O setor financeiro nunca esteve tão envolvido com a sustentabilidade como agora. Essa é uma das conclusões do e-book ESG: um olhar do mercado financeiro para a sustentabilidade, editado pela Fundação Dom Cabral (FDC). A tendência de valorização do ESG, sigla para políticas de responsabilidade ambiental, social e de governança, começou em 2004, quando um grupo de 20 instituições financeiras, responsáveis pela gestão de mais de US$ 6 trilhões de ativos, endossou a iniciativa patrocinada pelo Pacto Global da ONU e o Banco Mundial, intitulado Who Care Wins.
Para o professor Carlos Braga, da FDC e organizador do e-book, o volume de investimento ESG a nível global teria atingido US$ 35,3 trilhões e os ativos de investimento sustentável continuam a crescer em todas as regiões. Ele destaca, na publicação, que os Estados Unidos e a Europa ainda representam mais de 80% do total. Além de editor, Braga é um dos dez autores que participaram do livro.
De acordo com ele, embora os investidores institucionais tendam a dominar o setor financeiro, o interesse de investidores de varejo em aportes sustentáveis vem crescendo continuamente (em 2020, os investidores institucionais detinham 89% dos ativos).
Associação do mercado financeiro contabiliza fundos ESG
No Brasil, os investimentos ESG ainda são pequenos, mas têm crescido. O e-book traz informações da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), as quais indicam que os fundos brasileiros categorizados como ESG possuem R$ 7 bilhões em ativos sob gestão, o que representa aproximadamente 1% da indústria local de fundos de ações.
“As entradas aceleraram desde 2019, quando essa classe de ativos somava R$ 5 bilhões, mas ainda são números pequenos quando comparados à captação de fundos de ações, da ordem de R$ 190 bilhões no mesmo período”, explica Braga no artigo de abertura do livro eletrônico.
E-book traz vários aspectos de ESG para o mercado financeiro
Com dez artigos e duas entrevistas, o e-book praticamente faz uma varredura de temas onde o setor financeiro interage com as políticas de ESG, desde traçar um panorama dos investimentos sustentáveis no Brasil até mostrar como funciona um investimento de impacto. Assuntos ainda pouco conhecidos como os fundos temáticos e a interação das políticas de ESG com as finanças corporativas também foram detalhados, além da participação dos chamados Family offices na agenda de sustentabilidade. A necessidade de um marco regulatório para o ESG e a participação dele na estrutura de capital das empresas também faz parte das discussões.