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O novo modelo de gestão do futebol – aprovado pelo Congresso Nacional em 2021 – tem movimentado o esporte brasileiro. Conhecido pela sigla SAF, de Sociedade Anônima do Futebol, o assunto acaba de ser explicado pelo economista Cesar Grafietti, especialista em Banking e Gestão & Finanças do Esporte. De acordo com ele, a questão que importa no SAF é o plano de negócios: se mal feito, pode gerar mais dores de cabeça do que um pênalti perdido no final do campeonato. A ressalva é acompanhada da constatação de que as negociações de compra e venda de clubes é uma realidade e anunciam uma nova indústria no país.
“Comum na Europa, presenciamos seu nascimento no Brasil com uma série de dúvidas e praticamente nenhuma certeza. Aliás, talvez exista uma certeza: estamos em obras”, disse ele em uma matéria da InfoMoney. Para Grafietti, não é hora de se discutir valuation (atribuição de valor) no futebol brasileiro. O economista lembra, inclusive, que dois especialistas em finanças do esporte destacam que fazer valuation no futebol é mais arte do que ciência.
SAF contra gestões arcaicas
No caso, os experts são o professor Kieran Macguire, especialista em Finanças do Esporte da Universidade de Liverpool, e Tim Bridge, head de Esportes da Deloitte europeia. “Temos de lembrar que na Europa são negociadas empresas que praticam o futebol profissional como atividade. Negócios que geralmente possuem patrimônio líquido positivo, controlados por sistemas de fair play financeiro, com donos que normalmente preferem não desperdiçar capital”, disse. “Enquanto isso, no Brasil, o que se negocia são associações centenárias, que possuem inúmeros donos – e eles não são os torcedores – geralmente endividadas, geridas por abnegados que adoram desculpas sem pé nem cabeça para justificar atrasos e problemas financeiros”, completou.
O especialista destacou ainda que é necessária uma consultoria que vá além das redes sociais, informações pouco confiáveis, achismo e falta de experiência. “Nem sempre o que parece bom é bom mesmo. Mas tudo que parece estranho é estranho mesmo”, argumenta. Na avaliação de Grafietti, os clubes precisam estar atentos ao modelo de negócios e ao perfil do parceiro, “trabalhando para proteger sua história, mas pensando em um modelo minimamente confiável, sem medo de dizer que sabem menos do que acreditam, e buscando ajuda de quem pode contribuir, e quem pode ajudar não são necessariamente marcas, mas pessoas”.