close

Onda de calor leva funcionários híbridos de volta aos escritórios

Seja em função do bem-estar ou por questões financeiras, funcionários em modelo híbrido estão preferindo trabalhar nos escritórios com a onda de calor que afeta o país

onda de calor © - Shutterstock
por Redação novembro 20, 2023
  • Impacto positivo e legados sustentáveis Mais informações
    Impacto positivo e legados sustentáveis

As altas temperaturas que atingem o Brasil nos últimos dias interferem na dinâmica de trabalho das pessoas, incluindo aqueles que atuam no modelo híbrido. Com sensação térmica ultrapassando os 50ºC em cidades como o Rio de Janeiro, por vários dias, muitas empresas observaram o aumento de funcionários trabalhando presencialmente nos escritórios. E a razão disso, em muitos casos, é o ar-condicionado. 

Desde 13 de novembro, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu a previsão de aumento de temperatura em 5ºC acima da média, por um período de pelo menos cinco dias, muitos profissionais passaram a ver o escritório como um lugar melhor para trabalhar. Além do bem-estar que o ar-condicionado pode proporcionar durante a jornada de trabalho – o que melhora a produtividade –, em alguns casos há também o fator econômico em jogo. Afinal, a conta de energia elétrica tende a aumentar muito com o equipamento ligado o dia inteiro.

Uma pesquisa da Samsung Climate Solutions, do Reino Unido, indica que essa pode ser uma tendência em diferentes lugares do mundo. O estudo mostrou que 66% dos funcionários híbridos deixariam de ir à empresa caso o ar-condicionado não estivesse funcionando ou fosse de baixa qualidade. Essa pesquisa também revelou que 46% dos profissionais pretendem usar o ar-condicionado do escritório em caso de ondas de calor.

Na contramão do home office

onda de calor
© – Shutterstock

Durante a pandemia, as empresas e funcionários precisaram se organizar em um ambiente digital, o que fez com que as organizações revissem o modo de trabalhar e até mesmo reorganizassem o espaço físico, após o término das restrições. A Pierre Fabre, por exemplo, apesar dos 120 funcionários, possui somente 80 estações de trabalho. Neste caso, os que desejam trabalhar presencialmente devem entrar no aplicativo e reservar uma mesa.

“A gente, naturalmente, tem uma ocupação no meio da semana, mas, por conta do calor, a presença dos funcionários está muito maior”, declarou a diretora de Recursos Humanos da Pierre Fabre, Renata Mallet em entrevista para O Globo.

O caso não é isolado e ocorreu em outras empresas, como a Sony.  A gravadora, que opera em sistema híbrido, recebeu 70 dos 100 funcionários no escritório em Botafogo (RJ), na véspera do feriado de 15 de novembro. A coordenadora de marketing Mariana Alves, contou ter ficado triste pelo feriado no meio da semana, já que estava muito calor e ela não poderia ir para a empresa.

Somado ao problema da temperatura elevada, o trabalho híbrido apresenta desafios como a falta de um lugar específico para trabalhar. Uma pesquisa da MindMiners apontou que a improvisação mais citada é a de inclusão de mesa ou escrivaninha no quarto, com 39% das respostas. Ainda mais alarmante são os 36% que responderam que não fizeram nenhum tipo de adaptação em casa para atender as demandas do modelo à distância.

Profissionais e empresas devem se preparar

Eventos climáticos extremos, como a onda de calor registrada no país em novembro, tendem a se repetir com maior frequência, segundo pesquisadores. Em 16 de novembro, especialistas reunidos na mesa-redonda “Crise climática e desastres como consequência do El Niño 2023-2024: impactos observados e esperados no Brasil”, promovida pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), destacaram que estudos e projeções recentes apontam a possibilidade de que haja cada vez mais El Niños extremos, com maior intensidade e variação.

“O que esperamos nas projeções futuras, que estão cada vez convergindo mais, é que vamos ter mais El Niños extremos, com aumento da magnitude desses eventos fortes como estamos vendo agora”, disse a professora de oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Regina Rodrigues. Segundo ela, a situação se reflete também na ocorrência de mais La Niñas (fenômeno oceânico caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais de partes central e leste do Pacífico Equatorial) múltiplas, em anos consecutivos, além de El Niño mais intenso.

“Os eventos climáticos estão mais extremos e frequentes com as mudanças climáticas”, afirmou Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da USP e membro titular da ABC. Segundo ele, o mundo está em um momento de “alerta vermelho”. “O último relatório do IPCC não deixou nenhuma dúvida: 99,5% dos cientistas do clima acreditam que o aquecimento global ocorre por influência humana”, disse.

Isso significa que a adoção de estratégias para redução de emissões é um compromisso de todos – empresas e seus colaboradores, além de governos. Mas, com a perspectiva de continuidade de altas temperaturas, a tendência é de que cada vez mais profissionais optem pelo trabalho presencial, em busca do bem-estar proporcionado pelos escritórios corporativos.




Os assuntos mais relevantes diretamente no seu e-mail

Inscreva-se na nossa newsletter