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Impacto positivo e legados sustentáveis
As organizações não governamentais (ONGs) enfrentam como principal desafio a busca constante de equilíbrio econômico-financeiro, o que requer uma gestão profissionalizada e a definição de um modelo de governança. O diagnóstico foi feito por Romenio Santos, professor associado da Fundação Dom Cabral e orientador técnico do Programa de Organizações Sociais (PILARIS) da FDC, que capacita ONGs rumo a uma trajetória economicamente saudável. O trabalho ganhou destaque com a inclusão de sete organizações acompanhadas pela FDC no prêmio ‘As 100 Melhores ONGs do Brasil’, realizado pelo Instituto Doar, em parceria com O Mundo Que Queremos e apoio da Ambev.
Romenio Santos explica que as ongs são selecionadas para participar do programa a partir de um estudo de maturidade, que avalia gestão, porte e volume de recursos administrados. O trabalho se dá por meio da construção de um planejamento estratégico, ferramenta fundamental para todas as organizações, com ou sem fins lucrativos. Ele ocorre também com a utilização de ferramentas de gestão e governança, capacitação dos executivos e compartilhamento das melhores práticas.
O professor afirma que, a partir do aperfeiçoamento do seu modelo de gestão, uma ong se torna apta para gerir de forma mais eficiente os recursos disponíveis e para melhorar a oferta de serviços e produtos. Isso, em consequência, potencializa o impacto positivo que a organização entrega para a sociedade.
As ONGs premiadas
As sete vencedoras do Prêmio 100 Melhores ONGs do Brasil atendidas pela Fundação Dom Cabral firmaram parceria com a FDC há um bom tempo. São elas:
- Associação Mineira de Reabilitação/AMR (Desde 2019)
- ChildFund Brasil Fundo para Crianças (Desde 2009)
- Federação das APAES (Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais) do Estado de São Paulo/FEAPAES-SP (Desde 2016)
- Instituto Jô Clemente (Desde 2013)
- Instituto Ramacrisna! (Desde 2008)
- Salesianos/Inspetoria São João Bosco (2015)
- Rede Cidadã (Desde 2012)
Cursos de robótica, mecânica e até uma orquestra
Fundado em 1959 pelo jornalista Arlindo Corrêa da Silva, o Instituto Ramacrisna transforma a vida de crianças, jovens e famílias por meio da profissionalização, aprendizagem em oficinas e implementação de ações para o desenvolvimento da população em vulnerabilidade social. Além de complementar a educação escolar, as atividades apresentam o mundo da tecnologia, esportes e cultura a esse público. Trata-se de um trabalho que, em seis décadas, já impactou a vida de quase 2 milhões de pessoas, de 13 cidades da Grande Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Há projetos voltados para crianças e jovens, que promovem o desenvolvimento humano, cultural, social e ambiental. Biblioteca, orquestra e produtora de vídeo estão entre as iniciativas que trabalham potencialidades e integram famílias e comunidades do entorno.
Os cursos profissionalizantes vão de robótica a mecânica de automóveis, criando oportunidades de qualificação para jovens e adultos.
Em 14 anos, estratégias de gestão avançaram
Os números do instituto impressionam. A instituição calcula que, desde a fundação, mais de 1,8 milhão de vidas foram transformadas. Anualmente, são 7 mil alunos capacitados nos cursos profissionalizantes e 3 mil adolescentes aprendizes.
Solange Bottaro, vice-presidente da Ramacrisna, explicou que em 2008, quando entrou para o Programa de Gestão para Organizações Sociais (PILARIS), o instituto iniciou parceria com a FDC visando potencializar as estratégias de gestão, desenvolver visão sistêmica em governança e capacitar os gestores na implementação de ferramentas gerenciais e melhoria de processos internos.
“Nestes últimos 14 anos, a ONG tem alcançado os melhores resultados na obtenção de recursos, credibilidade junto aos parceiros, melhoria na qualidade do atendimento e número de pessoas beneficiadas”, diz.
Faturamento de fábrica de telas aumenta 71%
A melhoria da governança, por meio da parceria com a FDC, propiciou ao projeto de auto sustentabilidade da ONG – a Fábrica de Cercas Ramacrisna, fundada em 1975 – um desempenho potencializado, devido à melhoria dos processos de gestão. Apesar da pandemia de Covid-19, o faturamento da fábrica em 2021 aumentou 71% em relação a 2020. O lucro obtido com as vendas é destinado ao setor social da ONG.
Solange destaca que um dos principais ensinamentos do programa da FDC é a importância da elaboração de um Planejamento Estratégico, sempre antes de finalizar o ano, com metas claras e desafiadoras, mas não impossíveis de serem alcançadas. “Também percebemos a importância da qualificação contínua da equipe, que promove resultados mais objetivos, alcance das metas, maior integração dos setores e mais qualidade de vida dos profissionais”, afirma.
Ramacrisna atende 10 ODS da ONU
O Instituto Ramacrisna contribui com 10, dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: erradicação da pobreza (1); saúde e bem-estar (3); educação de qualidade (4); igualdade de gênero (5); energia limpa e acessível (7); trabalho decente e crescimento econômico (8); indústria, inovação e infraestrutura (9); redução das desigualdades (10); consumo e produção inteligentes (12); e paz, justiça e instituições eficazes (16).
A premiação de instituições como a Ramacrisna é muito relevante, uma vez que o Brasil tem nada menos que 800 mil ONGs. O Instituto Doar, realizador do prêmio, tem por missão ampliar a cultura de doação no Brasil e, desde 2013, promove a conscientização de indivíduos e instituições através de ações como o Dia Nacional da Doação (Dia de Doar), o Selo Doar (certificação para ONGs) e o Prêmio Melhores ONGs.
