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Inovação é a solução para o mundo crescer

Relatório da FDC e do WEF mostra notas baixas ou médias nos critérios Inovação, Sustentabilidade, Resiliência e Inclusão, que medem avanços na sociedade

FDC e WEF © - Shutterstock
por Redação janeiro 19, 2024
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A economia mundial – incluindo a do Brasil – parou de crescer. Essa é uma das principais conclusões do Relatório “O Futuro do Crescimento 2024’, elaborado pela Fundação Dom Cabral (FDC) em parceria com o World Economic Forum (WEF). A situação é preocupante porque está ligada a resultados gerais baixos ou medianos em quatro indicadores de crescimento que influem na qualidade de vida e avanço das sociedades.

As notas médias globais alcançadas pelos indicadores – com suas pontuações nos parênteses, numa escala de 0 a 100 – são: Inovação (45.2); Sustentabilidade (46.8); Resiliência (52.8); e Inclusão (55.9). O fato de a inovação ter ficado em último lugar preocupa, segundo Hugo Ferreira Braga Tadeu, professor e diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC.

É preciso investir em inovação

“O mundo precisa crescer e não é o que vimos de 1991 a 2022, quando a taxa média de crescimento anual do PIB mundial vem decrescendo. Em 2022, foi de apenas 1,4%, por exemplo, e não há tendência de crescimento”, explicou Hugo Tadeu. “E o fato de a inovação ter ficado em último lugar nos preocupa, porque crescimento, além de PIB, está baseado em investimentos, competências humanas e, principalmente inovação. A FDC e o WEF têm a crença de que a inovação é o motor da inclusão, da resiliência e da sustentabilidade. Inovação gera crescimento”, completou.

O professor explicou também que as maiores notas em inovação estão concentradas em países ricos, com PIB e PIB per capta elevados, como Suíça (80,37), Singapura (76,43), Suécia (74,92), Dinamarca (73,40) e Estados Unidos (74,09). Ao contrário, ou seja, com as menores notas em inovação, aparecem Iêmen (17,98), Angola (17,97) e Congo (21,88). O Brasil alcançou pontuação pouco satisfatória (41,81) em inovação.

“A inovação no Brasil está mais para um festim do que para investimento. Se não houver investimento e parcerias entre empresas e instituições, não entraremos numa rota de crescimento suficiente”, alertou o professor Hugo.

Brasil ganha nota 100 em recursos hídricos

Mas nem tudo está perdido. O Brasil se destacou em outros itens do relatório, a maioria no indicador Resiliência. O país tirou nota 100 em recursos hídricos e concentração da oferta de alimentos. Também ficou com nota 97,5 em acesso à eletricidade na zona rural. Mas as notas foram baixas em distribuição de renda (18,3), capacidade em atendimento emergencial de saúde (16,7) e treinamento para profissionais em meio de carreira (13,8).

Sobre este último item, o professor Hugo chama a atenção para uma situação que ocorre no Brasil e no mundo: a necessidade de desenvolver talentos. “Estamos falando muito em IA e ChatGPT, mas estamos discutindo pouco a qualificação de mão de obra. O mundo está investindo em tecnologia, mas está esquecendo de desenvolver talentos”, afirmou o diretor.

Importância do upskilling e do reskilling

Ainda sobre a nota baixa brasileira em treinamento para profissionais, o professor destacou a necessidade do upskilling (ensino de novas competências) e do reskilling (reciclagem profissional). O novo relatório aponta essa necessidade, mas ela já havia sido abordada em relatório sobre o Futuro do Trabalho, também conduzido pela FDC e pelo WEF, em 2023. O estudo previa que 44% das habilidades dos trabalhadores no Brasil sofreriam alterações nos cinco anos seguintes, e que 60% da força de trabalho necessitariam de treinamentos.

Já o relatório atual recomenda que “é imperativo que as empresas adotem uma agenda para upskilling e reskilling para se adaptarem ao novo ambiente da transformação digital”. “Se não avançarmos neste assunto, continuaremos com uma lacuna de qualificação de mão de obra”, resumiu Hugo.

Diante das notas pouco elevadas do Brasil nos indicadores, o professor destacou também que é preciso haver um plano estratégico de crescimento no país. “Precisamos de um país que nos traga mais orgulho do que o cenário que estamos vendo agora”, afirmou, durante coletiva à imprensa realizada no Brasil em 17 de janeiro, quando o relatório também foi alvo de coletivas em Davos, na Suíça, e outros países.

O novo relatório, explica Hugo, privilegia a qualidade ao diferir, por exemplo, o modelo de crescimento que é pautado apenas por critérios econômicos. Por isso ele inclui os quatro indicadores citados anteriormente.

O professor argumentou que o relatório muda a perspectiva de “quantidade para qualidade” e isso é importante porque há países onde o PIB cresce bastante, mas não necessariamente há crescimento qualitativo para a sociedade. “O que queremos, é saber quanto o crescimento econômico macro impacta verdadeiramente na vida das pessoas”, concluiu.




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