A crise hídrica que ameaça a economia brasileira em 2021 pode impactar também nos resultados das empresas no ano que vem. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a questão já é um problema no radar das corporações. O sinal vermelho começa na agricultura e segue para a indústria, elevando os custos de produção, o que leva ao aumento da inflação. A última etapa é chegar ao consumo das famílias, que poderão ainda ser diretamente afetadas pelo provável racionamento de energia.
De acordo com a Folha, os impactos da crise já teriam refletido no resultado do PIB do segundo trimestre do ano, que recuou 0,1% em função de prejuízos com o clima. O impacto também vem sendo mapeado pelo mercado financeiro, caso da gestora de investimentos Rio Bravo, cuja avaliação indica que a crise hídrica é um risco para a inflação e também para o crescimento econômico do Brasil. Para o economista João Leal, da gestora, não há sinal forte de melhoria no curto prazo.
Já há regiões em emergência hídrica
Outro alerta vem de Luiz Eduardo Barata, ex-diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Para ele, as medidas de mitigação de risco tomadas pelo governo federal têm demorado muito e são tímidas. De acordo com a matéria da Folha, Barata avalia que o consumo de energia tem aumentado e não reduzido e é possível que o país não tenha condições reais de atender a demanda de energia nos meses de outubro e novembro. No Paraná, por exemplo, a região da Grande Curitiba está em situação de emergência hídrica.
Do lado empresarial, a preocupação é grande. O jornal cita uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que aponta que nove, entre dez empresários da indústria, relatam preocupação com a escassez de chuvas. Outro indicador é a compra de geradores elétricos: a procura teria dobrado em 2021 comparado a 2020, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).