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Rodovias concessionadas são mais seguras, aponta estudo da FDC

Levantamento mapeia taxas de severidade de acidentes em rodovias federais públicas e concedidas e mostra que as últimas são mais seguras

rodovias seguras © - Shutterstock
por Redação 11 de julho, 2022
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Um estudo da Fundação Dom Cabral (FDC) mostra que as rodovias concessionadas são mais seguras que as rodovias que estão sob gestão pública. Intitulada “”Acidentes de Trânsito Registrados em Rodovias Federais Brasileiras de 2018 a 2021”, a pesquisa usou como base a informação disponível na seção de dados abertos do portal da PRF na internet. Foram estudados registros de 2018 a 2021, totalizando 264.196 acidentes, dos quais 99,4% ocorreram em rodovias sob jurisdição federal.

O levantamento inédito foi feito por meio da Plataforma de Infraestrutura em Logística de Transportes (PILT) e analisou os acidentes de trânsito registrados em rodovias federais pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). A conclusão do estudo é que as taxas de acidentes (TAC) e sua severidade (TSA) são consideravelmente maiores nas rodovias sob gestão pública do que nas concedidas. A pesquisa destaca ainda que o Brasil precisa urgentemente de fontes de financiamento públicos para melhoria de suas estradas.

Rodovias seguras podem ter alto tráfego

© – Shutterstock

O levantamento demonstra que as rodovias sob gestão pública apresentam risco de acidentes cerca de quatro vezes maior do que as rodovias concedidas. A conclusão foi feita por meio de um tratamento científico que reduziu a influência do Volume Médio Diário Anual (VMDA) do tráfego no trecho de ocorrência do acidente, amenizando o fato de que rodovias mais movimentadas tenderem a apresentar um maior número absoluto de acidentes.

“Acidentes acontecem em qualquer rodovia e, quanto maior o volume de tráfego, maior a possibilidade de acidentes”, pontua Paulo Resende, professor da FDC e um dos pesquisadores responsáveis pelo trabalho. Mas, segundo ele, o problema se agrava quando são consideradas as Taxas de Acidentes (que ponderam os números absolutos de acidentes pelo VMDA do trecho de ocorrência). Nesse caso, o percentual referente às rodovias sob gestão pública salta para 79,7%, ao passo que nas concedidas se reduz para 20,3%.

Ainda de acordo com ele, quando se considera – além do VDMA – a gravidade dos acidentes, a Taxa de Severidade nas rodovias sob gestão pública corresponde a 80,4%. Já nas concedidas o índice é de 19,6%. “Fica claro que os investimentos em segurança viária feitos nas rodovias concedidas são bem superiores àqueles executados nas estradas sob gestão pública”, argumenta Resende. “Mesmo considerando o fato de que as rodovias concedidas tendem a apresentar maior volume de tráfego no total de quilômetros por elas administrados, acidentes costumam ser bem mais graves nas rodovias sob gestão pública”, continua.

BRs 101 e 116 estão no topo do ranking com maior severidade

acidente rodovia
© – Shutterstock

O estudo traz ainda outro recorte importante, ao relacionar os estados brasileiros com maiores taxas de acidentes. Destacam-se o Rio Grande do Sul e Paraná que, além de apresentarem as maiores taxas percentuais relativas (TAC), também estão nas primeiras colocações nas taxas de percentuais relativas de severidade (TSA). Os dois são seguidos mais à distância por um segundo bloco composto por Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro.

Um penúltimo recorte analítico ressalta as rodovias federais com as maiores taxas de severidade: as BR 101 e BR 116 ocupam as duas primeiras posições, tanto em número absoluto de acidentes quanto nas taxas de acidentes e de severidade dos mesmos. Porém, é notável que a severidade das ocorrências é mais intensa em seus trechos sob gestão pública do que nos concedidos a empresas privadas.

Finalmente, um último recorte aborda a escala de severidade e seus respectivos percentuais nos anos de 2028 e 2021 (inicial e final da série analisada). As rodovias sob gestão pública acumulam elevadíssimo percentual das taxas de severidade dos acidentes (cerca de 80%, na média dos dois anos extremos), abarcando distintos tipos de danos (desde apenas materiais até perda de vidas), em comparação com as rodovias concedidas.

Nas rodovias concedidas, os percentuais da taxa de severidade correspondentes a cada tipo de acidente se mantêm nos dois anos em patamares baixos; ao passo que nas sob gestão pública, qualquer que seja o tipo de acidente, estes percentuais são sempre quatro vezes maiores que os verificados nas concedidas.

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