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Sucessão patrimonial ainda é desafio nas famílias, diz especialista

Em entrevista exclusiva para o Seja Relevante, Rogério Zanin, da Lombard Odier, reforçou a importância da agenda (*)

sucessao patrimonial Rogério Zanin (Foto: Homero Xavier / FDC)
por Redação setembro 28, 2023
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A sucessão do patrimônio das famílias é uma pauta que envolve dois dos maiores tabus da nossa sociedade: morte e dinheiro. Mas a pauta é de extrema importância para preservar os recursos familiares e evitar grandes transtornos em um momento sucessório. 

De acordo com Rogério Zanin, Managing Director da Lombard Odier (Brasil), as famílias brasileiras ainda fazem esse processo de uma maneira pouco profissional. “Eu vejo muito isso: as famílias endereçando e avançando na governança da empresa, na governança da família, mas eu vejo ainda um caminho muito longo, que poucas iniciaram, na governança e gestão do patrimônio. Ainda é feito de uma maneira amadora, comparada ao que existe na empresa familiar e na família empresária”, pontua.

A Lombard Odier atua apoiando seus clientes em relação à estruturação do patrimônio, para além do que é feito nas empresas dessas famílias. “Nós atuamos junto a esse patrimônio financeiro provendo consultoria de investimentos aqui no Brasil, assessorando esses clientes nas alocações, criando uma governança na gestão desses portfólios, que é importante”, explica o executivo, que afirma que o resultado de um bom trabalho nesse sentido é a longevidade dessas finanças. “É uma pauta que não pode ser esquecida e engavetada, porque o principal propósito nosso aqui também é justamente longevidade desse patrimônio que foi criado com tanto suor”.

A formação dos herdeiros, segundo Zanin, é outro ponto fundamental para definir a longevidade dos bens da família. A capacitação da nova geração que irá gerir o patrimônio pode determinar o sucesso dessa governança. “Para a empresa sobreviver e deixar um legado, a sucessão tem que ser tratada hoje. Não é amanhã ou daqui um ano. Porque isso gera até para o próprio fundador e patriarca uma tranquilidade que ele não tem, dando mais tempo de qualidade para que ele possa fazer a empresa prosperar ainda mais”, explica. 

No exterior, assunto é tratado de outra forma 

Fora do Brasil, segundo Zanin, os tabus que envolvem esse assunto não são tão paralisantes quanto por aqui. Na visão dele, o momento correto para fazer essa tratativa é fora das crises. “Isso tem que ser tratado quando as coisas estão bem. Esse é o ponto, você não pode tratar isso no momento da dificuldade, da tensão ou de um evento familiar, de um estresse, porque vai ser muito mais dolorido. Quando você inicia num momento de harmonia na família, é a hora correta para tratar esse assunto, porque ele vai, não vai ser fácil, mas ele vai fluir de uma maneira melhor”, explica. 

O executivo afirma que, culturalmente, o brasileiro tem dificuldades de abordar esses temas, ao contrário do que acontece na Europa ou Estados Unidos.

Falta de planejamento entre as famílias impacta os negócios

Cerca de 70% das médias empresas no Brasil são de controle familiar, mas apenas 10% delas estão em sua terceira geração, ou seja, foram criadas pelos avós e agora são geridas pelos netos. A falta de governança adequada é um fator determinante nesse cenário, segundo Silvia Martins, diretora de programas para Famílias Empresárias da Fundação Dom Cabral. 

sucessao patrimonial
Silvia Martins (Foto: Homero Xavier / FDC)

Uma governança, explica Sílvia, precisa se estruturar em alguns pilares fundamentais: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Em pesquisa realizada pela FDC, de acordo com a especialista, ficou claro que as empresas que possuem governança familiar estruturada têm correlação positiva com conselho fiscal efetivo, ética como parte da cultura, propósito e processos decisórios, políticas e práticas estruturadas para promover a diversidade e inclusão em cargos de nível estratégico, programa de integridade (compliance e anticorrupção) formal e comunicado e relatório anual e de sustentabilidade para os stakeholders.

* Rogério Zanin e Silvia Martins estiveram na programação da 8ª edição do Fórum das Médias Empresas da Fundação Dom Cabral (FDC), que aconteceu entre os dias 24 e 26 de setembro, no Campus Aloysio Faria, em Nova Lima (MG). O evento trouxe como tema O poder das conexões: o fator rede na geração de negócios. A 9ª edição já tem data para acontecer: dias 22, 23 e 24 de setembro de 2024.




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