A guerra na Ucrânia provocou mais uma crise humanitária, com o deslocamento de milhões de pessoas para os países vizinhos e isso é pior no meio de uma pandemia, que ainda não perdeu sua força. Apesar dos problemas, os especialistas têm destacado um fato positivo, que é o papel mais ativo das empresas no enfrentamento das crises humanitárias. 

Até junho de 2021, a iniciativa privada tinha destinado R$ 7 bilhões para o enfrentamento à crise da pandemia no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Captadores de Recursos. Segundo reportagem da Folha de São Paulo, nunca uma causa havia arrecadado tamanho volume de dinheiro no país. 

Para Antonio Batista da Silva Júnior, presidente Executivo da Fundação Dom Cabral (FDC) e especialista convidado da CNN Brasil, a iniciativa privada está ampliando as suas fronteiras de atuação. Em análise para o canal de notícias, ele destacou que um exemplo recente foi a campanha do Airbnb para canalizar dinheiro para ucranianos sitiados que precisam de assistência financeira. 

A empresa incentivou pessoas do mundo inteiro a reservarem imóveis na Ucrânia, mesmo sem terem a intenção de se hospedarem lá. Os valores foram direcionados para os ucranianos e somente entre 2 e 3 de março foram reservadas 61 mil noites pelo sistema do Airbnb.

Atuações reais contra as crises humanitárias

Para o presidente executivo da FDC, as empresas têm demostrado sua insatisfação com o conflito na Ucrânia, suspendendo atividades na Rússia, numa forma de pressionar as autoridades globais. “Entendo que está se desenhando uma nova ordem mundial em que as organizações empresariais passam a ocupar um novo lugar. Antigamente, as empresas eram apenas agentes de produção econômica, ou seja, agentes responsáveis por produzir e viabilizar a comercialização dos bens e serviços na economia”, argumentou. “Agora, elas passam a desempenhar também um papel de promotoras de bem-estar social”, completou.

De acordo com Batista, além de ser uma atuação além da filantropia e dos projetos de responsabilidade social, as corporações estão colocando o próprio negócio como promotor de bem-estar coletivo, e ele avalia que esse processo vem sendo moldado em função de uma nova mentalidade da liderança. 

“A razão da existência de uma empresa não pode mais ser apenas a geração de lucro e resultados econômico-financeiros. Isso é essencial, com certeza. Mas não pode ser o fim, o objetivo único”. 

Ele destacou ainda que os consumidores e investidores, assim como os bancos de investimentos, também têm acompanhado de perto como as empresas se comportam em relação às crises e outros problemas atuais.