O Brasil começa a captar recursos, em especial estrangeiros, para a transição energética. No G20, no fim de fevereiro, o Ministério da Fazenda apresentou o programa Eco Invest Brasil, que visa incentivar a entrada de capital estrangeiro no país para investimentos em transição energética. A maior fatia de recursos virá do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que irá desembolsar no programa um total de US$ 5,4 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões) – sendo US$ 2 bilhões em linhas de crédito e US$ 3,4 bilhões para cobertura cambial. 

O Brasil também foi elogiado recentemente pela diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que disse que o país é “uma potência em energia renovável”. Em outra iniciativa, o governo brasileiro anunciou um fundo de até R$ 1 bilhão para investimentos em projetos de minerais estratégicos para a transição energética.

Participação do BID 

No caso do programa Eco Invest, também chamado de Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, parte dos recursos virá do Fundo Clima, além da fatia de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) que virá do BID. O Banco Mundial deve alocar US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões). O objetivo da Fazenda é que as quatro linhas de crédito do programa alcancem entre US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões por ano. 

Um dos focos do Eco Invest é estabelecer proteções cambiais que diminuam os riscos relacionados à volatilidade do câmbio, o que o governo entende ser uma das principais barreiras para entrada de fluxo de estrangeiro no Brasil.

Política de eixos estratégicos

Foto: Diogo Zacarias/ Ministério da Fazenda

Durante a apresentação do Eco Invest, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o programa faz parte do eixo de “Finanças Sustentáveis”, previsto no Plano de Transição Ecológica, apresentado no ano passado pelo governo.

“Estamos cumprindo esse eixo. Não estamos criando um mosaico de coisas para cá e acolá para ver se dá certo. Temos eixos estratégicos para o qual levaremos esses investimentos”, afirmou a ministra. 

Diretora do FMI vê potencial brasileiro

Em São Paulo, Kristalina Georgieva participou de painel do G20 “Inovação Financeira para o Clima e Desenvolvimento” ao lado de Dario Durigan (1º da esquerda), Ajay Banga (2º) e Ilan Goldfajn (3º)
– Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O Eco Invest Brasil foi elogiado pela diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, em sua primeira visita ao país, por ser uma iniciativa que busca ampliar a oferta de proteção cambial para projetos ambientalmente sustentáveis. Georgieva elogiou o crescimento econômico do Brasil em geral, mas disse que o país pode fazer mais para atrair capital, apoiar o potencial humano e aproveitar suas fontes de competitividade, entre as quais a “energia verde abundante”.

“O Brasil tem uma enorme vantagem comparativa na nova economia climática e está posicionado para uma transformação ecológica que pode criar novas oportunidades industriais. O país é uma potência em energia renovável, o que significa que, em um mundo que está se esforçando para tornar as indústrias verdes, ele pode ser um polo muito atraente”, disse a diretora do FMI. 

Minerais para a transição energética

Foto: Ricardo Botelho/Ministério das Minas e Energia

Em outra iniciativa, o governo anunciou um fundo, ligado ao Ministério das Minas e Energia e ao BNDES, que prevê R$ 1 bilhão de investimentos em projetos de minerais estratégicos para a transição energética. Serão priorizados os minerais para transição energética e descarbonização, como cobalto, cobre, estanho, grafita, lítio, manganês, nióbio, silício, titânio, tungstênio, urânio e zinco. 

Muitos desses minerais são usados na geração de energia eólica, usinas solares fotovoltaicas e abastecimento de carros elétricos.

BNDES investirá R$ 250 milhões na transição energética

“Não há transição energética sem mineração e sabemos que o Brasil, com seu amplo território, diversidade geológica e riqueza mineral, será protagonista”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em comunicado sobre o fundo.

O BNDES vai aportar até R$ 250 milhões no fundo, com participação limitada a 25% do total. Os demais recursos são esperados de outros investidores nacionais e internacionais. O capital poderá ser utilizado por empresas júnior e de médio porte com projetos de pesquisa mineral, desenvolvimento e implantação de novas minas de minerais estratégicos no Brasil. A ideia é que o fundo invista em 15 a 20 empresas.