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Já ouviu falar em ‘fomo’ e ‘folo’? Redes sociais criam novos vícios

Especialistas alertam para dependência dos jovens e adolescentes pelos grupos digitais, o que pode gerar medo, ansiedade, angústia, tristeza e solidão

‘fomo’ e ‘folo’ © - Shutterstock
por Redação abril 16, 2024
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Muito se diz sobre o papel das redes sociais para o “bem ou para o mal”. Esses canais contêm muita informação, mas também conteúdo inútil ou, pior, fake news. Mas, especialistas se mostram atentos a um fenômeno que está sendo gerado pelas redes de relacionamento entre jovens e adolescentes: a excessiva dependência de participação e contato nesses grupos, o que pode gerar consequências como ansiedade, medo, angústia, tristeza e solidão.

Matéria publicada no site do Estadão mostra que há adolescentes de 13 anos checando suas redes sociais até 100 vezes por dia. Baseada em um estudo de 2022, publicada na revista Current Approaches in Psychiatry, a matéria apresenta dois tipos de comportamento que surgem do uso não saudável das redes sociais: ‘Fomo’ e ‘Folo’. Ambas as reações representam sensação de medo dos usuários, que podem ser jovens ou adultos, embora os jovens sejam os mais afetados.

O que significam os termos ‘Fomo’ e ‘Folo’

‘Fomo’ vem da expressão em inglês Fear of missing out, que pode ser traduzida como o medo de perder algo. Isso, em geral, refere-se às experiências que alguém pode estar perdendo enquanto não participa da rede. Já ‘Folo’ significa Fear of logging off, ou medo de se desconectar da rede. Ou seja, o receio de perder algo na internet fica tão grande que a pessoa teme sair daquele ambiente. O ‘Fomo’ também pode ser definido como o desejo constante de seguir a vida dos outros pela internet e o estado de ansiedade que isso desperta.

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Esvaziamento das redes sociais já é realidade

A matéria aborda, ainda, outro fenômeno pouco conhecido: o medo de se conectar às redes sociais. Naia Silveira, especialista de conteúdo da WGSN Brasil, uma empresa de tendências, explica que trata-se do Fear of logging on. “A pessoa pode sentir medo de se conectar e ficar angustiada ao correr o risco de expor coisas que não quer”, explica.

Formação de identidade

O problema é que as mídias sociais impactam diretamente a forma como as pessoas se enxergam, o que afeta mais os jovens, que já nasceram com a tecnologia na mão e tendem a ser ansiosos por não pertencerem a determinados grupos. Pais, educadores e profissionais de saúde mental questionam se as redes sociais são uma influência positiva ou negativa, especialmente entre os adolescentes, por estarem na fase de formação da identidade.

Segundo dados do estudo americano #Being13publicado no site da CNN, mais da metade dos adolescentes acessam freneticamente as redes sociais, porque querem ver se estão recebendo curtidas e comentários. Mais de um terço deles queriam ver se seus amigos estavam se reunindo sem sua presença e 21% queriam confirmar que ninguém estava dizendo coisas ofensivas sobre eles.

Educação midiática

Mas, qual seria o caminho para ao menos reduzir a dependência dos jovens e adolescentes das redes sociais? Segundo especialistas, o remédio está no uso controlado destas redes, por meio de um processo de educação midiática, que revê a relação das pessoas com a internet.

“A educação midiática vai permitir que as pessoas possam fazer uma leitura crítica das redes sociais”, diz Clara Becker, diretora executiva das Redes Cordiais, um projeto de educação midiática que capacita comunicadores e influenciadores digitais a combaterem a desinformação e o discurso de ódio nestas plataformas.

Controle dos pais

© – Shutterstock

Especialistas recomendam, também, algum nível de controle dos pais em relação às redes sociais, especialmente na contenção dos fenômenos ‘Fomo’ e ‘Folo’. Saber o que os filhos estão consumindo, com quem eles estão falando e controlar o tempo de tela são estratégias importantes para evitar alguns problemas decorrentes dessa ansiedade, como a baixa autoestima e o esgotamento.

Já Mariana Ochs, coordenadora da Educamídia, um programa criado para capacitar professores e engajar a sociedade no processo de educação midiática dos jovens, recomenda o estabelecimento de momentos offline em família, em que todos deixem de lado o celular por um tempo.

“São pactos a serem construídos nas famílias para um uso mais consciente, deliberado e saudável dos ambientes digitais, menos frenético e com mais intencionalidade”, defende a coordenadora




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