



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