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Mudanças climáticas fazem da meteorologia um bom negócio

Indústrias e serviços recorrem a empresas de previsão do tempo, que já movimentaram US$ 2 bi no mundo e devem alcançar R$ 100 mi no Brasil até 2030

meteorologia © - Shutterstock
por Redação janeiro 16, 2024
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Foi-se o tempo em que escolher levar ou não o guarda-chuva para a rua antes de sair de casa era uma das principais influências das informações prestadas pelos serviços meteorológicos. As drásticas mudanças climáticas no planeta e seu impacto na atuação de muitas empresas levaram o mercado formado por consultorias de meteorologia a se tornar um importante negócio, em expansão no mundo e no Brasil. Essas empresas investem em tecnologias sofisticadas e Inteligência Artificial, para fornecer um serviço cada vez mais preciso e ajudar os clientes nas decisões de negócio e evitar prejuízos.

Segundo reportagem do jornal O Globo, o agronegócio era o principal cliente das empresas de meteorologia, mas elas expandiram seus serviços para setores como seguros, varejo, energia, transporte e aviação. Estimativa das consultorias AMR e Acumen mostra que os serviços de previsão do tempo movimentaram US$ 2 bilhões (R$ 9,75 bilhões) no mundo em 2022 e devem chegar US$ 4 bilhões (R$ 19,5 bilhões) até 2030. No Brasil, as empresas de meteorologia giraram R$ 40 milhões em 2022 e devem ultrapassar R$ 100 milhões até o fim da década, segundo as mesmas consultorias.

Acabou o mito de que a meteorologia sempre erra

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Patrícia Madeira, CEO da Climatempo, uma das maiores do setor no Brasil, há 35 anos no mercado, afirma que, devido à tecnologia e à IA, as previsões são muito mais precisas, acabando com a lenda de que os “meteorologistas sempre erram”.

“Temos clientes de diferentes setores, incluindo farmácias e supermercados, que usam os dados do tempo para saber que produtos anunciar em seus e-commerces. São promoções ligadas aos dados do clima”, exemplifica Patrícia.

Novas startups foram criadas

A busca por serviços de previsão do tempo também levou à criação de várias startups na área, como a Nimbus Meteorologia, criada em 2020, no Rio de Janeiro, e desenvolvida para mitigar o impacto das chuvas fortes na cidade, com alertas para a Defesa Civil. Mas a Nimbus se expandiu e buscou um segmento específico: a construção civil. A startup fornece dados para construtoras que erguem pontes, asfaltam estradas e usam grandes máquinas.

“Ter com antecedência de três a 15 dias dados sobre vendavais ou chuvas ajuda as construtoras a reduzir riscos a trabalhadores e prejuízos materiais”, explica Luiz Filippe Costa, um dos fundadores da Nimbus, empresa que começou com um cliente e hoje tem 20.

Calor fez venda de aparelhos de ar-condicionado explodir

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Também foi criada a consultoria Nottus, braço de inteligência de dados e serviços de meteorologia da consultoria Thymos Energia. O sócio-diretor e meteorologista da empresa, Alexandre Nascimento, afirma que, com informações do tempo, o varejo pode planejar, por exemplo, o tamanho de suas coleções de inverno ou verão. A previsão do tempo também ajuda a indústria de seguros a calcular apólices, para o caso de quebra de uma safra.

As ondas de calor recentes, previstas pela meteorologia, levaram ao aumento da produção de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores, cujas vendas explodiram. Giovanni Cardoso, CEO da fabricante de eletroportáteis brasileira Mondial, que já vem usando dados meteorológicos para se planejar, conta que em 2023 aumentou em 56% a produção de ventiladores, que foram todos vendidos, e reduziu um pouco a produção de aquecedores.

Clima influencia decisões de compra

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Em seu site, a Nottus diz que estudos recentes revelam que até 30% das decisões de compra dos consumidores são influenciadas pelo clima. E empresas que utilizam dados meteorológicos podem ter um aumento de até 15% na receita bruta.

A consultoria explica como o clima influencia diferentes setores da economia:

  • agricultura: a produção agrícola depende muito das condições climáticas, como a quantidade de chuvas, temperatura e eventos como secas e enchentes;
  • turismo: mudanças climáticas podem alterar a demanda por destinos turísticos. Um estudo da Embratur revelou que o aumento da temperatura no litoral brasileiro pode reduzir a demanda por praias em até 20% até 2050;
  • energia: a disponibilidade de fontes renováveis, como energia solar e eólica, depende do sol e do vento de cada região. Já a geração de energia hidrelétrica está relacionada ao volume de chuvas e ao nível dos reservatórios;
  • varejo: o consumo de sorvetes e bebidas geladas aumenta com o calor intenso, enquanto a compra de roupas de inverno é maior nos períodos frios;
  • construção civil: chuvas intensas, por exemplo, podem causar atrasos ou interrupções nas obras, gerando custos adicionais para as empresas.

 




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