Um novo perfil – o de liderança adaptativa – é o modelo proposto pelos pesquisadores Denise Leite e Paulo Almeida para a gestão pública. Segundo eles, a prática de uma liderança adaptativa é, atualmente, uma necessidade urgente e uma competência a desenvolver para a gestão pública. “Acreditamos que o setor público necessita de líderes que não hesitem em mudar o rumo do que foi planejado, quando percebem que a realidade não se apresenta como prevista, necessitando passar de um mindset fixo para um mindset de crescimento, tornando-se lideranças capazes de mobilizar pessoas para avançarem frente aos novos desafios”, destacam.
Na prática, a liderança adaptativa tem como objetivo determinar quais atividades públicas se manter e quais adaptar e transformar. Uma vez feito isso, ela procura desenvolver novas práticas, elaborando e testando protótipos e alinhando pessoas em uma organização, a fim de garantir uma execução eficaz e facilitar a integração de novas atividades com as antigas.
“A liderança adaptativa sugere que as pessoas adotem novas competências que irão orientar as organizações”, explicam os dois pesquisadores no artigo Liderança adaptativa e seu impacto na gestão pública, escrito para a revista Dom Contexto, da Fundação Dom Cabral (FDC), na qual ambos são professores.
Liderança adaptativa na prática
Os especialistas também avaliam que é necessário que as lideranças trabalhem o seu capital social, definido como vantagem competitiva criada com base na maneira como um indivíduo está conectado a outros, incluindo pessoas e organizações.
Denise e Paulo Almeida argumentam que as organizações públicas brasileiras necessitam promover iniciativas estruturadas de alinhamento de sua alta liderança com a digitalização e a inovação. Outra demanda é fazer uma avaliação para implementar estruturas de recompensa específicas, que promovam os objetivos digitais, enquadrando estes em processos de transformação e de adaptação de suas lideranças.
Os articulistas ainda se manifestam a favor de uma transformação da cultura organizacional das organizações públicas no Brasil, direcionando-as para a inovação e para a agilidade nos processos de aprendizagem e tomada de decisão.
“A quebra de silos e a abertura de canais de comunicação intraorganizações públicas se apresenta igualmente como uma das necessidades atuais, no contexto organizacional público brasileiro”, complementam os dois pesquisadores. Para eles, a promoção de mecanismos de troca de informação e de compartilhamentos de dados, bem como de uma visão mais sistêmica e integradora dessa informação, será outro elemento a considerar no desenvolvimento de uma liderança pública orientada por dados e por uma estratégia compartilhada.