O mercado de TI sofre com a falta de mão de obra qualificada em praticamente todo o mundo, incluindo o Brasil, o que tem levado empresas a procurar candidatos fora de seu país. Não é raro que um brasileiro seja contratado por uma empresa estrangeira e receba em dólar ou euro. E essa “guerra de talentos” faz com que as empresas tenham de repensar a forma que buscam candidatos.

Segundo Tatiana Chebat, managing consultant da divisão de Tecnologia da Robert Walters Brasil, as empresas de tecnologia precisam investir em programas preparatórios e cursos para profissionais que querem migrar para essa área. Além disso, é preciso olhar para quem tem menos experiência. “Hoje, eu vejo muito mais vagas sêniores do que juniores, então a ideia seria equilibrar esse número”, disse.

O maior desafio é o fato de o mercado estar tão competitivo que os salários estão extremamente inflacionados. Isso piora com o fato de empresas brasileiras competirem a mão de obra qualificada nacional com empresas do exterior, que pagam em euro ou dólar.

Processo seletivo contra a “Guerra de Talentos”

Outro problema está no processo seletivo, que muitas vezes é demorado e burocrático, o que pode criar uma ruptura no interesse do candidato e fazê-lo desistir no meio do caminho. Geralmente, o mesmo candidato participa de dois ou três processos seletivos ao mesmo tempo. “Se o processo durar mais de três semanas, a possibilidade de perder um bom candidato é grande”, disse Tatiana.

Por esse motivo, ela aconselha que o processo seletivo tenha três etapas: (1) entrevista com RH para entender se há conflito cultural, (2) entrevista técnica com alguém do time ou do próprio gestor e (3) entrevista final com o gestor.

A retenção de talentos também tem de ser pensada. Como tecnologia é um mercado dinâmico e mais competitivo do que outras áreas, é preciso elaborar uma estratégia bem definida de retenção. Algumas ideias de retenção é conceder bônus para profissionais que estão há mais tempo na empresa, além de ter um acompanhamento próximo e entender quais são as motivações de cada profissional. Benefícios, remuneração competitiva e um ambiente de trabalho flexível também são indispensáveis.