Conhecimento multidisciplinar, habilidades interpessoais e vivência em várias funções e setores são características cada vez mais valorizadas para preencher os cargos na alta direção. “Vemos executivos que chegam com uma ampla variedade de experiências, com ênfase e foco na avaliação de seus soft skills e menos centrados nas credenciais mais tradicionais das gerações anteriores”, consta no relatório State of C-Level and Excutives, do Economic Graph, divisão de pesquisas do LinkedIn.
O estudo americano é baseado na análise de perfis de diretores e vice-presidentes da S&P 500 (lista das maiores corporações nos EUA) e de unicórnios (empresas de rápido crescimento). Entre as descobertas, o percentual de soft skills listado nos perfis de executivos aumentou 31% entre 2018 e 2023. As maiores ocorrências são apresentação, storytelling e pensamento estratégico.
Nos perfis de mulheres, 13,8% das competências listadas são soft skills, contra 11,5% entre os homens. No total da amostragem, no ano passado 13% das competências listadas pelos executivos contratados eram técnicas, contra 14,7% em 2018.
Embora os líderes exijam habilidades com IA, como redação de prompts e uso de co-pilotos, apenas 1% acrescentaram esses itens em seus perfis, contra 28% no resto da força de trabalho.
Várias trilhas até a liderança

As mudanças nas expectativas dos profissionais e a própria transformação na visão de “carreira” ocorrem não apenas por parte dos empregados, mas também mudam as abordagens dos decisores. Hoje, a ascensão já não é linear como costumava ser. O percentual de líderes que trabalharam em um único setor caiu de 89,2% em 2018 para 66% em 2023. Os que trabalharam em uma única área caíram de 86,9% para 59,4%.
Em 2018, pouco mais de metade (50,8%) dos diretores vieram de promoções internas, o que caiu a 46,2% no ano passado.
Entre as mulheres, a diversidade de experiência profissional é ainda maior. 26.8% das executivas já trabalharam em outros setores, contra 24% entre os homens. E mais: 42,1% delas já exerceram várias funções, pouco mais do que os 39,4% entre os homens. “Esses números indicam que uma experiência diversificada se torna mais importante para as lideranças”, conclui o relatório.
Entre funções com maior crescimento entre 2022 e 2023, se incluem cargos relativamente novos, como Chief Data Officer, no topo, e Chief People Officer. Segundo o relatório, isso mostra que companhias priorizam conhecimento sobre IA, dados e privacidade, além de habilidades de gestão de pessoas.
Diversidade de gênero e diretores mais jovens

Nos últimos 5 anos, aumentou em 10% número de mulheres em cargos de liderança e, hoje, a presença feminina nos times executivos subiu de 34,8% em 2018 para 38,5%. Com base nessa tendência, o relatório prevê que é possível chegar à equidade em 2036.
Esses dados convergem com as descobertas do relatório Avanços e barreiras de gênero às lideranças globais, que registra 41,9% de mulheres no total de trabalhadores e 37,4% nos cargos de diretoria e acima.
A proporção entre a Geração X e os Millennials praticamente se equilibra em 2023, 45,7% e 44,8% respectivamente, e o relatório prevê que em 2025 as pessoas nascidas após meados da década de 80 serão maioria nas diretorias.
Reequilíbrio de técnica, talento e vivência
Os critérios de comparação baseados em titulação acadêmica continuam, mas as companhias apostam em investimentos no desenvolvimento intelectual e técnico das pessoas com personalidade e experiência alinhadas aos novos desafios da organização e do mercado.
Nos últimos cinco anos, conforme o relatório, aumentaram 12,6% as nomeações de altos executivos sem sequer um título de graduação.
Essa tendência identificada no topo das organizações se alinha a outro estudo do Linkedin, o Economic Graph. “O atual mercado de trabalho está cheio de oportunidades perdidas, quando candidatos incríveis não são considerados para cargos em que poderiam impactar positivamente as empresas, a economia e a sociedade. Em um cenário de turbulência econômica global e desigualdade crescente, há uma necessidade urgente de repensar como nós preparamos a força de trabalho para os empregos do futuro e combinamos talentos com oportunidades de forma mais eficiente e equitativa”, afirma Sue Duke, diretora de políticas globais do LinkedIn, no relatório Skills-First: Reimaginando o Mercado de Trabalho e Quebrando Barreiras.