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Como ser um profissional multipotencial

Profissionais devem incrementar habilidades além das da sua carreira de origem, explica especialista

profissional multipotencial Bruno H. Rocha Fernandes (Foto: FDC)
por Redação outubro 10, 2023
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A sobrevivência e a progressão no mercado de trabalho vêm exigindo do profissional características de multipotencial, ou seja, desenvolver habilidades e visões que vão além de sua expertise principal. Para Bruno H. Rocha Fernandes, professor do Mestrado e Doutorado Profissional em Administração da Fundação Dom Cabral (FDC), o profissional multipotencial deve buscar sempre reinventar-se ao longo de sua carreira. E com o aumento da longevidade e as mudanças tecnológicas constantes, a necessidade de reinvenção pode se tornar ainda mais frequente.

“Alguém consegue lembrar de um profissional, em qualquer área, que faz as mesmas coisas, do mesmo jeito que fazia há 20 anos? Se conseguir lembrar, seguramente serão poucos casos”, exemplificou Bruno.

Profissional multipotencial envolve vários caminhos

Mas o conceito de ser um profissional multipotencial envolve vários caminhos e dimensões. O professor afirma que, ao longo de sua trajetória, o profissional pode ter várias carreiras. Isso significa saber desenvolver múltiplos potenciais para permanecer relevante no mercado de trabalho. Mas esse não é o único caminho, nem necessariamente uma exigência de mercado. O profissional multipotencial pode manter-se na mesma carreira a vida toda, mas deve saber situar sua expertise num contexto maior, agregando mais valor ao seu trabalho, sempre a partir da reinvenção.

profissional multipotencial
© – Shutterstock

Em alguns casos, a sobrevivência no mercado pode implicar buscar uma nova formação, especialmente quando o espaço de atuação perde relevância, seja por mudanças tecnológicas, seja por se esgotar ou reduzir a área de trabalho da ocupação atual. Mas muitas vezes a guinada profissional nem implica uma mudança de área, mas apenas atualizar-se para continuar atuando no próprio campo. No entanto, é a leitura ampla e sistêmica da realidade do profissional que permitirá identificar áreas de oportunidade e, até mais importante, como estas áreas se conectam com o repertório e a bagagem que o profissional multipotencial já tem.

O professor cita como exemplo um profissional da área financeira que pode aproveitar sua experiência em operações financeiras tradicionais e investir em novos conhecimentos de blockchain e criptomoedas e estender sua carreira com base neste novo repertório – seja na própria organização, seja em outra, ou prestando serviços como consultor.

“A mensagem aqui é que precisamos nos ancorar no que já temos como base para novos movimentos”, argumentou Bruno.

A importância do “profissional em T”

profissional multipotencial
© – Shutterstock

O mestre explica que a ideia de um profissional multipotencial remete ao conceito de “profissional em T” – alguém que domina uma área de base, em que tem proficiência (a “perna” vertical do ‘T’), mas tem também capacidade de conectar esta sua expertise a outros saberes (o “braço” horizontal do ‘T’). Esta segunda dimensão, a horizontal, sugere a visão sistêmica, o olhar transversal do profissional multipotencial de saber enxergar sua área específica a partir de um olhar integrado e, nesta medida, ter uma capacidade de desenvolver soluções abrangentes, que levam em conta impactos de sua área específica em diversos componentes da organização ou mesmo fora dela.

Mas dentro do conceito do “profissional em T”, só quem tem uma visão do todo identifica oportunidades de atuação e o necessário desenvolvimento pessoal para estar à altura das novas perspectivas. Outro aspecto importante é que mesmo o especialista – aquele focado e bem sucedido em uma mesma profissão – precisará se reinventar para continuar relevante. O especialista também precisa desenvolver e ampliar seu repertório horizontal à luz do conceito do profissional em ‘T’ para tornar sua contribuição mais valiosa e crescer na carreira. Investir em novas tecnologias e novos saberes é importante para todos, mas é ainda mais relevante no caso dos que buscam uma transição de carreira.

Alternativas para quem chegou ao topo da carreira

Mas para quem chegou ao topo da carreira, que caminhos seguir para continuar avançando? Esse profissional deve estar aberto a mudar de área para buscar novos horizontes ou não? Bruno acredita que sempre há oportunidades de aplicar o repertório acumulado pelo profissional multipotencial em novos contextos e continuar agregando valor. Mas ressalva que, se alguém que alcançou a posição de C-Level numa organização não vislumbra espaço para continuar crescendo nela, buscar novas empresas ou novos campos de atuação pode ser uma alternativa. O profissional, contudo, precisa se preparar para fazer este movimento. Nesta movimentação, é importante considerar a expertise acumulada e o que precisa agregar para continuar relevante. Bruno dá um exemplo desta situação.

“Conheço um profissional que alcançou a vice-presidência de RH de uma grande organização. Percebendo que seria difícil continuar a progredir naquela empresa, este profissional investiu em uma formação acadêmica: fez um mestrado e, em seguida, um doutorado em Administração. Seu objetivo era reposicionar-se, em alguns anos, como professor em educação executiva e consultor. Seu tema de pesquisa foi associado ao empreendedorismo corporativo, algo que ele já praticava em sua organização. O conhecimento adquirido em suas formações posteriores, somado à sua experiência original, permitiu que este profissional fizesse esta transição, e hoje ele é uma referência neste assunto no país”, contou Bruno.




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