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Brasil perde quase R$ 10 bi ao ano com desmatamento

Levantamento da Kognita Lab e Fundação Dom Cabral se baseia na receita perdida com créditos de carbono, principalmente no Norte e Centro-Oeste do país

desmatamento © - Shutterstock
por Redação dezembro 14, 2023

A receita potencial gerada pela prevenção ao desmatamento no Brasil pode chegar a quase R$ 10 bilhões (ou 2 bilhões de dólares) por ano. O potencial da receita viria de créditos de carbono resultantes da prevenção ao desmatamento, em especial nas regiões Norte e Centro-Oeste do país. Esse cenário está demonstrado no estudo da Kognita Lab em parceria com a Fundação Dom Cabral.

O estudo compilou dados de desmatamento das florestas primárias dos municípios, estados e regiões brasileiras, e fez uma estimativa do quanto seria a receita com a venda de créditos de carbono gerados em projetos que evitem desmatamentos “não planejados”. 

Os resultados mostram que alguns membros da federação podem estar deixando de ganhar bilhões de reais por ano com iniciativas ambientais de prevenção ao desmatamento. A região Norte, por exemplo, deixa de faturar aproximadamente R$ 5 bilhões todo ano por não evitar o desmatamento.

Impacto nos estados e municípios

Olhando para os estados, o Pará é o que mais vem perdendo potenciais recursos advindos de créditos de carbono pela prevenção ao desmatamento (cerca de 500 milhões de dólares por ano). Em segundo lugar, aparece o Mato Grosso, com quase 300 milhões de dólares. Depois vem Rondônia, com quase 200 milhões de dólares.

Com o objetivo de dimensionar a relevância desses valores, o estudo também apresenta a receita potencial de crédito de carbono como proporção do PIB (Produto Interno Bruto). 

O Acre é o estado com a maior receita com créditos em relação ao PIB (2,13%), seguido por Rondônia, com 1,86%, e pelo Pará (1,24%).

O estudo também mostra o ranking das cidades com maior e com menor potencial de receita de créditos de carbono a partir de programas que evitem o desmatamento. 

O estudo mostra que Altamira, no Pará, deixa de faturar cerca de 67 milhões de dólares por ano, sendo a cidade com maior potencial de receita, seguida de Porto Velho e São Félix do Xingu (PA).

Top 10 Municípios com potencial de receita com créditos de carbono 

(Em milhões de dólares/ano)

1 Altamira (PA) 66,8

2 Porto Velho (RO) 56,1

3 São Félix Do Xingu (PA) 53,4

4 Lábrea (AM) 39,3

5 Colniza (MT) 31,2

6 Pacajá (PA) 29,6

7 Novo Repartimento (PA) 27,1

8 Novo Progresso (PA) 26,4

9 Apuí (AM) 24,6

10 Itaituba (PA) 23,2

Como o estudo foi feito

© – Shutterstock

O estudo da Fundação Dom Cabral e Kognita Lab utilizou como insumos os dados do Projeto de Monitoramento  do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O projeto fornece imagens rasterizadas da floresta.

O levantamento utilizou as informações para estimar – com o auxílio de algoritmos estatísticos – a área de desmatamento em cada município brasileiro no período de 2010 até 2021. Com as informações, foi possível calcular a taxa de desmatamento média anual das cidades do Brasil. As estimativas de receita com a venda de créditos de carbono foram calculadas levando em consideração o volume total de dióxido de carbono emitido em função desse desmatamento médio. 

Para fazer a conversão entre hectares de desmatamento e dióxido de carbono, levou-se em conta a biomassa acima do solo, que difere em cada bioma brasileiro. De modo geral, quanto maior a biomassa, maior a quantidade de dióxido de carbono equivalente que é emitido para a atmosfera com o desmatamento. 

A floresta Amazônica é a que mais possui toneladas de CO2 equivalente por hectare, enquanto o bioma Pampa, no sul do Brasil, é o que menos possui biomassa acima do solo.

Sabendo da biomassa de cada hectare, medida em toneladas de CO2 equivalente, foi possível estimar o total de emissões. Assim, cada crédito de carbono corresponde a uma tonelada de CO2 equivalente e, o valor considerado para cada crédito utilizado foi de 4,3 dólares. Esta é uma estimativa conservadora do preço do carbono negociado em mercados voluntários. 

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Segundo os pesquisadores, o estudo fez uma estimativa do faturamento potencial com projetos de prevenção de desmatamento. Para aferir o potencial “lucro econômico” com a venda de créditos, seria necessário ter estimativas de custos associados com a implementação dos projetos de redução de desmatamento, bem como seu custo de oportunidade.




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