A união de mais de 100 empresas de prestígio e organizações sem fins lucrativos nos EUA está tentando transformar a primeira terça-feira de dezembro de cada ano no ‘Wellbeing at Work Day’, ou Dia do Bem-estar no Trabalho, uma iniciativa que visa combater o tabu em torno da saúde mental nos ambientes empresariais. A campanha foi lançada em grande estilo, no início de dezembro de 2023, pelo estilista Kenneth Cole, nas dependências de sua empresa, em Nova York, com a presença de muitas personalidades, dentre elas o guru do bem-estar Deepak Chopra, que conduziu uma sessão de meditação de cinco minutos.

O problema é grave. Segundo matéria publicada no portal Axios, 1 em cada 5 adultos nos EUA vive com uma doença mental, de acordo com o National Institute of Mental Health (Instituto Nacional de Saúde Mental). Ansiedade e depressão são as principais causas de absenteísmo no local de trabalho. E as taxas de suicídio atingiram um recorde em 2022, segundo o Centers for Disease Control and Prevention (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), CDC dos EUA.

Mais de 100 companhias já aderiram à campanha

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Foto: Reprodução/Mental Health Coalition via Facebook

A organização sem fins lucrativos ‘Mental Health Coalition’ (Coalizão de Saúde Mental), fundada em 2020 por Kenneth Cole, deu início às iniciativas em torno do Dia do Bem-estar no Trabalho. A ideia ganhou patrocinadores de mais de 100 empresas, como Bank of America, Citi, Meta, Pfizer, NBA e Estée Lauder. O objetivo é que as empresas dediquem o dia à comunicação sobre saúde mental – com os gestores transmitindo a mensagem de que é permitido falar e procurar ajuda sobre o problema.

“Acredito que a saúde mental é a pandemia de saúde mais antiga, e também mais recente, que existe. Falar nisso é muito importante. Estou convencido de que vamos acabar com o estigma no local de trabalho”, afirmou Cole. 

A crise de saúde mental da América – particularmente entre os jovens – é considerada uma prioridade para o cirurgião-geral Vivek Murthy, autoridade em saúde pública do país. A questão também começou a ser vista como um problema pelas empresas, à medida que o absenteísmo e o custo econômico da ansiedade e da depressão dos funcionários entra em foco. Por isso, muitas indústrias e setores econômicos estão começando a adotar medidas para proteger a saúde mental de seus trabalhadores.

Empresas começam a adotar programas de proteção ao funcionário

O Bank of America criou o programa ‘Take Time on Tuesdays’ (Reserve um tempo às terças-feiras) para enfatizar o autocuidado, informou Ayanna Stephens, executiva de RH do banco. O Deutsche Bank, preocupado com o ambiente hostil do pregão, busca um programa de assistência aos funcionários, segundo a vice-presidente, Rachel Duncan.

A One Mind at Work, uma organização sem fins lucrativos voltada para CEOs, criou um subgrupo focado em escritórios de advocacia, porque a cultura jurídica é considerada psicologicamente brutal. “A história da minha profissão tem sido: não fale sobre isso'”, disse Allison Friend, diretora da empresa de advocacia O’Melveny & Myers. “Mas, ultimamente, tem havido uma onda de apoio para fazer essa mudança”, acrescentou.

Situação também preocupa no Brasil

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No Brasil, a situação também é preocupante. Segundo o Conselho Nacional de Saúde, os transtornos mentais relacionados ao trabalho são a terceira maior causa de afastamento, sendo que os dados apontam tendência de crescimento.

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Além disso, Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, apontou que 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais receberam o diagnóstico de depressão. Neste mesmo ano, foram notificados 13 mil suicídios no país, sendo 10 mil casos de pessoas que tinham uma atividade profissional.