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Capitalismo consciente tem propósito e benefícios

Capitalismo Consciente pode ajudar no combate às desigualdades e deve envolver stakeholders, segundo os criadores do conceito

capitalismo consciente © - Shutterstock
por Redação agosto 22, 2022
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De acordo com dados da Oxfam, organização global que luta contra a fome, a desigualdade contribui para a morte de 21,3 mil pessoas por dia no mundo. No Brasil, por exemplo, apenas uma em cada quatro crianças recebe pelo menos três refeições por dia, segundo o Ministério da Saúde. E no que se refere às questões ambientais seria necessário 1,75 Planeta Terra para dar conta de suprir nossa demanda por recursos naturais, de acordo com o Global Footprint Network. 

Está claro que a forma de produzir e de consumir está gerando graves consequências para a sociedade e para o planeta e na busca por endereçar desafios tão complexos surgem abordagens de negócios propondo gerar valor para todos os stakeholders.

Uma destas abordagens é o Capitalismo Consciente, que surgiu em 2008 nos Estados Unidos a partir de pesquisas realizadas por Raj Sisodia, professor e pesquisador em temas relacionados à gestão e marketing no Babson College. Na época ele identificou um grupo de empresas que possuíam  clientes fiéis, colaboradores satisfeitos e muito engajados, fornecedores que atuavam como verdadeiros parceiros e possuíam uma elevada reputação e credibilidade no mercado e resultados financeiros superiores aos seus pares. Uma destas empresas era o Whole Foods Market, fundado e liderado por John Mackey. Ele e Raj Sisodia então se uniram, escreveram o livro “Capitalismo consciente: como liberar o espírito heroico dos negócios” e fundaram um movimento global para disseminar os pilares dessa pauta.

Pilar 1: Propósito maior

Entender o propósito de uma organização é entender o porquê de sua existência. Propósito refere-se à diferença que uma empresa busca fazer no mundo por meio de seus produtos e serviços. Algumas perguntas podem nortear lideranças, fundadores e colaboradores a identificar com mais clareza o propósito de sua organização: que diferença queremos fazer no mundo com nossos produtos e serviços? O mundo fica melhor com a nossa presença? Se deixarmos de existir, alguém sentirá nossa falta?

Pilar 2: Liderança consciente 

Cabe à liderança inspirar e trazer confiança, além de abraçar o propósito da empresa e engajar todos os stakeholders. Líderes conscientes dão amostras cotidianas de várias das mais admiradas qualidades dos seres humanos e acreditam firmemente no trabalho como uma oportunidade de contribuir para a construção de um futuro melhor para todos. 

Pilar 3: Integração de stakeholders

Eles são fundamentais na implementação desse novo modo de fazer negócios, já que também precisam que suas necessidades sejam atendidas. Por isso, o primeiro passo é mapear quem são os stakeholders e como a empresa se relaciona com eles, buscando sinergias em vez de tradeoffs e procurando gerar valor para todos. 

Pilar 4 – Cultura consciente

A cultura de uma organização pode funcionar como um sério obstáculo ou como uma força propulsora para o sucesso nos negócios.  Uma organização consciente traz em sua cultura valores como confiança, cuidado, lealdade, transparência, integridade, igualdade e responsabilidade. E formar a cultura é uma das atribuições mais importantes das lideranças. 

Capitalismo Consciente e ESG

“Em tempos em que se fala tanto em ESG, ou seja, nas questões ambientais, sociais e de governança, a abordagem do Capitalismo Consciente e seus pilares têm se mostrado um alicerce sólido para que as empresas possam avançar concretamente nesta agenda”, afirma Francine Póvoa, professora convidada da FDC no Programa de Desenvolvimento de Conselheiros e Conselheira do Instituto Capitalismo Consciente Brasil Filial BH.  

capitalismo consciente
© – Shutterstock

Um dos exemplos recentemente citados por Raj Sisodia é da Microsoft do ponto de vista de como uma liderança consciente pode elevar os resultados da organização, inclusive os financeiros. Sisodia comparou o propósito, a liderança, a cultura e os resultados financeiros da empresa ao longo da gestão de três CEOs, desde a fundação da empresa:

Bill Gates – CEO e Presidente de 1986 a 2000

• Forte propósito: “Um computador em cada mesa.”

• Cultura da arrogância

• Valor de mercado acumulado no período: $ 250 bilhões

• Por ano: $ 17,9 bilhões

Steve Balmer – CEO de 2000 a 2014

• Foco no crescimento financeiro

• Não havia uma estratégia clara para a empresa

• Cultura beligerante

• Valor de mercado acumulado no período: $ 52 bilhões

• Por ano: $ 3,7 bilhões

Satya Nadella – CEO desde 2014 (assumiu também a Presidência em junho de 2021)

• Novo propósito: “Capacitar cada pessoa e cada organização no planeta a alcançarem mais.”

• Estratégia: nuvem + mobile

• Cultura da empatia

• Valor de mercado acumulado no período: $ 1,9 trilhão

• Por ano: $ 281 bilhões

Cada vez mais, desafios sociais e ambientais globais, regionais e locais farão parte do contexto de atuação das organizações, afetando sua estratégia e cadeia de valor, com impactos na sua reputação e no valor econômico de longo prazo. Neste cenário, torna-se também cada vez mais importante a atuação responsável e consciente por parte das organizações.




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