close

4 áreas serão mais afetadas pela IA no setor público, mapeia professor

Paulo Vicente entende que surgirão desafios éticos na administração pública, mas isso não deve limitar o avanço do trabalho com IA

Paulo Vicente IA © - Shutterstock
por Redação janeiro 4, 2024
  • Inovação e transformação digital Mais informações
    Inovação e transformação digital

A Inteligência Artificial trará muitos desafios para a iniciativa privada e para a administração pública. Esse é o alerta feito por Paulo Vicente Alves, professor de Estratégia da Fundação Dom Cabral (FDC), em podcast gravado com o especialista em comunicação da FDC, Thomaz Castilho. Para Vicente, quatro áreas serão mais afetadas pela IA no setor público: saúde, educação, segurança e transporte, com as quais é preciso tomar mais cuidado. Mas a IA deverá gerar gratas surpresas ao longo de sua implantação.

Paulo Vicente disse que a IA “está chegando cada vez mais forte no setor privado e no setor público, onde vai criar muitas oportunidades e também ameaças e dificuldades na questão de ética”. Mas a surpresa é que Tomaz Castilho leu um trecho de um texto de Paulo Vicente sobre a IA que fala em “uma onda de destruição criativa, que deve levar à criação de milhões de empregos, que vão exigir novas habilidades e novas possibilidades das pessoas e das organizações.”

Mais empregos poderão ser criados

“Há muito medo de a IA destruir empregos. Mas, historicamente, nos processos de destruição criativa, são criados de dois a quatro empregos para cada emprego destruído. Isso é um processo nada óbvio, mas aconteceu com a telefonia celular, quando ela passou a se tornar popular e o produto foi barateado”, disse Paulo Vicente.

Para o professor, estamos numa fase similar há 40 anos atrás, quando os primeiros computadores começaram a ser usados, numa programação básica. Foi preciso um tempo para se acomodar os softwares mais sofisticados. A máquina não cria, ela ajuda a resolver. “Estamos a uma distância de uns cinco anos disso, de reunir o melhor do homem e o melhor da máquina. E daqui a dez anos, já haverá uma massa de trabalhadores que saibam lidar com a IA, o que a tornará mais barata”, afirmou Paulo Vicente.

Para ele, quando se fala de IA, estamos no meio de uma revolução e as pessoas vão ter de passar por uma curva ascendente de aprendizagem.

IA no dia a dia, segundo Paulo Vicente

© – Shutterstock

“Acho que tem gente que vai se assustar, tem gente que não vai se adaptar. Mas tem gente que vai achar tudo tranquilo. Acho que a maioria vai se adaptar no dia a dia. Se pensarmos bem, é uma adaptação mais fácil do que sair de uma máquina de escrever para um computador”, classificou o professor.

Mas o professor sinalizou que será preciso uma boa dose de ética na administração pública para o emprego da IA. Ele explica que se baseia num conceito em inglês – “Fates” – ou “destinos” em português para sustentar a aplicação da IA na administração pública.

“Fates” é “fairness”, “accountability”, “transparence”, “ethic”, e “security”. Quer dizer que é preciso ter justiça, responsabilidade, transparência, ética e segurança. O sistema público precisa ter esses cinco itens. “Eu quero fazer um ChatGPT, por exemplo. Mas eu não fiz o texto. Isso é justo? Estou roubando o direito de alguém? Não está claro o que é justo e o que não é justo. Há vários questionamentos, não há um padrão de ética global, ela não é totalmente homogênea”, pondera Paulo Vicente.

Ele compara essa falta de homogeneidade global à situação da transfusão de sangue no Brasil. É uma técnica dominada há décadas, aceita no geral, mas alguns grupos étnicos e sociais não aceitam. “Eles estão errados? Não. É a ética deles, a religião deles”.

Paulo Vicente finaliza com a lógica de que “não se sabe qual a nova ética que vai surgir em torno da IA globalmente”.                                                                                




Os assuntos mais relevantes diretamente no seu e-mail

Inscreva-se na nossa newsletter