E se fosse possível ler os jornais do futuro, como os de 2040? A pandemia de Covid-19 em 2020 e a invasão da Ucrânia em 2022 deram uma grande sensação de imprevisibilidade e insegurança ao planeta. Entretanto, epidemias e guerras sempre fizeram parte da história e, justamente por esse histórico, o professor de Estratégia, Gestão Pública e Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral (FDC), Paulo Vicente, faz um exercício de previsibilidade no artigo Jornal do Futuro: eventos críticos até 2040, na Revista DOM.

O autor fez o exercício de olhar para o futuro e analisar quais eventos críticos podem estar nos esperando e que são razoavelmente prováveis de ocorrer. Paulo Vicente usa como referência temporal de base os ciclos tecnológicos desenvolvidos por Kondratieff e os ciclos de investimento fixo de Juglar. Os ciclos de Kondratieff apontam para uma crise no sistema global entre 2028 e 2030. Tais fases de crise resultam em uma reação através de investimentos em tecnologia para resolver os problemas. Dessa forma, o capitalismo se reinventa através da tecnologia.

O mapa dos riscos possíveis

O passo seguinte da análise é mapear os riscos possíveis. Para tal, Paulo Vicente usa o arcabouço lógico PESTAL (Políticos, Econômicos, Sociais, Tecnológicos, Ambientais e Legais). Isso resulta em um Mapa de Riscos PESTAL 2023-2040, conforme abaixo.

DimensãoRisco
PolíticaGuerra na Ásia-Pacífico
Guerra no Leste Europeu
Guerra no Oriente Médio
Conflito cultural, polarização e terrorismo
Colapso da Venezuela
EconômicaAlto preço de commodities
Migração de refugiados
SocialEnvelhecimento da população mundial
Desigualdade sócio-econômica
Crescimento da população da Ásia e África
TecnológicaTransição Energética
Segurança Cibernética
Armas de destruição em massa
AmbientalPandemia Global
Desflorestamento e desertificação
Grandes incêndios florestais
Colapso dos ecossistemas dos oceanos
Redução dos glaciares (falta de água)
Aumento do nível do mar  
LegalEstados ineficientes e ineficazes
Crise dos sistemas de aposentadoria

Fonte: Autor

Muitas possibilidades de guerras

Paulo Vicente traça cenários de uma Guerra na Ásia (invasão de Taiwan), uma guerra no Oriente Médio e a Desintegração da Rússia. Os eventos escolhidos para serem descritos não são exaustivos, mas selecionados pela relevância, em termos de impacto, probabilidade de ocorrência e temporalidade. “Tais eventos podem acontecer de maneira bastante distinta da traçada no artigo, mas são um cenário plausível, que nos força a pensar nos contextos com mais detalhes”, escreveu ele.

A cenarização, segundo o especialista, é um exercício mental, no qual se busca trabalhar com as possibilidades que ajudem a pensar em como nos preparar para tais eventos, e perceber que eles não são tão imprevisíveis assim. O autor argumentou ainda que isso reduz a incerteza acerca do futuro, e permite às organizações se prepararem para eventos críticos para, potencialmente, transformarem esses eventos em oportunidades, ao invés de ameaças.