De acordo com uma pesquisa global da KPMG sobre diversidade nos conselhos de administração, sete entre dez executivos afirmam que o conselho em que atuam seria moderada ou totalmente diferente se a sua composição fosse revisada para atender às necessidades atuais e futuras do negócio. Esses mesmos sete também avaliam que a falta de diferentes pontos de vista dificulta a identificação de pontos cegos (gaps) sobre questões estratégicas.
Os entrevistados brasileiros, no entanto, são menos sensíveis ao tema, quando comparados a seus pares globais: para 58% dos respondentes locais, a diversidade do conselho é relevante ou muito relevante na avaliação e condução do papel social da empresa. Fora do Brasil, essa afirmação é feita por 73% dos executivos. Outro dado que mostra a necessidade de o tema ser mais explorado é que, considerando a estratégia de longo prazo da empresa, a expertise em tecnologia e estratégia digital é o tipo de diversidade mais procurado ativamente pelos conselhos no Brasil, segundo a pesquisa da KPMG.
Só 6% de CEOs são mulheres
O tema diversidade de gênero em conselhos administrativos também foi mapeado pela ONG Catalyst, cujo foco é a inclusão das mulheres no ambiente de trabalho corporativo. No estudo Women CEOs of the S&P 500, a instituição revelou que apenas 33 mulheres (6,6%) eram Chief Executive Officers no universo das 500 maiores empresas listadas no índice Standard & Poors.
Já a presença feminina nos conselhos de administração é maior, embora ainda distante da paridade: o estudo da Catalyst mostra que apenas 30% das organizações têm alguma cadeira ocupada por mulheres. Os dados são de janeiro de 2022. Recentemente, o caso de uma empresa voltada ao público feminino com conselho de administração composto só por homens reascendeu a pauta.
Para Erica Bamberg, conselheira, empresária e professora associada da Fundação Dom Cabral (FDC), esses estudos confirmam que o espaço ocupado por mulheres em conselhos administrativos ainda é tímido. “Vejo dois fatores importantes para esse avanço: o primeiro está relacionado à migração de carreira, sobretudo as mulheres formadas e com experiência em conselhos. Isso está em evolução bem acelerada. O segundo fator está no entendimento e maturidade das organizações sobre os benefícios em adotar a agenda para a diversidade”, explica.
De acordo com ela, independente da pessoa presente nesse tipo de fórum, o papel do conselho é ampliar debates e preparar a organização para desafios já conhecidos ou que possam surgir. “Qualquer conselheiro precisa estar muito bem preparado, capacitado para ocupar essa posição e, principalmente, com atitudes respeitosas a voz de todos ali presentes”, reforça. Os ganhos da diversidade, no entanto, são claros segundo ela.
Erica também pontua por onde começar o processo de diversidade: “colocar o tema em pauta será o primeiro caminho para iniciar debates para compreender as vantagens e potenciais retornos em adotar e as desvantagens e perdas de não adotar mulheres no conselho”, conclui.