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Agora que a máquina pensa e fala em “humano”, o que vamos fazer? 

A3 Data detalha o poder da Inteligência Artificial Generativa em texto e infográfico

maquina pensa Imagem: A3Data/FDC

Por

Ana Barroso e Morgana Rissinger 

Em 2022, a IA Generativa se tornou acessível ao grande público, podendo ser experimentada por nós em escala de penetração da internet, em interfaces simples e de fácil usabilidade para qualquer um. Para se ter ideia da velocidade de que estamos falando, basta um dado sobre o lançamento do ChatGPT, que atingiu um milhão de usuários em apenas 5 dias – enquanto outras plataformas conhecidas demoraram meses e até anos para atingir esse marco (Spotify: 5 meses, Twitter: 2 anos, Netflix: 3 anos e meio). 

Parte dessa revolução deve-se aos Large Language Models (LLMs), modelos de inteligência artificial criados para compreender e gerar textos semelhantes à fala humana, com base nas informações que recebem de enormes bancos de dados na internet e dos próprios usuários. Podemos afirmar que LLMs representam uma das maiores transições habilitadas por tecnologia da humanidade, somente comparável à prensa de Gutemberg, que no século XV possibilitou a escrita para todo o mundo em escala industrial. Ambas tecnologias impactam definitivamente a forma como vivemos, trabalhamos e operamos no mundo. 

Trata-se de uma nova dimensão de inteligência que consegue habilitar e multiplicar nossa capacidade de pensar na escala individual e social de forma jamais vista. Um potencial de melhoria na qualidade de serviços, na performance do setor privado e público, com desdobramentos na economia e cultura que ainda estamos por descobrir. 

Tech literacy, data literacy, human literacy.

maquina pensa
© – Shutterstock

O cenário de automação atual, ao contrário do que era roteirizado no imaginário coletivo até pouco tempo atrás – com robôs exercendo tarefas domésticas, por exemplo – hoje impacta altas habilidades cognitivas e não só atividades de baixa complexidade. Isso acabou pegando de calças curtas o sistema educacional, o ambiente empresarial e o científico-tecnológico, que estão em descompasso com a aceleração tecnológica de anos recentes. 

Já sobre os profissionais responsáveis por funções que demandam altas habilidades cognitivas, parece haver um consenso dos principais estudos que dizem que a IA não é exatamente capaz de extinguir profissões, mas sim transformá-las profundamente e ampliar exponencialmente a fronteira de atuação no mercado de trabalho. No relatório Future of Work publicado em agosto de 2023, o LinkedIn constata que não só as ofertas de emprego estão aumentando, mas também é possível ver mais usuários em todo o mundo adicionando habilidades de IA aos seus perfis. Desde o início de 2023, a cada mês, houve um aumento de 75% no número de membros da plataforma adicionando termos como “GAI” (IA Generativa), “ChatGPT”, “Prompt Engineering” e “Prompt Crafting” às suas habilidades.

Designers, gestores, empreendedores, médicos, engenheiros, advogados, professores e tantos outros especialistas se tornarão profissionais mais produtivos e poderão melhorar sua performance ao aprender a usar IA como ferramenta. Plataformas de IA Generativa eliminam a parte algorítmica e repetitiva do trabalho desses profissionais, deixando-os livres para desenvolver o que lhes é insubstituível. 

Mas para isso, é urgente um profundo processo de reskilling – e ele não acontecerá mais apenas dentro das universidades. Empresas precisarão se tornar cada dia mais espaços de aprendizagem, com uma agilidade que não é tradicional na Academia. Um exemplo disso: o primeiro programa de Ciência de Dados do Brasil nasceu na USP apenas em 2016. 

Formar pessoas para a reinvenção neste contexto fluido exigirá também a reinvenção fora dos modelos tradicionais e continuamente dentro das organizações. O conceito de lifelong learning passa a ser, mais do que nunca, crítico para manter o mercado de trabalho suprido com profissionais com competências continuamente atualizadas. Os desafios do mundo de amanhã serão radicalmente diferentes dos de hoje, e novamente no dia seguinte. (fonte: WeForum)

Um poderoso tripé Tech + Estratégia + Design 

Para os próximos 7 anos, a perspectiva é de menor demanda por habilidades físicas/manuais e funções cognitivas básicas no mercado de trabalho. Em contrapartida, a previsão é que haja um aumento expressivo da demanda por habilidades em tecnologia, designs e estratégia. 

Habilidades Tech 

Ao adquirir fluência no uso de dados como extensor de suas capacidades humanas, os profissionais passarão boa parte do seu tempo podendo se dedicar a desenvolver novos métodos, encontrar novas perguntas a serem respondidas, liderar pessoas e articular times, discernir, orientar e dar intenção à IA. 

Habilidades Estratégicas 

O equilíbrio entre habilidades tecnológicas básicas e competências ligadas à estratégia será crítico para um profissional numa economia regida por dados. Algumas das habilidades de alta demanda cognitiva serão cruciais, como resolução de problemas, pensamento crítico e consciência ética. 

Habilidades em Design 

O Design tem uma importante função neste contexto, na medida que ainda é necessário construir pontes entre a tecnologia disponível (nem sempre em forma de LLMs) e o usuário. No contexto empresarial, por exemplo, é necessário preencher o gap entre área técnica e áreas de negócio, lidar ao mesmo tempo com usuários novatos e heavy users, tornando os produtos de dados palatáveis e acessíveis para todos. Competências ligadas ao design permitem materializar experiências e entender as pessoas no ecossistema do negócio, além de tangibilizar e criar clareza.

Quer saber mais? World Economic Forum | Silvio Meira | Roda Viva




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