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Gestão pública
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Liderança
As discussões sobre as lideranças e a diversidade foram temas de destaque do Consad Express, evento que marcou o lançamento, no último dia 21 de novembro, do Book de Transição Governamental elaborado em conjunto pelo Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração (CONSAD), em parceria com o Centro de Liderança Pública (CLP), a Fundação Dom Cabral (FDC) e o Movimento Vamos. Daniel Gerson, gerente sênior do projeto de emprego e gestão pública da OCDE, fez uma explanação sobre como orientar o serviço público para o futuro e como mobilizar as pessoas para que elas sejam capazes de se conectar entre si.
Segundo ele, isso exige compartilhar elementos e pensar que tipo de liderança se quer implementar. A defesa de Gerson é que, cada vez mais, a liderança pública no futuro seja baseada em dados sobre força de trabalho e desempenho, gerando percepções e informações às respostas da administração.
Dessa forma, os líderes deverão conduzir organizações cada vez mais diversificadas, com funcionários de várias origens e sob vários tipos de contratos, em diferentes locais físicos, com fluxo mais fluído para dentro e para fora das organizações. “Os líderes precisarão estar mais envolvidos do que nunca com a força de trabalho e o desenvolvimento organizacional”, disse.
O desafio, comentou Gerson, será como atrair servidores públicos que reúnam capacidades de liderança baseadas em valores, inclusão, gestão organizacional e colaboração em rede. “Isso exige gestores extremamente qualificados e diversos”, defendeu.
Diversidade na liderança traz progresso
A secretária Executiva do Movimento Pessoas à Frente, Amanda Moreira, aproveitou para explicar um pouco mais sobre o movimento, que nasceu dentro da parceria Vamos, mas tem por objetivo trabalhar com o tema da agenda de gestão de pessoas no setor público. “Temos seguido cada vez mais o caminho de olhar para as lideranças que ocupam as posições mais críticas dentro do setor público. Acreditamos que tendo lideranças públicas diversas e preparadas, aptas a ocupar essas posições, elas podem ser colocadas em engrenagens que podem, de fato, contribuir para que a gente tenha um círculo virtuoso de melhor entrega de serviços públicos para a população”.
O ex-presidente da Comissão dos Serviços Civis do Canadá, Patrick Borden, falou um pouco da sua experiência e de como o país está passando por uma “reconciliação” com seus povos indígenas. Ele compartilhou fatos recentes de diversidade e inclusão nesse sentido. Pontuando que não estava falando em nome do governo do Canadá, ele lembrou a diversidade linguística canadense e a dificuldade em se respeitar as duas línguas oficiais do país. No caso do Canadá, ele avaliou, a diversidade linguística ainda parece ser a pedra fundamental. “O governo está comprometido, mas a pergunta que fica é: será que os gestores estão preparados?”
O tema diversidade foi sendo introduzido lentamente no país norte-americano. No início dos anos 1980 não se falava muito a respeito e havia uma presença visível de minorias mais concentradas em algumas áreas do país, lembrou Borden.
As mudanças começaram a partir de 1985, com leis para proteger a questão da orientação sexual e outras minorias, e isso acabou propiciando a criação de cotas. Segundo ele, às vezes é preciso um choque para quebrar padrões de resistência e as cotas são funcionam dessa forma. “Após esses avanços, as taxas de representatividade melhoraram, mas ainda existem lacunas, como a presença das mulheres em cargos de lideranças”, disse Borden, acrescentando que alguns movimentos ajudam a fortalecer o combate ao preconceito, como o recente “Vidas Negras Importam”, nascido nos Estados Unidos após o assassinato de George Floyd.
O conceito de liberdade de Clóvis Barros
O Consad Express contou também com palestra do professor e palestrante Clóvis de Barros, autor de mais de 20 obras, entre elas o best seller A Vida Que Vale a Pena ser Vivida.
Barros falou sobre os valores da vida que levam o ser humano a persistir, apesar de suas dores, sempre acreditando que há algo que vale a pena. Para ele, o princípio fundamental da vida é a liberdade, que está por trás da autonomia, da soberania, da iniciativa, do empoderamento e da inovação. “Sem liberdade, nada disso seria possível. A liberdade em relação a nossa própria natureza faz com que a vida dependa, em parte, das nossas escolhas. Metade a gente delibera, a outra metade a gente suporta”, definiu ele.
Nesse contexto, ele refletiu que a liberdade política, de convivência, destacando que ao contrário do “pequeno Príncipe”, não estamos sozinhos no mundo. “Logo, a mesma norma que garante a minha liberdade, limita a liberdade do meu agressor. Portanto, o respeito às normas e regras do jogo é indispensável para que os quinhões de liberdade possam ser gozados”, indicou o pensador.