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Colocar o crescimento antes do lucro é colocar o carro na frente dos bois

“Estamos presenciando o fim de uma era”, defende professor da Fundação Dom Cabral em artigo para o Seja Relevante

crescimento e lucro © - Shutterstock

Por

Diego Marconatto

Professor da Fundação Dom Cabral

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Anos e anos de juros baixos e dinheiro farto haviam gestado um padrão inédito de empreendedorismo, onde o crescimento a qualquer custo, o crescimento com base na destruição sistêmica de caixa, reinou livre. Tudo o que importava era multiplicar o número de clientes e o faturamento. Rodadas de investimentos, equity, exit, unicórnio… Vimos a popularização de um vocabulário alicerçado sobre uma ilusão, a de que os empreendedores estavam finalmente livres do imperativo da lucratividade. 

Agora, acabou a brincadeira. A farra das impressoras dos Bancos Centrais produziu a sua consequência matemática: inflação, seguida do aumento de juros e redução generalizada da liquidez.

Temos novamente os pés no chão; o óbvio é óbvio de novo; as leis da gravidade dos negócios voltaram à pauta do dia. E a primeira delas é a seguinte: toda a empresa deve produzir lucros para sobreviver e crescer ao longo do tempo.

Em verdade, a lucratividade sempre foi mais importante do que o crescimento. Essa hipótese, formalmente levantada em 2009 por Per Davidsson e seus colegas no artigo Growing profitable or growing from profits: Putting the horse in front of the cart?, foi largamente comprovada nos últimos anos por estudos publicados nos melhores periódicos científicos de negócios do mundo.

Ao analisar muitos milhares de negócios europeus, duas pesquisas (Firm growth and profitability e Questioning the growth dogma) demonstraram que as empresas as quais turbinaram a sua lucratividade antes de acelerar o seu crescimento tendem a ser mais bem sucedida ao longo dos anos. A maioria das empresas que tenta crescer primeiro para só depois aumentar os seus lucros, ou quebra ou é relegada à mediocridade. 

O recado não poderia ser mais claro: colocar o crescimento antes da lucratividade é colocar o carro na frente dos bois – para usar a ótima metáfora de Davidsson.

Diego Marconatto

* Diego Marconatto é professor da Fundação Dom Cabral.




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