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Startup desenvolve modelo inovador para prevenção à cegueira

Healthtech conecta profissionais de saúde a pacientes, oferecendo atendimento com preço acessível

estacao do olho © - Shutterstock
por Redação fevereiro 26, 2024
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A deficiência visual é uma das principais causas de incapacidade no mundo, afetando mais de 300 milhões de pessoas, de acordo com a Lancet Global Health. No Brasil, o acesso à saúde ocular de qualidade é desigual: apenas um quarto da população tem acesso à saúde suplementar, estimando-se que em torno de 1,6 milhões de pessoas sejam consideradas como portadoras de cegueira ou baixa visual severa, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

Os efeitos desses números, como mostra um artigo científico publicado na eClinicalMedicine, são grandes. Estima-se, por exemplo, que as doenças oculares e suas sequelas são responsáveis pela redução da produtividade entre 15 e 64 anos, ocasionando aumento das taxas de desemprego em até cerca de 30% nos grupos com deficiência e um prejuízo econômico de aproximadamente 410,7 bilhões de dólares por ano.

Inovação oftalmológica

Para minimizar esse cenário, um empresário desenvolveu a healthtech Estação do Olho. O projeto nasceu durante o Executive MBA da Fundação Dom Cabral, quando o médico oftalmologista Gustavo Novais convidou o amigo também oftalmologista Bruno Fernandes, ambos PhDs que estudaram na universidade McGill em Montreal no Canadá, para colocar em prática a ideia de uma estação de triagem oftalmológica focada na prevenção da cegueira. 

Gustavo Novais (Foto: Divulgação)

A Estação do Olho inova em prol da saúde ocular, empregando tecnologias avançadas para a realização de exames oftalmológicos detalhados. O objetivo é a detecção precoce de condições que possam comprometer a visão, como catarata, glaucoma, degeneração macular relacionada à idade, retinopatia associada ao diabetes e à hipertensão, ceratocone, além de erros refrativos não corrigidos.

Segundo os especialistas da startup, os pacientes são meticulosamente avaliados através de um exame de acuidade visual, associado a outros exames oftalmológicos através de um aparelho multifuncional de última geração. Este equipamento permite a realização simultânea de múltiplos testes, incluindo a medição da refração, aferição da pressão intraocular e topografia corneana e imagens fundoscópicas para análise da retina e do nervo óptico.

Imagem gerada por Inteligência Artificial (Íris Azul)

Com o auxílio da inteligência artificial, que está sendo desenvolvida para gerar agilidade e potencializar a escalabilidade do projeto, um exame detalhado e a interpretação de dados farão com que os oftalmologistas da Estação do Olho possam identificar sinais precoces de patologias oculares. Isso possibilita o encaminhamento eficiente dos pacientes para os especialistas apropriados, garantindo um diagnóstico confirmatório e a instituição de um tratamento precoce e assertivo. 

Pilares estratégicos da Estação do Olho

© – Shutterstock

De acordo com Gustavo Novais, CEO da Estação do Olho, o projeto apresenta de maneira pioneira uma visão inovadora para a saúde ocular no Brasil. “Nosso projeto é estruturado em três pilares estratégicos, destinados a remodelar o acesso e a qualidade do cuidado ocular no país”, adianta ele.

O primeiro diz respeito à implementação de estações de triagens oftalmológicas gratuitas em larga escala, promovendo a inclusão e democratizando o acesso a diagnósticos de qualidade. Esse pilar, explica Novais, é essencial para compilar dados robustos sobre doenças oculares prevalentes nas comunidades menos favorecidas, estabelecendo um novo paradigma no tratamento e prevenção da saúde visual. “Integrando a tecnologia e a inteligência artificial, a Estação do Olho facilita uma conexão eficaz entre pacientes e médicos especializados, proporcionando diagnósticos precoces e intervenções ágeis em condições que poderiam resultar em cegueira”, diz.

O segundo pilar enfatiza a importância da educação, gerando e disseminando conteúdo de qualidade. Através de canais de comunicação, a Estação do Olho oferece recursos educativos focados na saúde ocular e na prevenção da cegueira, contribuindo para o enriquecimento do conhecimento público.

Já o terceiro pilar visa fomentar o engajamento comunitário na prevenção das doenças oculares. Essa iniciativa busca conscientizar sobre o impacto positivo que uma abordagem preventiva pode ter no bem-estar e na produtividade dos indivíduos. 

Complementarmente, informa a Estação do Olho, foi criado um instituto para angariar fundos. Trata-se de uma medida estratégica para subsidiar consultas e tratamentos oftalmológicos para aqueles que não têm condições de arcar com serviços de qualidade, segundo Novais. 

Como funciona a Estação do Olho

A startup desenvolveu uma plataforma temática e interativa que está estrategicamente situada em shoppings centers de alta circulação, a fim de facilitar o acesso a serviços de triagem ocular para populações que tradicionalmente possuem acesso  limitado a cuidados de saúde visual.

O processo de triagem é projetado para ser eficiente e simples, e é totalmente gratuito, justamente para superar barreiras econômicas. Cada paciente passa por uma avaliação ocular meticulosa, após a qual os resultados são analisados por médicos oftalmologistas com o suporte de tecnologia de inteligência artificial avançada, que está sendo desenvolvida de maneira personalizada.

Após a triagem, os pacientes são informados de que seus resultados estão disponíveis e os relatórios de risco para doenças oculares podem ser acessados por meio da plataforma digital da Estação do Olho. 

Foto: Divulgação

O passo seguinte é o contato por uma rede de oftalmologistas parceiros, todos selecionados e credenciados, garantindo um encaminhamento eficaz para o cuidado especializado subsequente.

A Estação do Olho oferece um sistema de benefícios complementares para quem se tornar assinante, proporcionando descontos em consultas médicas, óticas, laboratórios e farmácias. Segundo os gestores da startup, essa iniciativa não apenas torna o cuidado oftalmológico mais acessível, mas também integra os pacientes a um ecossistema abrangente de bem-estar, reafirmando seu compromisso com uma comunidade mais saudável e produtiva.
Cada estação da Estação do Olho será equipada para realizar entre 1,5 e 2 mil exames oftalmológicos por mês. As informações colhidas nesses exames são utilizadas para aprimorar o entendimento do perfil epidemiológico das doenças oculares predominantes no Brasil. “A análise aprofundada desses dados permitirá o desenvolvimento e a implementação de campanhas de saúde ocular direcionadas, bem como a formação de parcerias estratégicas, visando ampliar o alcance e a eficácia das iniciativas de prevenção e tratamento”, informa a empresa.
O projeto da Estação do Olho está em sua etapa conclusiva de desenvolvimento, com o lançamento da primeira unidade física de triagem oftalmológica previsto para o começo do segundo semestre de 2024. 

Para ganhar tração enquanto a estação não vai para a rua, os sócios apostam na divulgação de conteúdo educativo sobre a saúde ocular através de diferentes canais de comunicação, além de um pré-cadastro de pacientes e parceiros em sua plataforma digital.

De acordo com o professor Eduardo Penna, que orientou o projeto e o plano de negócios da healthtech, a Estação do Olho é um exemplo de como a tecnologia pode ser usada para melhorar o acesso a serviços de saúde de qualidade. 




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